Tunico Amâncio no Diálogo 7 - 11/08/2010
Estereótipos: Tunico Amâncio aborda os estereótipos de brasilidade na cinematografia estrangeira
Seus principais trabalhos acadêmicos passaram à forma de livro: "O Brasil dos gringos: imagens no cinema", pela Intertexto, Niterói, 2000, enquanto "Artes e manhas da EMBRAFILME: cinema estatal brasileiro em sua época de ouro" foi lançado pela EDUFF também em 2000. Tem se especializado no estudo sobre a representação da identidade cultural brasileira no cinema, em artigos publicados em revistas nacionais e estrangeiras.
Curta-metragista bissexto ("Eu sozinho", 1978, "Roberto Rodrigues", 1987, "Uns e Outros", 2002, além de vários trabalhos em vídeo), é também roteirista e se encarrega no Curso de Cinema da UFF dessa disciplina. Orienta alunos na pós graduação dos cursos de Comunicação, Informação e Imagem e no de Ciência da Arte.
Coordena o Laboratório de Investigação Audiovisual (LIA) do Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF, onde produz CD-Roms pedagógicos ("Estudos sobre LIMITE" e "Catálogo sobre a produção cinematográfica da UFF").
Foi o curador de quatro mostras no Centro Cultural Banco do Brasil: em 1992, Alberto Cavalcanti; em 1999, "Plano geral Nelson Pereira dos Santos"; em 2000, "Brasil, o olhar estrangeiro", em 2001 "Imagens da ordem: infância e mídia". Foi também consultor de "A 3a. Idade na tela" ( 2005) e "A paixão de Cristo segundo o cinema", também em 2005.
Atualmente trabalha com cinema latino-americano e coordena o Cineclube Sala Escura.
Observação: As informações acima foram extraídas do endereço eletrônico: www.uff.br/lia/tunico/htms/curriculo.htm
1.
O Brasil dos Gringos é um livro baseado em sua tese,
correto? Qual a abordagem da sua tese?
Minha
tese versou sobre a representação do Brasil e dos
brasileiros nos filmes de ficção estrangeiros.
Ela verificou a incidência de estereótipos e
clichês no decorrer da história e estudou-os mais
detidamente em 10 filmes contemporâneos, cinco sobre a
realidade urbana e cinco sobre a floresta.
2. Os estereótipos e clichês abordados em seu
material ainda são veiculados pela mídia, como o
caso do filme Turistas e do episódio dos Simpsons no Brasil.
Acha que algo mudou nestas representações desde a
sua abordagem?
O estereótipo é fruto de um desequilíbrio nas trocas simbólicas entre os países. Na medida em que aumenta nossa presença no cenário internacional, estas reduções tendem a diminuir, confrontadas com a diversidade de imagens exportadas. Hoje o trânsito é intenso e já sentimos, ao menos no cinema americano, uma mudança no tom da representação.
3. A mulher e a
festividade brasileira são alguns dos temas recortados pelo
senhor. Qual tema acredita que seja o mais buscado pela
indústria do entretenimento?
As maravilhas do país tropical pós-colonial. A multiplicidade étnica, a variedade de expressões culturais exóticas, a generosidade das gentes, a beleza da natureza.
4. O senhor continua com esta pesquisa? O que encontrou de novo?
Só
atualizei algumas leituras da época, como no caso da
presença dos brasileiros nos filmes americanos. Em geral,
mudou mais nossa representação nos filmes que
lidam com os emigrantes brasileiros do que nos filmes estrangeiros
filmados aqui.
5. Em alguns trechos do
livro, o senhor comenta sobre alguns filmes baseados em obras de Jorge
Amado. Acredita que ele seja um dos responsáveis por este
olhar autoalimentador que recebe os olhares míopes mas
fornece material para que isso ocorra?
Jorge Amado criou um universo muito particular, baseado em algumas tipicidades bahianas que corroboram as mitologias da miscigenação, das trocas culturais, do sincretismo religioso, sob um fundo histórico adequado para essas narrativas da construção de um Brasil plural. Lá e cá assumimos esses discursos e negociamos com eles. Os estrangeiros, normalmente de maneira mais atrapalhada. Mas Jorge Amado é sem dúvida o difusor de uma imagem definida de Brasil e de brasilidade.
6. Olhar estrangeiro é um documentário em parceria com Lucia Murat. Poderia comentar o filme?
O filme busca, junto aos profissionais do mercado, as mesmas questões formuladas pela tese em termos acadêmicos e teóricos. Ele investiga a gênese dos clichês e estereótipos e ilustra a maneira como foram representados no seio da indústria, a partir dos pressupostos dos profissionais envolvidos nos filmes. Assim, o tema ganha uma nova dimensão ao sair da análise fílmica e se debruçar sobre as mentalidades.
E é muito bem-sucedido nesta tarefa de denunciar essa cristalização usual das ideias feitas, do senso comum, da visão redutora de culturas diferentes.
1 moacir antonio esquevani - birigui/sp
Cinematografia estrangeira são eles que estão vindo aqui no nosso país para filmar fazer seus filmes e vão embora e depois o filme roda o mundo inteirinho então o brasil deve pensar em obras que chamem atenção deles e cruzar seus filmes com os nossos e nossas novelas e documentarios a nossa identidade ao mesmo tempo é isso que devemos faze sem que eles notem.
31/01/2012 20:11:04
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