A Semana - Opiniões
Erika de Souza Bueno Coordenadora Educacional da empresa Planeta Educação; Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo; Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família; Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br). E-mail: erika.bueno@fk1.com.br

Agenda cheia, coração vazio - 01/02/2010
Nossa lista de prioridades

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Agenda cheia, coração vazio. É assim que muitas pessoas se veem em dias tão tumultuados com assuntos indispensáveis, ou seja, reuniões, congressos, e-mails a ser encaminhados/respondidos, contas e mais contas a pagar...

Mas será mesmo que os assuntos que tomam todo o nosso dia e levam o nosso vigor deixando-nos exaustos são mesmos indispensáveis ao nosso bem-estar?

Para responder a isso, é necessário responder primeiro o que é que realmente nos proporciona o conforto, a satisfação e a paz.

Prioridades. Esta é a palavra-chave para aqueles que não têm mais tempo para aproveitar o dia ou, ainda, aproveitar enquanto é dia e a luz ainda está a brilhar, mesmo que muitos não têm tempo para nem sequer perceber isso.

Alguns podem pensar que os dias e os anos passam em velocidade muito maior que a de anos atrás. Porém, acredito que não é o tempo que está correndo e, sim, nós mesmos.

Somos nós que, quando resolvemos tirar o pé do acelerador, já não temos mais nenhuma energia para direcioná-la a momentos que nos conduzirão, realmente, à plenitude do sucesso.

Ao me referir ao pleno sucesso, estou dizendo que o sucesso só será completo se lançarmos sobre a vida um olhar mais amplo, o qual seja capaz de contemplar tanto o lado do sucesso profissional quanto o sucesso pessoal e familiar.

Pessoas que vivem numa busca enlouquecida pelo sucesso na carreira, mas não dispensam o devido cuidado com a saúde física e emocional, incluindo a construção de laços afetivos, por exemplo, estão buscando o sucesso apenas numa área da vida, esquecendo-se de outras que são fundamentais para sermos realmente felizes.

É como um carro indo na contramão: os motoristas de outros veículos buzinam num sinal de alerta, dizendo que ali não é a direção certa, mas dessa sinalização até uma mudança de atitude muita coisa pode acontecer e, não se tomando as devidas providências, o resultado desta viagem insana pode ser fatal.

Conheço algumas pessoas que chegaram à velhice com uma confortável aposentadoria, resultado de árdua dedicação ao trabalho, mas ao olharem do lado não veem ninguém. Estão sozinhas, não tiveram tempo em suas agendas para construírem bases sólidas para as suas vidas.

Nossa vida é curta demais para vivermos todas as experiências de todas as pessoas. Considere isso, pois fará muita diferença em sua vida, em suas escolhas.

Por isso, é importante olharmos do lado e atentarmos para a experiência daqueles que já viveram situações que, possivelmente, nós não teremos chances de viver.

Ouvi alguém dizendo que só nos damos conta que aquilo que fazíamos era errado, quando não temos mais chances de mudarmos mais nada.

Resta-nos a sabedoria de aprendermos com o outro, enquanto ainda há tempo para mudarmos nosso modo de ver o mundo e repensarmos nossa lista de prioridades.

Nosso trabalho precisa de dedicação, mas de forma alguma esta dedicação precisa ou deve ser integral.

Dedique-se ao planejamento sábio, visando todas as áreas de sua vida. Se for preciso, acorde ou durma mais cedo. Passeie com seu filho, brinque com ele, vocês dois se recordarão destes momentos algum dia.

Saia de férias, descanse até mais tarde para repor suas energias.

Se achar que não tem tempo, comece a pensar que todos nós temos as mesmas 24 horas no dia. Ninguém, afortunado ou não, tem 25.

Se algumas (poucas) pessoas conseguem dedicar-se à família, ao trabalho e a si próprias, nós também conseguiremos. O que nos diferencia é, basicamente, a forma como organizamos nossos dias e nossas vidas.

Pense em maneiras de aproveitar o dia, sem deixar a luz da esperança e do amor se apagar. Isso porque lá na velhice, o trabalho que nós nos dedicamos tanto vai até nos conceder dias de conforto financeiro, mas não vai nos levar ao médico, ouvir nossas histórias e experiências, ter paciência com nossos (novos) hábitos, ou seja, não vai nem sequer nos fazer companhia, tão indispensável a qualquer um de nós.

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