Tarefas escolares no banco dos réus - 30/11/2009
É benefício? Atrapalha? Melhora ou piora o rendimento?
Li no último dia 24 de novembro (2009), uma notícia que vem do Canadá e que relata a briga de um casal com a escola dos filhos pelo direito de isentá-los do compromisso e responsabilidade de fazer tarefas escolares. Os pais são advogados e alegam que após exaustiva carga de trabalho educacional no âmbito escolar, ao chegar em casa seus filhos tinham sobrecarga de trabalho ao ter que realizar longas séries de exercícios de disciplinas como matemática, história, inglês, ciências...
Trata-se, certamente, de questão das mais polêmicas. Há defensores do ponto de vista dos pais que se justificam dizendo haver não apenas sobrecarga de trabalho educacional com as tarefas como a compreensão por parte dos alunos quanto às tarefas sendo castigo ou punição e, desta forma, realizadas sem comprometimento algum, apenas pela obrigatoriedade... Isto resultaria em ganho para estes alunos ou seria apenas tempo perdido? Trabalhar, literalmente, com "uma faca no pescoço" não parece agradável aos olhos de ninguém, não é mesmo? Pois esta é, basicamente, uma das leituras realizadas quanto a esta temática polêmica.
Aqueles que defendem os pais destes alunos do Canadá pensam ainda que com o excesso de atribuições educacionais queimam-se possibilidades de viver cada etapa de maturação e desenvolvimento sócio-psicológico da forma como deveriam ser vividas. Não há tempo, por exemplo, para ser criança e brincar com tantos compromissos vindos da escola, aos quais se adicionam, por exemplo, atividades extra-escolares como aprendizagem de línguas estrangeiras, prática de esporte, escola de informática...
É claro que isto levará os detratores deste posicionamento a dizer que os pais deveriam então não sobrecarregar seus filhos com estas outras responsabilidades...
Aqueles que defendem a necessidade das tarefas, entre os quais muitos professores, definem-se desta forma levando em conta a necessidade de fixar e consolidar conhecimentos e saberes trabalhados em sala de aula, o que acabaria ficando mais difícil sem que existisse a famosa lição de casa. Somente as ações realizadas na escola seriam, de seu ponto de vista, insuficientes para que as informações e dados trabalhados em classe se tornassem conhecimento entre seus alunos...
Os que se posicionam no front contrário irão dizer que mesmo com as tarefas não há garantias quanto a transformação de dados e informações trabalhadas em aula em conhecimento apenas pela atribuição de exercícios para casa relacionados aos mesmos...
Minha opinião? Creio que há por parte dos estudantes resistência as tarefas, em especial levando-se em conta que suas vidas hoje estão muito corridas, como afirmam aqueles que defendem a ação dos canadenses. Mas não acredito que somente esta medida irá diminuir o stress e o alto grau de ansiedade que atinge nossas crianças e adolescentes. Nem tampouco imagino que a escola possa abrir mão das lições de casa, apenas que deve programar-se e planejar-se para que não ocorram excessos quanto a estas tarefas.
Além disto, é de suma importância que as tarefas não sejam apenas reprodutivistas, ou seja, que se prestem somente a pedir aos estudantes que demonstrem ter memorizado conteúdos, fórmulas e saberes apresentados por seus professores em sala de aula, pois desta maneira tornam-se verdadeiramente massacrantes, desconfortáveis e nada úteis para a real efetivação do processo ensino-aprendizagem... As tarefas precisam ser estimulantes, desafiadoras e capazes de mobilizar os alunos na busca de informações, dados, leituras, filmes, jornais, músicas e tantos outros recursos para que, desta forma, se consolide de vez não apenas os saberes da sala de aula, mas que se vá além dos mesmos...
O brado não deve ser no sentido de se criar a possibilidade de não fazer lições de casa e sim, no sentido de buscar tarefas instigantes que promovam os saberes utilizando-se de recursos adicionais ao trabalho desenvolvido em sala de aula pelos professores, levando os alunos a navegar pela web, ler outros materiais, utilizarem trechos de filmes, aprenderem com a poesia ou o teatro... Desta maneira estaremos estimulando sua curiosidade, criatividade, possibilidade de voar, muito além do horizonte inicialmente previsto na escola, rumo ao conhecimento que seja para eles muito mais significativo!
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