A Semana - Opiniões
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Os frutos e a tão sonhada felicidade - 09/06/2010
Uma reflexão sobre ser feliz

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Se pararmos um pouco para pensar em algumas questões da nossa vida, perceberemos que muitas são as pessoas que querem que alguma coisa em suas realidades fosse diferente do que é hoje, agora.

A insatisfação tem tomado conta de muitas pessoas, enquanto que o pessimismo tem sido, infelizmente, uma constante na vida de milhões de vidas que se rendem diante de algo que não as agradam e, por isso, passam longos momentos a reclamar e a questionar o porquê de sua realidade não ser diferente do que é e, desacreditadas na verdade que diz que toda realidade é modificável, deixam de lutar efetivamente por uma mudança de horizontes.

Tais insatisfações são a causa de muitos transtornos e conflitos pessoais e sociais e as impedem de conseguir identificar o bom sabor de simplesmente viver. Viver é uma dádiva, é um presente que tem valor inestimável. Enquanto vivemos, temos a chance de ser felizes e fazer alguém feliz, pois a vida é muito melhor quando a ela somamos uma boa dose de felicidade.

Mas como alcançar a felicidade se a realidade parece não dá base para tal vivência? A felicidade pode ser sentida mesmo em meio a dificuldades, ela é um estado de espírito que não depende de circunstâncias externas e, acredite, sim internas.

Entre muitas outras possibilidades de interpretação, pode-se dizer que a felicidade está estreitamente ligada ao sermos frutíferos, ou seja, certamente seremos muito felizes se tivermos a capacidade de, não obstante às nossas muitas insatisfações, darmos frutos bons àqueles que estão próximos ou não de nós. Acha isso estranho? 

Talvez seja porque hoje em dia a felicidade está mais atrelada aos sucessos e às realizações egoístas, em que só é interessante a felicidade do “eu” e de ninguém mais. Ora, se mudarmos a nossa perspectiva sobre esta palavra cujo significado real e concreto é buscado por muitos, certamente encontraremos menos conflitos em nossa caminhada.

É interessante pensarmos que dar bons frutos é fator indispensável para a concretização da felicidade. Ninguém é ou será feliz se insistir em querer que todos os seus desejos sejam plenamente satisfeitos como se o mundo girasse em torno de si próprio. 

Sozinhas e incapazes de reproduzir algo de bom para outros, muitas são as pessoas que estão em busca da felicidade, mas desta forma, infelizmente não a encontrarão. Somos seres sociáveis, não dá para aplaudirmos a solidão. É claro que estar sozinho não significa ser solitário, não, definitivamente não.

Desta forma, se desperdiçarmos a nossa vida reclamando do que não está do nosso jeito, passaremos por ela sem nunca termos sido felizes de verdade. O ato de reclamar anula o sabor que há no fato de estarmos vivos e, nesta condição, frutificarmos tal como uma árvore grande e forte. 

Contudo, não podemos nos iludir, pois também é verdade que nos dias atuais ninguém tem mais tempo para admirar a beleza de uma grande árvore, ninguém tem mais tempo para olhar para o céu e elogiar a beleza da lua, ninguém tem mais tempo para dedicar-se àquilo que realmente interessa, ou seja, um viver repleto de felicidade, em que um é feliz contribuindo para a real felicidade do outro.

Como tudo o que é realmente bom, a felicidade precisa de dedicação. Não dá para pensarmos que um belo dia ela chegará e baterá em nossa porta se oferecendo para nós. Não, não é assim. Normalmente, facilidade nada tem a ver com felicidade, pois ninguém dá muito valor àquilo que se consegue sem dedicação e trabalho.

A conquista da felicidade requer trabalho e, muitas das vezes, este trabalho é o exercício que fazemos conosco mesmo, de maneira a nos corrigir de equívocos que machucam e afastam pessoas de nós e, consequentemente, acabam por levar para bem longe a tão desejada felicidade, fazendo que os frutos que produzimos não sejam bons ao paladar daqueles que estão, de alguma forma, envolvidos conosco.

Neste ponto podemos fazer uma ponte e pensarmos no relacionamento entre pais, professores e alunos, pois muitas vezes as diferenças entre um e outro dificultam a convivência no dia a dia e secam quaisquer possibilidades de saciar verdadeiramente a fome e a sede entre eles. Não é difícil vermos pais, alunos e professores reclamando uns dos outros como se tais queixas fossem capazes de melhorar alguma coisa.

Se pararmos de reclamar e começarmos a fazer o exercício de, pelo menos, tentarmos entender o ponto de vista de cada um, veremos que cada pessoa tem algo a contribuir conosco, de maneira que as raízes de nossas árvores sejam fortificadas dia a dia. 

Isto tudo não é uma receita para ser feliz, pois simplesmente não se pode prescrever algo tão substrato como o é o próprio ato de ser feliz, mas são palavras que podem ser adequadas ao nosso dia a dia, tornando-os melhores e ampliando nosso campo de visão para entender a pessoa do nosso lado como peça fundamental para nossa construção.

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1 COMENTÁRIOS

1 francielle -
me ajudou muito!
14/06/2012 15:16:07


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