Quem é o docente do ensino superior? - 23/08/2010
Aline Nunes e Cátia Cilene
Autonomia e Libertação são duas palavras fundamentais para se entender o processo de transformação no ramo educacional defendido pelo escritor Paulo Freire (1996) e seus seguidores. Diante dos vários apontamentos relacionados à questão do educador, Freire explica com muita categoria e experiência os saberes necessários à prática educativa, traduzindo-os como manual de instrução para o professor do futuro.
Muito antes da questão do multiculturalismo e da formação docente multicultural ganhar espaço nos debates acadêmicos, Freire já havia se preocupado em esclarecer esses tópicos descritos como: “Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação; Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural” (FREIRE, 2010, p. 35 - 41).
Esse diálogo traduz com sensibilidade as dificuldades enfrentadas pelos educadores em lhe dar com a questão do novo, enquanto inovador, enriquecedor e a rejeição a qualquer forma de discriminação que separe as pessoas em raça ou classe social.
Através destas vertentes, nos debruçamos sobre o estudo do multiculturalismo e a preocupação com a formação docente no ensino superior. Três tendências filosófico-políticas principais formaram a base de entendimento para esse novo conceito sobre a educação multicultural: - educação como redenção; educação como reprodução; educação como meio de transformação da sociedade, elas são filosóficas porque compreendem o seu sentido e ao mesmo tempo políticas porque dão direcionamento para a sua ação, capacitando profissionais com a tarefa social de educar.
Na atual sociedade, necessitamos de uma formação científica que seja analítica e crítica, aspectos essenciais para viabilizar a qualidade do ensino. Para que possa realmente ser considerado um agente transformador, o professor em conjunto com a instituição escolar deve assumir o papel reflexivo sobre a sociedade e ao mesmo tempo, construir competências necessárias.
De modo geral, constatamos a analogia existente entre as mudanças estruturais no que tange a formação docente multicultural como restauradora e mediadora da sociedade, desempenhando tarefas diferentes daquelas tradicionais ainda vista em algumas instituições. Sem fazer escolhas ideológicas, não seria possível formar professores.
1 - Quem é o docente do Ensino Superior?
Atualmente, estamos presenciando mudanças significativas quanto à formação do docente no ensino superior, as universidades estão cada vez mais investindo nas transformações devido aos avanços tecnológicos e as mudanças de regras na economia mundial, e para suprir essas necessidades, precisam de docentes capazes de dominar as novas tendências educacionais e com visão futurista.
Toda atividade profissional docente possui natureza pedagógica, ou seja, vinculada a objetivos educativos de formação humana e processos metodológicos, organizacionais de construção de saberes e modo de atuação. Para isto, o professor necessita de conhecimentos e práticas que o levem além de sua especialidade, a soma de conhecimentos específicos de sua área e conhecimentos pedagógicos definem quem é o docente do ensino superior, ou seja, um profissional da educação.
1 - Formação Docente Multicultural
Diante da frase: “Mire e veja o mais importante e bonito, do mundo, é isto que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando”. (Guimarães Rosa), iniciamos uma reflexão acerca da necessidade de uma formação docente multicultural que já não pode mais ser ignorada dentro do sistema educacional brasileiro.
A questão da diferença é classificada como produto da história, da cultura, do poder e da ideologia, e, segundo McLaren (2000), “ela ocorre entre dois grupos e deve ser compreendida em torno das especificidades de sua produção” (apud SOARES, 2007, p.3); isso nos leva a concluir que: - a diferença é uma construção histórica e o multiculturalismo crítico sugere um projeto de transformação social que veio para derrubar esse projeto vigente (social hemogênio), ao qual concebe a diversidade apenas como uma mistura de culturas com suas particularidades.
Porém, se o projeto pedagógico de determinada escola não incorporar essa nova perspectiva, pouco ou quase nada podemos fazer como educadores. Nosso país é pautado em diversidade cultural e a escola é um dos espaços onde se concentra número expressivo dessa diversidade.
Mediante as diferentes visões com que cada autor estudado analisa o tema sobre multiculturalismo, no final, suas perspectivas se entrelaçam, apontam para uma mesma direção; o multiculturalismo crítico como sendo um dos principais norteadores de políticas culturais, onde a formação de professores para essa atuação multicultural deve, portanto ser aquela que prepara o futuro professor para a compreensão de que na sala de aula existe diversidade, e que esta por sua vez, enriquece a prática pedagógica, não sendo mais tolerável enxergar isso como um mal que deva ser extirpado.
É possível através da frase sugerida, do escritor Guimarães Rosa ver o quanto isso se encaixa, “mire e veja o mais importante e bonito, do mundo,...”; isto é, não basta somente olhar, somos diferentes por natureza e estamos a todo o momento mudando, de acordo com a evolução do mundo, conforme adquirimos conhecimentos vamos assumindo uma nova identidade, o ser humano hoje é dotado de várias identidades, ninguém nasce pronto, nem morre sabendo tudo.
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1 Gabriela - Rio de janeiro
Nota dez para essas duas autoras, o artigo ficou fantástico. Elas revelaram de forma bastante clara e coesa o que estamos atravessando hoje com as diferenças, não somente em sala de aula, mais sim com a sociedade como um todo!
24/08/2010 21:04:16
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