Casablanca - 13/01/2004
Muito mais que um filme
Considerado por muitos como o filme mais amado pelos cinéfilos do mundo todo, "Casablanca", do diretor Michael Curtiz, estrelado pelos astros Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, faz jus a sua fama. Muito mais que um romance eletrizante protagonizado por Bogart e Bergman, "Casablanca" nos coloca em contato com todo o mistério da cultura árabe do norte da África, nos remete a atmosfera de tensão e medo da 2ª Guerra Mundial, tem uma trilha sonora extremamente qualificada, diálogos afiados e inteligentes e é, certamente, um dos filmes mais charmosos da história do cinema.
A década de 1940 foi pródiga no sentido de legar ao cinema mundial alguns de seus maiores filmes, casos notórios são o próprio "Casablanca", "O Mágico de Óz", "O Tesouro da Sierra Maestra" e "Cidadão Kane". Além de todo o glamour das grandes companhias cinematográficas e de seus grandes astros, há de se ressaltar a qualidade das histórias e os roteiros inteligentes.
"Casablanca" é a adaptação cinematográfica de uma peça teatral (de Murray Burnett e Joan Alison). A princípio se pensava que seria um filme de sucesso em virtude da guerra e do fato de sua história se desenvolver justamente nesse período. Isso acabaria tornando o filme um sucesso datado (ou seja, com data de validade expirável quanto a seu sucesso num período de tempo relativamente curto) e, muito provavelmente, representaria para o mesmo um futuro de poucas glórias, como muitos outros bons filmes de então ou anteriores.
No entanto, os méritos de "Casablanca" ultrapassam a sua ligação com a guerra e relacionam-se a uma história que fala de relações humanas, do amor que une os protagonistas ao ódio que leva ao confronto entre franceses e alemães. Essa linguagem universal dos sentimentos (quando bem definida e produzida), característica de todas as grandes obras, particularmente daquelas que se tornaram clássicas (na literatura, na música, nas artes plásticas, no cinema), ultrapassa períodos, vence regionalismos e nacionalismos, e se eterniza. Por isso, ainda hoje, "Casablanca" é muito mais do que um filme, é um cult-movie (filmes cultuados e adorados por legiões de fãs).
O filme
Vencedor de 3 Oscars (Melhor Filme, Diretor e Roteiro), o clássico filme conquista os espectadores em função das interpretações marcantes de Bogart, como o cínico Richard Blane, dono de um bar em Casablanca, onde circulam pessoas de diversas nacionalidades em fuga para a América. A região marroquina, controlada pela França, vive uma situação totalmente inusitada, pois os alemães a essa altura dos acontecimentos controlam aproximadamente 70% da França e, teoricamente, mandam também nas colônias dessa nação...
Apesar disso, na prática, os governantes em Casablanca continuam sendo os franceses. Isto é, procurando sempre mostrar solicitude para com os oficiais nazistas alemães que por ali circulam (ao mesmo tempo em que procuram sabotá-los agindo com lentidão). Esse é o caso do chefe de polícia Louis Renault (Claude Rains, em interpretação marcante), que tenta a todo custo agradar o comandante alemão Heinrich Strasser (Conrad Veidt).
Para cair nas graças do alemão, Renault se propõe a prender o ladrão e assassino que matou dois nazistas e se apoderou de documentos que facilitariam a saída de qualquer pessoa estacionada em Casablanca (Era difícil e caríssimo conseguir vistos de saída para Lisboa e, depois, embarcar para a América).
Esse acontecimento coincide com a chegada a Casablanca de um dos principais líderes da resistência ao avanço nazista na Europa, Victor Laszlo (Paul Heinred) e de sua esposa Ilsa Lund (Ingrid Bergman, no esplendor de sua beleza). Para saírem do norte da África, os Laszlo dependem dos salvo-condutos roubados. Por obra do acaso esses documentos acabam nas mãos de Rick (Bogart).
