Comunicação e Educação: Território de Interdiscursividade - 11/11/2009
Professora Nádia C. Lauriti
Tentando atravessar as paredes que separam a comunicação e a educação pela abertura que a relação metonímia entre ambas instaura, constata-se que a violência não é necessária: as portas não têm de ser forçadas, embora isto não signifique que as portas se abram de imediato. Um delicado trabalho de serralheria conceitual é necessário, para que através de um sinuoso caminho se possa transformar paredes em ponte.
Este novo campo epistemológico emergente que une a comunicação e a educação pode se configurar como esta ponte: que inaugura um discurso-transverso (Pêcheux 1988), isto é, um discurso apoiado em inter-relacionamentos, em processos circulares de interpenetração ao invés da análise de processos lineares marcados pela visão fragmentada da parte pelo todo (EFEITO MOEBIUS). Este encontro desloca as duas ciências dos seus metadiscursos e as faz dialogar ao mesmo tempo em que desnuda suas idiossincrasias.
Baccega (1998), refletindo sobre a necessária articulação da comunicação com outras áreas do saber afirma que hoje as ciências humanas e sociais estão efetivamente incorporadas ao campo da comunicação, constituindo-a. Desse modo, a apropriação das ciências humanas e sociais para a constituição desse campo se dá num processo espiralado de metassignificação, que redundam, obviamente, em novas posturas epistemológicas (p. 103).
Das várias possibilidades de abordagens elegemos como eixo vertebrador deste texto a análise da trama dialógica instaurada pelos espaços de cruzamento conceituais e práticos destas duas áreas, pois o cenário pós-moderno é mais suscetível a pontes do que a paredes.
Mais do que perspectiva de análise, a cultura da pós-modernidade é, no dizer de Soares (1998), Tempo de ousadias, de abertura para o novo, de conquistas, de medos, de retrocessos, de incertezas, de comunicação.
O discurso da Educação não consegue isoladamente posicionar-se diante do novo contexto criado pelas novas tecnologias da comunicação e da informação. Sua metanarrativa é insuficiente para ressignificar seu discurso diante dessas novas mediações. Assim, educador e comunicador não podem ser pensáveis como atores independentes e isolados deste novo ecossistema da comunicação educativa.
Para MARTIN BARBERO (1997), a simples introdução dos meios e das tecnologias na escola pode ser a forma mais enganosa de ocultar seus problemas de fundo sob a égide da modernização tecnológica. O desafio é como inserir na escola um ecossistema comunicativo que contemple ao mesmo tempo: experiências culturais heterogêneas, o entorno das novas tecnologias da informação e da comunicação, além de configurar o espaço educacional como um lugar onde o processo de aprendizagem conserve seu encanto.
Para saber mais, acesse o link da USP: http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/142.pdf
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