Sexualidade & Pessoas com deficiência - 18/11/2009
Infantilização é empecilho ao desenvolvimento sexual
Brasília - A infantilização das pessoas com deficiência é uma das causas que impedem o desenvolvimento da sua sexualidade. A ideia foi defendida (este ano em 23-03-09) durante o 1º Seminário Nacional de Saúde: Direitos Sexuais e Reprodutivos e Pessoas com Deficiência. O encontro, promovido pelo Ministério da Saúde, busca fortalecer o debate e as ações voltadas para a saúde e o bem-estar das pessoas com deficiência.
Para a jornalista Leandra Migotto, que tem Osteogenesis imperfecta, ou Síndrome dos Ossos de Cristal, como é popularmente conhecida, a infantilização das pessoas com deficiência pode aumentar a vulnerabilidade e impedir o desenvolvimento sexual.
"A partir do momento que a pessoa com deficiência é considerada ainda uma criança, a gente acha que ela, como criança, não desenvolve a sexualidade. Esse é o maior problema", afirmou.
De acordo com a professora da Universidade Federal da Paraíba e fundadora da organização não governamental Educação para Todos, Windyz Ferreira, a sociedade infantiliza, despersonaliza e rotula as pessoas com deficiência.
Para a professora Windyz, a sexualidade tem uma relação direta com o desenvolvimento e o crescimento humanos. Ela explica que as próprias pessoas com deficiência se preocupam tanto com as patologias que acabam não desenvolvendo a sexualidade e acabam se vendo como pessoas "assexuadas".
"Nós precisamos trabalhar esses âmbitos com uma diferenciação. Nós estamos buscando caminhos para que a sociedade seja o menos excludente possível", disse.
Durante o evento, a professora criticou a escassez de estudos sobre a questão da deficiência. Para ela, há falta de dados concretos para servir de base às políticas públicas.
"A falta de estudo é muito séria. Políticas públicas não podem ser construídas a partir de um grupo de pessoas, isso não é gestão democrática", disse.
Na opinião da professora, outro fator preocupante no país é que a maioria dos deficientes não tem acesso à educação, o que acaba perpetuando a invisibilidade.
"A educação é o primeiro momento da vida da pessoa com deficiência, aquele em que ela sai da família e se insere no contexto social", argumentou.
De acordo com Windyz, nos países desenvolvidos as pessoas com deficiência recebem todo tipo de tratamento, reabilitação e acesso a serviços, enquanto nos países menos desenvolvidos, como o Brasil, elas são isoladas, trancafiadas e escondidas.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, 24,6 milhões de pessoas têm deficiência.
Fonte: Agência Brasil: http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/03/23/materia.2009-03-23.3364769238/view
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