Universo Escolar
 

Atitudes e Saberes Conjugados - 18/05/2011
Izabel Sadalla Grispino

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A escola de hoje atua dentro de conceitos abrangentes em benefício da educação integral do aluno, conceitos que vão além da transmissão do conhecimento. Ao lado do conceito “sujeito de direito”, assunto por mim abordado anteriormente, ela trabalha, por exemplo, o conceito de saúde alimentar.

Preocupada com a saúde da criança e com problemas de obesidade, acarretando, já na infância, alta de colesterol e de triglicéride, provocando doenças cardíacas e renais, passa princípios de boa nutrição. Ensina alunos, pais e comunidade escolar a importância de uma comida balanceada.

As cantinas são orientadas a substituírem lanches, como hamburgueres, batata frita, frituras em geral, alimentos de alto teor calórico, refrigerantes, por sucos naturais, por pouco doce e por salgadinhos menos gordurosos.

Em casa, os pais devem estar atentos a certas atitudes, como: “Tome toda a sopa ou coma a salada para ganhar a sobremesa”. Passa a ideia de que tomar sopa não é gostoso, mas a sobremesa é o máximo! A criança pode passar a não gostar de sopa a vida toda. Do mesmo modo, tornar a ida à lanchonete um programão, faz a comida de casa ficar meio sem graça.

É bom lembrar de que se deve educar pelo exemplo. Os jovens prestam mais atenção nos atos dos adultos que em suas palavras. Crianças que desde cedo estão acostumadas a ver pela casa frutas e verduras, sucos naturais e pais que não são sedentários terão mais facilidade em desenvolver um estilo de vida adequado.

Hipócrates, médico grego, tido como o pai da medicina, já dizia: “Somos o que comemos”. Muito além da preocupação com a obesidade, precisamos estar atentos à nossa saúde. A medicina, hoje, confirma que a alimentação saudável previne uma série de doenças crônicas degenerativas, como o câncer ou o diabetes.

Em termos de saúde, outra preocupação da escola recai sobre a postura correta do aluno, o peso, nas costas, das mochilas, que tanto afeta a coluna vertebral. É um trabalho de educação que quer que o aluno se sinta amado, protegido. Geralmente, as crianças não verificam quais as aulas do dia e acabam levando para a escola o material de todas as disciplinas, aumentando o peso nas costas.

Essa é uma característica que deve ser trabalhada por pais e professores porque o aluno pode carregar, na mochila, no máximo 10% de seu peso, conforme recomendam os ortopedistas pediátricos. Mais que isso, pode causar vícios de postura, dores musculares, lombalgia e até problemas no crescimento, revelam estudos ortopédicos.

Entre as crianças pequenas, as mochilas pesam pouco, o problema é maior entre alunos das últimas séries do ensino fundamental e médio, devido ao aumento do número de disciplinas e consequente aumento do número de livros. Nessa faixa de idade, os alunos, de um modo geral, recusam-se a levar mochila com rodinha porque acham que é coisa de criança e acabam apresentando dores frequentes na coluna.

A diversificação educacional faz da escola de hoje uma instituição vista como a grande auxiliadora no entendimento das reações humanas e psicológicas do aluno. Aborda problemas comportamentais de muita ajuda aos pais, como, por exemplo, educar para a verdade. Entra num terreno bastante vivenciado pelos pais, como o fato de mentir, e que faz parte do comportamento infantil.

As crianças mentem, seja para expressar um desejo ou esconder um malfeito. Elas fazem uso desse artifício por se sentirem inseguras em dizer a verdade. O que mais querem é ser amadas e aceitas, sempre. Quando isso acontece, a orientação é de dar atenção, de ter firmeza e diálogo para trazer as crianças de volta ao caminho da verdade.

Mostrar o que é correto com firmeza, explicar-lhes que para se viver em sociedade regras devem ser cumpridas. A preocupação com a mentira é tão importante como a forma de se relacionar e de entender a mensagem da criança que está nas atitudes. Fantasiar, brincar de faz de conta, fazem parte do desenvolvimento infantil, ajuda a criança a se expressar e a enfrentar seus medos e anseios.

Contudo, para a boa educação o ideal é que a mentira seja cortada pela raiz, orientando com compreensão, discutindo, com atenção e respeito, sobre o certo e o errado. Fazer a criança sentir que sobre mentiras não se constrói uma relação de confiança. A psicoterapeuta infantil Violeta Daou Queijo explica com propriedade:

“A criança amadurece na fantasia e entra, aos poucos, em contato com o mundo real. Nesse processo, o companheiro imaginário a escuta e partilha suas aflições sem repreendê-la. Preservar a vida imaginária da criança é permitir que ela viva essa experiência inteiramente, sem repressões ou bloqueios, que enriquece a vida. Aos poucos, por si mesma, ela vai diferenciar a fantasia da realidade. Não há uma idade exata para isso acontecer. Cada criança é única e tem o seu próprio tempo”.

Os pais ajudam a criança a se desenvolver bem, ensinando-a a partilhar seus pertences. Estimular a convivência com outras crianças, seja trazendo amigos para casa ou deixando que ela durma, às vezes, na casa de amigos e motivá-la à prática de esportes coletivos são comportamentos que arejam a mente infantil. Escolas competitivas estimulam a individualidade.

O aluno, vivenciando uma socialização saudável, tende a enfrentar melhor a verdade e mais tarde os fatos da vida. Por isso, as escolas devem dar mais atenção ao relacionamento e realizar trabalhos em grupo. Escolas e pais devem impor limites, mas, sem restringir demais a vida da criança.

