De Olho na História
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Vampiros de Auschwitz - 01/01/2004
Histórias do Holocausto na 2ª Guerra Mundial

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(Depoimento de Gisella Perl, judia que trabalhou como médica no campo de
concentração/extermínio de Auschwitz durante a 2ª Guerra Mundial).

A visão que tivemos ao entrar no Bloco VII é uma das que nunca esqueceremos. Das jaulas ao lado das paredes, aproximadamente seiscentas jovens mulheres em estado de pânico, tremendo, olhavam para nós, silenciosas e suplicando. Outras cem estavam deitadas no chão, pálidas, desmaiadas, sangrando. O pulso delas era inaudível, suas respirações tensas e forçadas e poças fundas de sangue estavam ao lado de seus corpos. Homens fortes e grandes da SS (soldados nazistas) iam de um a outro corpo, enfiando enormes agulhas nas veias das prisioneiras e roubando as últimas gotas de sangue dos corpos inanimados.

Os alemães precisavam de sangue para transfusões! As cobaias de Auschwitz eram as pessoas ideais para fornecer o plasma. A idéia de raça inferior ou de contaminação com "sangue judeu inferior" haviam sido esquecidas. Nós (os judeus) éramos muito inferiores para continuar vivendo, mas não tão inferiores para manter o exército alemão vivo com o nosso sangue. Além do mais, ninguém nunca saberia. Os doadores de sangue nunca sobreviveriam para contar a sua história. Lá pelo final da guerra o trigo cresceria sobre as nossas cinzas e o sabão feito de nossos corpos seria usado para lavar a roupa dos heróis alemães retornando para casa.

Nós fomos mandados para colocar aquelas mulheres de pé antes que elas retornassem para o campo de concentração, dessa forma estaríamos arrumando lugar para outras pessoas. O que poderíamos fazer sem desinfetantes, remédios e outros líquidos? Como poderíamos repor o sangue brutalmente roubado? Tudo o que tínhamos eram palavras, encorajamento, ternura. E mesmo nessas condições, sob os nossos cuidados, essas pessoas desafortunadas, vagarosamente, retornavam a vida e até sorriam quando diziam: "Isso é ainda melhor que o crematório".

O Bloco VII estava sempre cheio. Às vezes eram mulheres com belos olhos, que eram mandadas para cá, outras vezes aquelas que tinham mãos bonitas. E as pobres desgraçadas sempre acreditavam nas histórias que lhes contavam, vinham e, para a diversão dos SS davam suas últimas e preciosas gotas de sangue para os soldados alemães que utilizavam a força roubada delas para matar seus amigos, parentes ou aliados.

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Um dos objetivos básicos dos nazistas era desmoralizar, humilhar e arruinar os judeus, não apenas fisicamente, mas também, espiritualmente. Eles fizeram de tudo que estava a seu alcance para nos empurrar no poço sem fundo da degradação. Seus espiões estavam constantemente entre nós para mantê-los informados a respeito de cada pensamento, cada sentimento, toda reação que tivéssemos e, nunca sabíamos quem era o agente deles.

Havia apenas uma lei em Auschwitz - a lei da selva - a lei da sobrevivência (da autopreservação). Mulheres que em suas vidas normais eram seres humanos decentes e respeitáveis, agora roubavam, mentiam, espiavam, batiam nas outras e, se necessário, matavam para salvar suas próprias vidas. Roubar tornou-se uma arte, uma virtude, algo para se ter orgulho. Nós chamávamos isso de "organização". Aqueles que trabalhavam perto dos crematórios tinham a oportunidade de "arrumar" (obter, conseguir, roubar) uma ocasional lata de comida, um par de sapatos, um vestido, uma panela, um pente, que elas vendiam no mercado negro (que funcionava nas latrinas) por comida, em troca de favores especiais, e - se os compradores fossem homens - por "amor".

Mas entre as trabalhadoras do crematório que não estabeleciam conexões havia muitas que "arrumavam" (obtinham, conseguiam, roubavam) o pedaço de pão de suas vizinhas, mesmo sabendo que elas podiam morrer de fome por isso, ou "arrumavam" os sapatos de suas parceiras de beliche, sem se importar que os pés delas, em sangrias, as condenariam para o crematório. Ao roubar pão, sapatos, água, você roubava uma vida para você, mesmo que fosse a custa de outras vidas. Apenas as fortes, as cruéis, as impiedosas sobreviviam. Os SS estavam, é claro, muito espantados com estas práticas e as encorajavam ao concederem favores especiais a algumas, para fazer com que surgisse o ciúme, o ódio e a ambição entre as outras.

As informações disponíveis nessa página foram traduzidas do site
http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/

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1 COMENTÁRIOS

1 sayonara - candeias
esse homem foi rejeitado por satanas no inferno hoje vaga nolago de fogo.assim queira Deus
31/05/2010 15:12:12


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