O Leitor é um dos romances mais comentados da atualidade. Traduzido para mais de 39 línguas ao redor do mundo, é considerado o romance oriundo da literatura alemã com maior repercussão desde O Perfume, de Patrick Suskind.

Narrado em 1ª pessoa, O Leitor foca sua história em dois personagens: Michael Berg e Hanna Schmitz. O livro dialoga com aspectos discutidos pela teoria da literatura, entre eles, o narrador pós-moderno. O narrador pós-moderno é aquele que exerce a função de um repórter, de um observador distante dos fatos. Há, além da metalinguagem, a valorização dos aspectos visuais e da linguagem. Pode-se dizer que o leitor deste romance está diante de uma narrativa repleta de referências às questões estéticas herdadas do Modernismo.

Eis o enredo: Michael Berg, um adolescente nos anos 60, é iniciado no amor por Hanna Schmitz, uma mulher madura, bela, sensual e autoritária. Ele tem 15 anos, ela 36. Os seus encontros decorrem como um ritual: primeiro banham-se, depois ele lê, ela escuta, e finalmente fazem amor. Este período de felicidade incerta tem um fim abrupto quando Hanna desaparece de repente da vida de Michael. Michael só a encontrará muitos anos mais tarde, envolvida num processo de acusação a ex-guardas dos campos de concentração nazista. Inicia-se então uma reflexão metódica e dolorosa sobre a legitimidade de uma geração, a braços com a vergonha, julgar a geração anterior, responsável por vários crimes.

Perturbadora meditação sobre os destinos da Alemanha, O Leitor, é desde O Perfume, o romance alemão mais aplaudido nacional e internacionalmente. Já traduzido em 39 línguas, a obra foi adaptada com qualidade para o cinema. Como estrutura, O Leitor é um romance dividido em três partes: a primeira delas, com 17 capítulos. A segunda, com dezesseis capítulos e a terceira e última, com doze capítulos. Todos os capítulos do romance são curtos e bastante cinematográficos, um verdadeiro lançamento para o cinema, o que de fato aconteceu em 2009, com a adaptação de Sthepen Daldry, e protagonizado por Kate Winslet e Ralph Fiennes. O diretor, já acostumado a incursões no mundo literário desde que assinou As Horas, em 2002, com Nicole Kidman no papel de Virginia Wolf, não deixou a desejar e o filme ganhou status acadêmico.

Assim como O menino do pijama listrado, de John Boyne, que também ganhou versão cinematográfica, O Leitor é reconhecido por alguns como um pedido de desculpas bastante eufêmico da nação alemã, diante das atrocidades cometidas por Adolf Hitler em seu regime nazista que marcou o século XX. Um romance para ser lido por todos, vide tamanha a qualidade técnica do escritor na construção de personagens firmes e narrativa densa. Uma leitura imperdível.