Buscamos
cada vez mais a interatividade, por meio do avanço
tecnológico e do desenvolvimento da
civilização. Passamos o dia inteiro conectados a
pessoas das mais variadas localidades, somos capazes de estabelecer
contato com praticamente todos os cantos do planeta, a hora que
quisermos. Porém, as relações
interpessoais próximas parecem cada vez mais superficiais,
e, seguindo por este caminho, da distância e
indiferença, palavras como cortesia, empatia e amabilidade
parecem mais além da nossa realidade, dia após
dia.
Afinal, será que a vida moderna dificulta
relações com gentileza, ou é
possível ser uma pessoa ocupada, sem abrir mão da
delicadeza no trato com o outro? Como ser gentil enquanto enfrentamos o
trânsito caótico das grandes cidades e o dia-a-dia
tão cheio de tarefas e obrigações?
São tantos os motivos que podemos facilmente nos convencer
de que a falta de cuidado com o próximo não
é nossa culpa, assim como a forma como somos tratados.
Estamos acostumados a ver a agressividade exaltada, considerada um meio
indispensável para o sucesso, é elogiado o homem
forte, o executivo agressivo, duro e arrogante. Será que
essas atitudes conquistam a confiança alheia e o sucesso
duradouro?
O que acabamos esquecendo é que, antes de tudo, o ato de ser
gentil beneficia, mais do que a qualquer outro, a nós
mesmos. Uma teoria publicada pelo professor Sam Bowles, do Instituto
Santa Fé (EUA), chamada de
“sobrevivência do mais gentil”, afirma
que a espécie humana sobreviveu graças
à gentileza. Segundo Bowles, os grupos altruístas
cooperam e colaboram mais para o bem-estar do próximo e da
comunidade, a fim de garantir a sobrevivência.
Outro estudo, realizado pela professora Sonja Lyubomirsky, da
Universidade da Califórnia, demonstrou também que
a gentileza pode nos deixar mais felizes. Ela pediu a um grupo que
praticasse atitudes gentis durante dez semanas, e verificou que a
felicidade aumentou consideravelmente no período do estudo.
Gentileza significa uma boa educação emocional,
aprendida e desenvolvida em todos os ambientes que convivemos.
É o bom tratamento, uma qualidade ou caráter de
alguém nobre, generoso, que ajuda a manter e fortalecer os
laços entre as pessoas. As pesquisas nos mostram que ser
gentil tem uma finalidade pessoal e coletiva, é a prova de
que quando tomamos atitudes em prol do outro, automaticamente, e muitas
vezes sem perceber, recebemos de volta o bem que fizemos.
A teoria do professor Sam Bowles pode ser demonstrada por brigas no
trânsito, por exemplo, em lugares com uma
concentração grande de pessoas, onde vidas se
perdem pela simples falta de compreensão com as atitudes
alheias. Vivemos na defensiva, temendo que os outros possam nos
machucar.
Mas há diversas formas de se comprovar que atitudes mais
solícitas e gentis só tendem a melhorar a
qualidade de vida e as relações interpessoais.
Sabemos, também, que só temos a ganhar quando
privilegiamos a gentileza, ao invés da brutalidade e
ignorância.
A grande característica da gentileza é que ela
está presente, na maioria das vezes, nas atitudes cotidianas
e simples. Ouvir mais, por exemplo, ser paciente, justo e
solidário, são atitudes simples, mas importantes
para tornar-se uma pessoa mais próxima perante o outro.
Estimular a amizade pode ser uma forma de se exercer a generosidade e a
gentileza.
O que nunca devemos nos esquecer é que o poder de modificar
aquilo que nos cerca está dentro de nós, a parte
mais importante do trabalho acontece no interior do nosso ser,
purificando nossos corações. Somente
nós mesmos transformaremos nossas vidas em
existências mais dignas, plenas e verdadeiras.
Eduardo Shinyashiki é palestrante, consultor organizacional,
escritor e especialista em desenvolvimento das Competências
de Liderança e Preparação de Equipes.
Presidente da Sociedade Cre Ser Treinamentos. Colabora periodicamente
com artigos para revistas e jornais. Autor dos livros: Viva como
Você Quer Viver e A Vida é Um Milagre, Editora
Gente, disponíveis em AudioLivro pela Editora Nossa Cultura.
Para mais informações, acesse www.edushin.com.br