A Semana - Opiniões
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Queremos Paz - 11/04/2011
Tragédia no 07 de abril

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Depois de tantas notícias ruins, queremos paz. Depois de perceber que a dor não vai passar, queremos novamente ter aquela sensação de tranquilidade, de ordem e de conforto.

Ao buscarmos respostas, encontramos ainda mais perguntas que não podem ser satisfeitas tão facilmente. Será preciso pensar e repensar muitas vezes para tentarmos colocar um ponto-final em tantas questões.

O que foi que fizemos? Como poderemos contribuir para termos paz? O que fazer para que episódios tão violentos não roubem mais a juventude e a vida de tantos inocentes? Se tantos agressores são criados em nosso meio, há, certamente, alguma coisa que podemos fazer sim para tornarmos a noite em dia mais uma vez.

Não estamos e não somos isentos de nada o que se sucede no meio de nós, pois todas as pessoas, independente de serem boas ou ruins, um dia foram nossos alunos, vizinhos, amigos, conhecidos, amigo de alguém próximo a nós, ou seja, estiveram conosco, passaram por nós, fizeram, de algum modo, parte de nossa história.

O que mais incomoda ante as cenas como as tão bem-divulgadas recentemente pela mídia é que o aluno bem-comportado, quieto e sentado num canto da sala escondia dentro de si terrores que eclodiram em perdas de vidas inocentes, acontecimentos estes que não iremos nos esquecer facilmente.

Tudo isso nos leva a mais perguntas que povoam a nossa cabeça, dando um nó em nossa garganta, fazendo mudar a velocidade de nossas respirações e que não nos deixam ficar em silêncio, aliás, silêncio que foi sinônimo de isolamento na vida de um personagem que acaba de entrar para a história desse país da pior forma possível.

A tão deseja paz é consequência de tudo o que podemos fazer e ser, dado que nossos feitos, ou seja, as obras de nossas mãos dizem muito sobre nós, sobre o que queremos, sobre o que verdadeiramente somos.

A necessidade que o homem tem de subjugar o outro, o desejo de crescer em cima da derrota e vergonha de um igual, a tendência de nos comparar com o pequeno e nos julgarmos grandes diante dele e tantas outras características nossas, seres humanos.

Contudo, como pessoas que somos temos todos os dias a chance de mudar, de moldar nossas formas de ser e de agir. Dentro de casa com nossos filhos ou na sala de aula com nossos alunos, precisamos traçar metodologias que promovam o respeito ao outro, a tolerância e o amor ao próximo, buscando praticar o exercício de “chorar com os que choram, mas também sorrir com os que sorriem”, ou seja, ser feliz na felicidade do outro.

Ao aluno quieto, sozinho e solitário que não nos dá trabalho em meio às nossas rotinas, a ele dar nossa atenção, oferecer o ombro amigo, parar para ouvi-lo e quebrar o seu silêncio com palavras que possam promover a paz. Ao vizinho que se isola de todos, dar um bom-dia, falar do tempo, buscar conhecê-lo melhor. Não menosprezar o desempregado por causa de sua situação... À família oferecer sempre a consideração e o respeito, aspectos tão escassos em meio à “modernidade”.

As cenas por nós assistidas nesses dias mostram-nos a importância de cuidar de uma pessoa, de uma vida. Não estamos, aqui, falando de cuidarmos de todos ao mesmo tempo, mas de uma, pois uma “terra” bem-trabalhada dá frutos bons que podem matar a fome e saciar a sede de todos nós.

Esperamos que a fome e a sede de justiça não sejam pretextos para mais violência e desamor, mas que estas possam ser alimentadas na justiça de cada dia, no respeito ao diferente, na solidariedade para aquele que sofre, no estender a mão para o que está em queda e, assim, vivermos, então, em paz.

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