A atratividade da carreira docente - 07/02/2011
Francisca Romana Giacometti Paris
O Ministério da Educação apresentou um projeto estabelecendo os objetivos da educação para a próxima década (2011-2020). O texto traz várias metas que pretendem alterar a realidade das escolas no sentido de qualificar o atendimento, principalmente no ensino básico.
Todas as metas poderão ser atingidas desde que haja políticas públicas consistentes, continuidade dessas políticas e investimento na formação e valorização do quadro de professores.
O objetivo de assegurar a todas as crianças e jovens o ensino básico e permitir que cada um conclua o processo de escolarização básica pode continuar sacrificando a qualidade em função da quantidade.
Todavia, sabemos que a realidade da escola poderá ser mudada se, sobretudo, as metas propostas estiverem apoiadas na confiança, na ação e no empenho dos professores. Isso significa que, se os professores não acreditarem na força e na seriedade das políticas educacionais e não as efetivarem no contexto das escolas, o Plano Nacional de Educação será apenas mais um plano bem intencionado, porém ineficaz.
Deve existir um projeto social e político que aponte, por meio de ações concretas, o desejo de se transformarem significativamente as metodologias e os conceitos que hoje determinam os fazeres escolares.
Ninguém ignora que é a
intervenção pedagógica adequada dos
educadores que faz quase toda a diferença na escola. Todos
defendem que a atividade docente está cada vez mais complexa
e exigente; no entanto, também é consensual a
ideia de que a carreira docente com um estatuto social decadente,
formação fragilizada e
remuneração baixa não atrai
à profissão os estudantes mais qualificados nem
anima os melhores profissionais a manter-se nas escolas
públicas.
Em um tempo em que nós, a sociedade como um todo, e as autoridades educacionais buscamos uma escola que atenda mais e melhor à população que dela faz uso, é imprescindível que medidas palpáveis sejam estabelecidas a curto e médio prazo, a fim de tornarmos a carreira docente um pouco mais atraente.
É preciso que os jovens sejam motivados a serem professores e encontrem incentivos e sentido no magistério. Uma profissão que não atrai os “bons” com certeza será ocupada por aqueles que, do ponto de vista profissional, não tiveram opções melhores.
Assim sendo, estaremos encaminhando pessoas desmotivadas à carreira docente, sem empenho e, sobretudo, que não acreditam que podem. Por isso mesmo, elas provavelmente não farão a diferença, posto que não “escolheram”, mas foram social e economicamente “escolhidas” para serem professores.
Para inverter o “desprestígio” da carreira de professor é imperativo que se efetivem medidas claras de formação continuada dos docentes e, ao mesmo tempo, se definam com clareza novas condições para o exercício da profissão.
O
PNE 2011-2020 aparece em hora propícia e deseja o desenho de
um novo projeto social para a escola pública. Todavia, o
primeiro e mais importante passo para tal empreitada é
devolver a decência à docência.
Francisca Romana Giacometti Paris é Diretora pedagógica do Agora Sistema de Ensino (www.souagora.com.br) e do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), pedagoga, Mestre em educação e ex-secretária de Educação de Ribeirão Preto (SP).
1 Romilson Duarte da Costa - NatalRN
Gostaria de poder entender melhor a questão sobre a educação básica, para que eu possa compreender melhor a situações de alunos que chegam no 4° ou 5° ano das series iniciais sem saber ler e muito menos escrever. O que fazer com este aluno? De quem é a culpa? Do aluno ou da forma como ele foi alfabetizado? Fica aqui o meu comentário a respeito do que os nossos governantes pretendem para as novas gerações que surgem para o mundo da informação digital. Isso uma outra questão? Que projeto estariamos fornecendo a estes alunos e que práticas profissionalizantes eles poderiam entrar para o mercado de trabalho, sem saber ler e escrever direito. Essa é uma das minhas inquietações com relação a educação do século XXI.
16/09/2011 10:55:09
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