Descobre-se então que o cinismo e o amargor de Rick derivam de um romance que teve um desfecho confuso e infeliz... com Ilsa Lund. Crueldade do destino, o futuro dos Laszlo estava nas mãos de Richard Blane, infeliz amante abandonado por Ilsa Lund...
Aos Professores
1- A ocupação da França pelos alemães representou o auge das invasões e anexações nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Invariavelmente esse assunto é pouco trabalhado em aulas de história. Seria interessante fazer levantamentos a respeito do tema, buscando fotografias, depoimentos, descrições e acontecimentos marcantes relacionados à presença dos nazistas na cidade das luzes e também da resistência francesa (assim como dos colaboracionistas, franceses que se tornaram aliados dos alemães). Isso poderia ser proposto aos alunos para que a produção resultasse em formas alternativas de apresentação como narrações de rádio (gravadas em fitas), cartas de pessoas que vivessem nesse período, álbuns fotográficos,...
2- Outro tema pouco explorado em relação à 2ª Guerra é o conflito no norte da África. Uma forma peculiar de aproveitar o tema seria procurar outros filmes (além de "Casablanca") que mostrassem especificamente essa frente de batalha. A partir desses filmes poderiam ser desenvolvidos projetos como story-boards, histórias em quadrinhos ou ainda uma mostra de filmes. Uma boa dica para pesquisar esses filmes é o livro "Cinema e Segunda Guerra", de Nilo André Piana de Castro (Editora Universidade do Rio Grande do Sul).
3- Qual era o valor estratégico da região africana que motivou as forças do Eixo e dos Aliados a pelejarem pelo domínio daquelas localidades? Para responder adequadamente esse questionamento o ideal seria contar com o apoio da geografia. Através de um exame de mapas, descrições, fotografias e, eventualmente até contatos via internet, identificar as potencialidades naturais dos países do norte da África (vegetação, hidrografia, pluviometria, minerais,...).
4- Outra boa alternativa em relação à 2ª Guerra seria examinar os equipamentos de combate como metralhadoras, bombas, aviões, tanques, navios, veículos terrestres (caminhões, jipes), equipamentos de segurança,... O exame desses recursos poderia ser feito para entender como funcionam motores a combustão, de que forma a química promoveu o desenvolvimento de novos recursos durante a guerra, como funciona um avião de guerra, cálculos de balística, os primeiros computadores,... Tudo isso poderia ser trabalhado de forma artística, com a composição de painéis explicativos do tipo "como funciona".
Ficha Técnica
Casablanca
País/Ano de produção:- EUA, 1942
Duração/Gênero:- 103 min., Drama/Romance
Direção de Michael Curtiz
Roteiro de Julius J. Epstein, Philip G. Epstein e Howard Koch
Elenco:- Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Claude Rains, Paul Heinred,
Conrad
Veidt, Peter Lorre, Madeleine LeBeau, Dooley Wilson, Sydney Greenstreet.
Links
-http://www.adorocinema.com.br/filmes/casablanca/casablanca.asp
- http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=780
- http://www.imdb.com/title/tt0034583/
(em inglês)
1 sensimila - Recife
Nossa! esse foi o primeiro clássico cinematografico, que assisti!Muito bom! só não concordo muito c/ aquele romance do Bogart que é muito piegas, mas, o filme é ótimo,por contextualizar o período da guerra. Watch again SAM!
03/07/2009 20:01:44
2 renato dias de mello - são leopoldo
O artigo está muito bem organizado e faz excelentes comentários históticos e cinematográficos, além de indicar caminhos para professores de diversas matérias trabalharem em sala de aula vários aspectos sobre a Segunda Guerra Mundial. O artigo é acessível a qualquer tipo de leitor.
13/12/2008 19:05:33
3 dani - cuiaba mt
acho que o artigo nao é interessante e nao chama a atençao das pessoas. um artigo deve ser escrito pensando no leitor e tem que chamar a atençao dele.
29/10/2007 16:19:18
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