Sabe-se
que, à luz da etimologia, a palavra
“paciência” (do latim patientia)
não é resultado da
combinação entre as palavras
“paz” e “ciência”.
Contudo, aqui, tomamos esta liberdade para ilustrar uma postura cada
vez mais necessária no atribulado mundo moderno: encarar a
paciência não apenas como uma virtude (inata para
uns, um mistério inacessível para outros), mas
como um processo de construção do
próprio comportamento em relação ao
cotidiano, às metas, às conquistas e
às frustrações.
Antes de mais nada, é preciso afastar a ideia
errônea de que a paciência prenuncia
inércia, acomodação.
Trata-se de fatores paradoxalmente diferentes, quase opostos. A
comodidade tem origem, antes de mais nada, na ausência de
ambição.
Perde-se a paixão pela vida, o desejo outrora
irrefreável de alcançar objetivos, e resta ao
homem sentar-se e esperar. Pelo quê, ninguém sabe.
A paciência, por outro lado, traz no seu bojo uma ansiedade e
um desejo de abrir asas e irromper o horizonte controlados e
administrados sabiamente.
A paciência começa depois que as atitudes
construtivas foram tomadas, diferentemente da mera inércia,
que apenas aguarda para que as coisas se façam sozinhas.
Sabemos que a busca pelo sucesso e pela
realização profissional não
é algo simples.
Trata-se de uma viagem contínua, em uma só
direção, com alguns acidentes de percurso, alguns
buracos pelo caminho e algumas noites maldormidas no acostamento; mas
sabemos também que o destino é um só,
ao qual sempre chegamos uma hora ou outra, cada um no seu ritmo.
O problema, porém, é que alguns não
respeitam a cadência estabelecida pela
organização das coisas, e tentam atingir seus
objetivos sem que os caminhos necessários estejam
devidamente percorridos.A estes cabe cultivar a ciência da
paz, ou seja, desenvolver e trabalhar a paciência.
Não atropele a ordem natural dos acontecimentos.Procure
planejá-los, procure construí-los, mas, uma vez
que todas as atitudes sensatas foram tomadas, controle-se e evite ser
dominado pela angústia, por questionamentos vazios e nocivos.
Procure cristalizar um estado de paz interior e transformar este
sentimento em um processo que pode ser desencadeado conscientemente,
através da ciência trivial do autocontrole, do
“conhecer a si mesmo”, conforme gravaram os gregos
em tom imperativo no seu célebre aforismo.
Deixamos a seguir um trecho de
“Paciência”, canção
de Lenine e Dudu Falcão.
Perceba como os compositores estabelecem a atmosfera célere
e errática do mundo moderno em
oposição ao ritmo necessário
à qualidade de vida. De como a vida, de tão
curta, de “tão rara”, não
pode ser desperdiçada.
Isto significa que devemos correr e nos apressarmos cada vez mais para
que então não percamos nada?
Não... Significa que é a paciência esta
entidade eleita para romper com o ritmo incessante das grandes cidades
e dos dias gradativamente mais curtos.
É apenas através da tranquilidade e da
valorização dos pequenos momentos que a vida,
tão rara, tão rápida, pode ser
desacelerada e apreciada como se deve.
Tenha paciência, aprecie a vida e afine-se para o sucesso!
Paciência - de Lenine e Dudu Falcão
[...]
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...
Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...
[...]
Fabiano Brum é Palestrante especialista em
motivação, vendas, empreendedorismo e
educação, vem destacando-se em palestras, cursos
e seminários pela maneira inteligente e criativa com que
alia seu conhecimento musical aos temas de seus treinamentos. E-mail:
contato@fabianobrum.com.br - Site: www.fabianobrum.com.br