Austeridade em excesso acaba podando o seu desenvolvimento. Educação é processo integrado. Atitudes e saberes não devem ser separados. O indivíduo é um ser por inteiro, englobado em mente, corpo e alma. Não é um ser compartimentado. É com esse entendimento que a escola renovada se encaminha.

Sobre Izabel Sadalla Grispino

Izabel Sadalla Grispino nasceu, em 1931, na cidade de Guariba/SP. Filha de Feres Sadalla e Júlia Sadalla, uma família constituída de 8 filhos, sendo Izabel a quarta da fila. Foi casada com o jornalista Francisco Graciano Grispino. Fez seus primeiros estudos em sua cidade natal e, posteriormente, cursando o antigo “clássico” na cidade de Jaboticabal até a 2ª série, terminando-o em São Paulo. Ingressou na USP de São Paulo, cursando o curso de Letras, licenciando-se em Neolatinas. 

Cursou pós-graduação em Língua e Literatura Francesa, em nível de mestrado, quando defendeu a tese: “O Simbolismo Francês e a poesia de Paul Verlaine e Arthur Rimbaud”. Pós-graduação, também, em Língua e Literatura Espanhola, em Filologia Portuguesa e Literatura Brasileira. Licenciou-se no Curso de Pedagogia com especializações em Administração, Supervisão, Orientação Educacional e Coordenação Pedagógica. Ocupou, por concurso, na educação básica, as cadeiras de Português e Francês e lecionou no ensino superior Língua e Literatura Francesas. Ainda por concurso, ocupou os cargos de diretora de escola e de supervisora de ensino, cargo no qual se aposentou. 

Foi membro integrante da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP), da Secretaria da Educação, no qual monitorou e coordenou cursos de atualização, de aperfeiçoamento e de especialização em língua portuguesa e metodologia para professores e especialistas da educação do ensino fundamental e médio, então, 1.º e 2.º graus.

Preparou, treinou, pela CENP, monitores, dos cursos acima mencionados, para todo o Estado de São Paulo. Orientadora, pela USP-São Paulo, de estágios supervisionados do Curso Normal e de Letras. Autora de crônicas, de centenas de artigos educacionais, comportamentais e sociais, publicados em jornais e revistas. Poetisa, com mais de 400 poesias. 

Compositora musical – letra e música – de obras sacras e populares. Por ocasião do centenário da cidade de Guariba, sua terra natal, compôs – letra e música – o “Hino do Centenário” e o “Hino a São Mateus”, padroeiro da cidade. A partir de 1970, entre suas experiências, exercidas no magistério ao longo da carreira, ressaltam-se os cursos ministrados, em larga escala, para professores e especialistas em educação de todo Estado de São Paulo. Colunista, por mais de uma década, colaborando semanalmente em diversos órgãos de imprensa, destacando-se os jornais:

“A Cidade” de Ribeirão Preto, “Tribuna Impressa” de Araraquara, “Primeira Página” de São Carlos, “Guariba Notícias” de Guariba. Faleceu em setembro de 2007, vítima de um aneurisma cerebral, deixando um acervo bastante importante no que diz respeito ao atual sistema educacional brasileiro.

Foram mais de 40 anos de pesquisas e dedicação ao setor educacional. Foi uma luta contínua contra a decadência do ensino brasileiro, o analfabetismo funcional, a evasão escolar, estimulando sempre seus colegas professores a fazer com que o aluno obtivesse de fato o conhecimento. Após seu falecimento, houve centenas e centenas de solicitações, principalmente do livro “Prática Pedagógica (Estruturando Pedagogicamente a Escola)”, um auxiliar do professor em sala de aula e com sua edição completamente esgotada. 

Foi daí que surgiu a ideia do site www.izabelsadallagrispino.com.br , no qual poderia ser reunido todo o seu acervo cultural, e, por meio dele, chegar a um número maior de pessoas interessadas em suas publicações. No que diz respeito ao livro “Prática Pedagógica”, foi dada a oportunidade de o visitante do site baixá-lo em seu computador. Inicialmente, o site começou timidamente, sendo a sua divulgação feita no chamado “boca-a-boca” nas escolas, nas faculdades e universidades, nas bibliotecas e nas rodas de amigos em conversas nas ruas. Quando se imaginava que o site seria apenas regional, atingindo somente Ribeirão Preto e suas cidades vizinhas, eis que o site começa a ser acessado em todos os quadrantes do nosso Brasil e, hoje, em mais de 120 países no exterior.

O objetivo, felizmente, estava sendo alcançado. “Glória a Deus”. Segundo Izabel, “As novas tecnologias são ferramentas importantes para a escola atingir a modernidade. Contudo, o que se constata é uma forte resistência em utilizá-las, aproveitá-las, dando mais sentido à aprendizagem”. “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina!” (Cora Coralina) Se Deus esteve sempre presente para que se chegasse a um número bastante expressivo (hoje com mais de 270.000 visitas), não se poderia deixar de agradecer a essa imensidão de internautas que acessou o site, indicando-o aos seus contatos, aos seus amigos, às pessoas ligadas ao setor educacional e a todos os que apreciam uma instrutiva e prazerosa leitura. Com certeza, a Izabel, aonde quer que ela esteja, também deve estar muito feliz com o que vem ocorrendo. Francisco Graciano Grispino.

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