A Invenção da Infância - 20/10/2009
Porta Curtas Petrobras - Direção de Liliana Sulzbach
Criança e infância parecem sinônimos. E assim deveria ser. Mas, infelizmente, não é... Na realidade, o que entendemos por infância é um conceito de felicidade, criado na época do Renascimento, no início da Idade Moderna (entre o final do século XV e o século XVI). Surgido num período de pujança, crescimento, confiança, crença na humanidade e em suas possibilidades.
Ao mesmo tempo em que floresciam as obras de Shakespeare, Galileu, Da Vinci, Cervantes e Hobbes – a revolucionar a ciência, a arte, a literatura, a filosofia e o conhecimento em geral, também estava no nascedouro a ideia de infância.
E o que seria esta infância senão o momento em que nossos meninos e meninas cresceriam brincando, aprendendo, convivendo, partilhando, rindo e chorando? Pois era esta concepção que surgia. As crianças poderiam inventar brincadeiras e brinquedos, teriam tempo para conhecer os livros e as histórias mais incríveis, correriam livres pelos campos e ruas a chutar lata ou o que encontrassem pela frente...
Um pouco mais para frente no tempo, já na época das revoluções burguesas, surgia a ideia da educação pública, direito universal adquirido por todo e qualquer cidadão, o que aprimorava o conceito anterior de infância porque concedia real acesso ao conhecimento por parte das crianças.
Mas mesmo assim, com ideias sendo consagradas por pensadores e celebradas em leis, a realidade se manteve afastada daquilo que se previa no papel. O preto no branco não garantia a infância para todas as crianças. Ainda era grande a quantidade de infantes que não frequentava escolas. Também abundavam os menores que ao invés de brincarem tinham que trabalhar nos campos, nas oficinas, no comércio...
E o que esperar então quando chegamos ao século XX, com todos os seus avanços sociais, políticos, econômicos e culturais? Não seria natural que com o advento de tantas facilidades a partir deste momento da história humana realmente se configurasse o encontro definitivo e universal das crianças com a infância?
Ainda assim não se pode afirmar categoricamente que toda criança vive a infância como deveria, com a felicidade de quem pode brincar de boneca ou chutar bola, estar numa sala de aula, alimentar-se dignamente, não ser obrigada a quebrar pedra ou cortar cana... Que infância é esta?
É claro que o mundo em que vivemos, que já transitou do século XX para o terceiro milênio tem milhões de crianças que de algum modo vivem a infância sonhada, senão totalmente, pelo menos de forma parcial... São os filhos de famílias que conseguem dar-lhes o acesso à escola, aos brinquedos, às amizades, aos livros, aos passeios...
Mas mesmo estas crianças sentem o peso da modernidade... Do relógio a oprimir o seu viver... Com os tique-taques a lhes dirigir os passos, definindo uma série de compromissos para que seu futuro seja melhor... Ou ainda, mesmo que crianças de corpo, mente e alma, compelidas pelos meios de comunicação a agir e pensar como adultos... Que infância é esta?
“A Invenção da Infância”, da diretora Liliana Sulzbach, curta-metragem premiado em vários festivais, traz a tona esta tão delicada e importante questão. Através de suas imagens e da fala de cada criança ficam presentes em nossa memória os gritos, de amargura ou tristeza em certos casos, de uma alegria incompleta em outros... Em todos os casos, é certo, ficam evidentes o sonho da infância a que todos têm direito, das meninas que têm hora para tudo (balé, inglês, natação, escola...) aos garotos de mãos calejadas que cortam sisal ou trabalham em pedreiras...
Por João Luís de Almeida Machado, que foi criança, que teve infância, subindo em árvores, chutando bola, brincando de carrinho e que, por conta disto, fica muito sensibilizado e revoltado em ver como as crianças não têm direito e espaço para brincar, estudar...
1 RENATO COSTENARO - PENÁPOLISSP
PARABÉNS PELO CURTA. ELE RETRATA COM FIDELIDADE A VIDA DAS CRIANÇAS NO PAÍS. TANTO AS POBRES QUANTAS AS RICAS, DESDE CEDO TEM A INFÂNCIA PERDIDA, OU PELO TRABALHO OU EXCESSO DE ATIVIDADES. OU ESSA SITUAÇÃO MUDA OU TEREMOS A CADA DIA ADULTOS MAIS INFELIZES, QUE REPRODUZIRÃO MODELOS AOS SEUS FILHOS, QUE MANTERÃO ESSA ESCALADA AOS CAOS. HAJA PSIQUIATRA PARA TODA A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA.
30/04/2011 16:14:45
2 Clarice Anunciata Lombardi - Santo André SP
Pelo menos os direitos dos pequenos nossa sociedade teria obrigação de garantir. Seja para a criança mais favorecida da classe média mas, sobretudo, para a criança pobre/trabalhadora. Este vídeo é um instrumento de reflexão importante.
Parabéns à diretora e equipe por realização tão essencial.
29/04/2011 17:13:23
3 Eliane A. Alves - Itanhaém
Achei muito interessante a abordagem da criação da infância,
o curta nos mostra a diversidade de um país como o Brasil em seus contrastes, e as diferenças sociais entre as crianças, e suas transformações das sociedades.
27/04/2011 16:12:08
4 Lucia - Viseu
Nao ouve nada de intersante espero k pa profsima fazam melhor
21/01/2010 11:41:41
5 cássia valeria - Recife
Infancia no tempo em que cresci era a melhor época da vida porque tudo era feito com calma e sem pressão. Hoje criança começa a competir desde o banco da escola. Compete em usar a melhor roupa, em aproveitamento escolar, ou na pior das hipoteses em violencia
daí toda a razão
20/10/2009 20:53:11
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