A Semana - Opiniões
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Fechamento de Ciclos - 05/04/2010
Momentos de Mudanças

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Criar hábitos é tendência que todos nós temos. Cria-se o hábito de acordar sempre no mesmo horário, fazer as primeiras higienizações pessoais do dia sempre com a mesma pontualidade, tomar um delicioso café da manhã no horário de costume, encaminhar-se para o trabalho de anos de dedicação e tantos outros hábitos que temos diariamente em nossas vidas. 

São costumes que nos marcam tal como nossa própria identidade e, talvez por isso, não queremos, em nenhuma hipótese, que eles sofram processos de mudanças ou alterações.

O que mais nos causa inquietações é o fato que muitos de nós nos acostumamos até mesmo com o que não é bom e, possivelmente isso, seja uma forma de nos protegermos, de deixarmos de sofrer com o errado, com aquilo que um dia nos causou inquietações e desagrados. 

Desta maneira, numa atitude sem considerar alguns pontos fundamentais para se viver bem, acostumamo-nos a viver de uma forma, na qual antes nos fazia muito mais mal em relação ao hoje, ou seja, criamos mais um hábito de vida, por mais estranho que isso possa parecer, uma vez que o incômodo passa a ser acomodado em algum lugar dentro de nós.

Contudo, ainda que sejamos tendenciosos a nos acostumar com tudo, não é conveniente nos fecharmos para o que é novo, desde que tudo, evidentemente, tenha uma abordagem moderada e protegida por convicções e conceitos que não causam nenhum dano a nós e a quem nos rodeia. 

Aqui, neste ponto, é onde nossos alunos e filhos se atrapalham, pois acreditam que devem experimentar todos os “sabores” da vida, mas hora menos hora eles se veem embaraçados em meio a situações que, por falta de experiência e, talvez, pela ausência de boa fundamentação contra o erro ou o errado, não souberam dar o devido regimento às experiências que se permitiram experimentar.

Mas a experiência conquistada por nós nos faz entender que o mundo dá voltas e, igualmente, não podemos “parar no tempo”, precisamos corrigir equívocos, aperfeiçoar o correto, dar novos rumos ao infrutífero, pois no mundo até mesmo uma situação em que as coisas aparentemente não demonstrem mudanças no decorrer dos anos, nada é ou fica como antes. 

Chega um momento de nossas vidas, no qual percebemos que ainda que as coisas em nossa volta não mudem, nós mudamos, pois os anos passam e a cada um deles acrescentam-se novos moldes e novas habilidades, de maneira que experiências de antes ganham novos significados dentro de cada um de nós.

Momentos assim são aqueles nos quais aprendemos que na vida há vários ciclos, há várias cadeias de acontecimentos que demarcam nossas existências e nos obrigam a assumir um posicionamento diante daquilo que se nos apresenta. Como se não bastasse, ainda que decidamos ficar neutros diante de algo, até mesmo nossa neutralidade causa impacto no meio em que vivemos, sendo que em algum momento nos veremos em situações desordenadas advindas da ausência de um gesto, de um posicionamento.

A vida, como disse, é cheia de ciclos e, como tal, é necessário sabermos encerrá-los e fechá-los para, então, abrirmos um novo estágio em nossa existência, pois uma vez que nos aventurarmos em abrir um novo estágio sem antes encerrarmos o que estiver em andamento, nós nos tornaremos pessoas frustradas e seremos levados a qualquer vento forte, tal como uma casa sem alicerce. 

Isso é simples de entender: não dá para sermos adultos sem antes passarmos pela gestação, nascimento, infância, adolescência e juventude, da mesma maneira, não dá para “pularmos” uma fase ou um momento, ainda que eles não se apresentem da forma como desejamos.

Desta forma, cada fase precisa ser vivida com intensidade e plenitude e, ao contrário do que se pode imaginar, isso não é algo negativo. É, exatamente, o oposto, pois ao enfrentarmos nossos aborrecimentos, medos, falta de esperança ou motivação, tornamo-nos mais fortes e, como aqueles que se empenham em conseguir uma musculatura mais resistente nas academias por meio do levantamento de árduos pesos, este enfrentamento nos deixa com os músculos mais fortalecidos, mais aptos para continuar vencendo e ajudando a vencer. 

O que não se pode deixar de ponderar é que em nosso caso, este exercício também fortalece nossos corações e mentes, não apenas o aspecto físico. Aqui, professores e pais que me leem, vemo-nos na obrigação de não nos acovardarmos diante da quebra de paradigmas, desde que tudo seja de acordo com o certo, como já pontuado antes. Ao enfrentar nossas lutas diárias, nós nos veremos cada vez mais experientes, pois ao não fugir, aprendemos que só se vence uma batalha se nós a enfrentarmos.

Continue lutando, professor e pai, não é por que nossos alunos e filhos não são como imaginamos que devemos formar uma “barreira de proteção” por meio da criação de hábitos que nos impeçam de mudar, de criar novas estratégias para atingirmos a mente e o coração daqueles que estamos diariamente envolvidos na sala de aula ou em casa.

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1 COMENTÁRIOS

1 Elizabeth Franco Cobo - São Vicente
Adorei a foto e o texto. Parabéns a quem escreveu
12/04/2010 18:22:37


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