26/1/2004 - Editorial - 26/01/2004
Lições do Final de Semana
1- O Brasil entra em campo para enfrentar o Paraguai. Basta um empate para se classificar para as Olimpíadas de Atenas. Do nosso lado estão alguns jovens talentos, precoces vencedores de títulos, atuando por algumas das mais tradicionais equipes do futebol brasileiro, como o Santos e o Cruzeiro (os últimos campeões nacionais). O árbitro uruguaio pede um minuto de silêncio em homenagem a Leônidas da Silva, o genial jogador brasileiro, artilheiro da Copa de 1938 e inventor da bicicleta (um dos lances mais espetaculares desse esporte). Os espectadores chilenos, comovidos, batem palmas em homenagem a Leônidas. Tudo parecia perfeito para mais um grande espetáculo do único futebol pentacampeão do mundo. Parecia...
O resto da história todos nós sabemos. Com um futebol medíocre a seleção pré-olímpica conseguiu ficar fora dos jogos. Méritos para os paraguaios que mostraram fibra e valentia. Para nós ficam algumas lições muito importantes como:
- Ninguém ganha jogo na véspera - O que vale para o esporte, também se aplica à educação. A preparação deve ser árdua, esmerada. Os professores e os estudantes têm que aproveitar cada minuto de sua preparação. A empáfia (ou orgulho exagerado) deve ser evitada. Façam revisões periódicas de seus trabalhos. Se atualizem. Leiam jornais e revistas com freqüência. Visitem os melhores sites de informação e educação (como o Planeta Educação). Tenham claro quais são seus objetivos. Não se precipitem. Toquem a bola quando for necessário, mas não deixem de tentar o gol. Na hora do jogo, muito empenho, por maior que seja a tradição e a glória do passado, é um novo jogo que está começando...
- Talento é fundamental tanto quanto o esforço, a dedicação - Dizem que as grandes equipes de futebol, como o Santos de Pelé ou o Cruzeiro de Tostão, sempre tiveram "artistas" e "carregadores de piano". Além dos grandes craques, essas equipes tinham alguns jogadores fundamentais, que faziam o trabalho pesado, correndo para marcar, para roubar bolas ou dando "bicos" para a lateral. Mesmo os grandes jogadores sabem que não basta a arte, é necessário "comer grama", "colocar o coração no bico da chuteira". Aproveitem o seu talento e mostrem sempre muita garra, muita vontade. Valorizem a si mesmos e aos outros jogadores de sua equipe. Respeitem o adversário e bola para a frente!
- Jogue em equipe - O craque do time pode resolver o jogo em uma cobrança de falta ou numa jogada genial. E se o goleiro não agarrar os chutes adversários? E se os zagueiros não marcarem direito os atacantes adversários? E se o posicionamento do time estiver errado? E se os passes errados forem muitos? Em nossas escolas também jogamos em equipe! Temos "técnicos", "roupeiros", "massagistas" e "jogadores". Diretores, a equipe administrativa, os responsáveis pela manutenção da escola, os professores e os alunos constituem essa equipe. Se há craques entre eles, que joguem coletivamente, para que as vitórias sejam de todos, inclusive deles!
- Organização tática - Planejamento do jogo com a definição da responsabilidade e da função de cada um é fator decisivo para a campanha que se inicia, seja nos campos de futebol, seja nas salas de aula. Aprimore suas maiores virtudes. Tenha consciência de suas dificuldades. Estude para melhorar ainda mais. Reveja os erros. Aprenda com eles. Tenha a coragem e a ousadia de assumir suas derrotas. Sacuda a poeira e dê a volta por cima!
- Vibre ao longo de toda a competição - Não desista mesmo quando a bola aparentemente está mais para o goleiro adversário do que para você. Quem sabe ele possa errar e você consiga fazer um gol. Vá atrás, insista, tenha a gana dos vencedores. Mesmo quando a bola teimar em bater na trave e não entrar, continuem tentando. Se não tentarem outra vez é que a oportunidade de fazer o gol e vencer desaparecerá de vez...
2- Na comemoração dos 450 anos, a grande festa de aniversário de São Paulo foi marcada por vários eventos notáveis. Shows com grandes estrelas da MPB, missas e procissões, a doação dos documentos que marcam o nascimento dessa grandiosa cidade e várias inaugurações. Há vários problemas a se resolver em São Paulo, disso todos nós sabemos. Violência urbana, falta de moradia, escolas e postos de saúde deteriorados, menores abandonados vagando pelas ruas,... Apesar disso, a grande lição dada por São Paulo vem da revalorização de suas construções históricas, especialmente a revitalização do centro velho, com a transferência da Prefeitura para essa região (próximo ao Anhangabaú), a reforma da Estação da Luz e a injeção de ânimo dada aos paulistanos pela beleza e esplendor de toda essa história da capital de todos os brasileiros.
3- As lições finais me foram dadas por um vidraceiro, seu Roberto. Gente simples. Quarenta anos de ofício. Dedicado e caprichoso em seu trabalho. Paciente no corte milimétrico do vidro a ser fixado. Mão firme para colocar a massa e deixá-la como se sempre estivesse por ali. Tendo sempre em mãos sua caixa de ferramentas, com todos os recursos necessários para o pleno desempenho de suas atribuições. Jogou até que a bola tivesse entrado e o juiz apitado o final da partida... Vitória! Mais que uma janela envidraçada, ficou a lição da humildade, da organização, do trabalho afinado e da busca incansável de um objetivo!
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