Concordando com tudo que foi dito sobre o depoimento da educadora Miriam, o trabalho do professor é além de tudo que sabemos  contagiante, tem o poder de serem difundidos para o resto da escola, para a turma, seus pais, ele é o maestro dessa orquestra, e a música que ele ensaia dentro da sala ecoa fora dela.
 
Depoimento  enviado por mim (mãe da Laura) à coordenadora pedagógica da escola  e que foi lido por ela para todas as professoras da educação infantil.
 
 Olha, queria falar com vocês sobre a reunião na sala da Professora Cláudia depois da reunião geral, as mães começaram a falar do que significou para elas ter a Laura na turma de seus filhos. A Marcela ressaltou a questão de valores, solidariedade e cidadania.

A mãe da Lívia contou que a menina em casa andava de olho fechado e quando ela perguntou o que estava fazendo, respondeu que era para saber como a Laura fazia e então disse: “a gente precisa mesmo ajudá-la". A mãe do Artur disse que várias vezes ele pegava um objeto em casa e dizia à mãe as características estando com o olho fechado, contando que era assim que a Laura via. Outra disse que o melhor foi que agora ninguém olha para a Laurinha e pensa que é a menina cega , porque consegue ver a menina , a criança. E outra ainda me disse que mães da outra sala ainda lamentam que os filhos não convivam mais de perto com a Laura.

E sabem por que isso aconteceu? A professora em sua convivência foi verdadeira e sincera na sua relação com a Laura. As crianças foram a versão da professora. A versão do seu afeto, do seu respeito, da sua sinceridade. E isso foi muito bonito de ver.

E estou ressaltando esse aspecto das outras famílias em relação a uma criança com deficiência na turma porque é comum que a despeito de toda a legislação que existe e da questão de direitos humanos e do preconceito que as pessoas "dizem" não ter, não é de se surpreender que algumas ainda questionem a " diversidade " na sala de aula.. A preocupação de que o aprendizado do seu filho possa ser comprometido, etc. E muito se lê sobre o que as demais crianças aprendem com seus colegas com deficiência, acho que a turma da Laura descobriu o que se pode aprender.

Aprenderam sobre ser cidadão, a se preocupar com o outro, a não discriminá-lo, aprenderam que apesar de parecer tão diferente essa sua maneira de " ver " o mundo, ela pode dançar, cantar , chorar, aprender, sentir, ser elogiada , ser recriminada , como eles também, e conseguindo perceber isso , a deficiência passa ser uma característica da pessoa , e não algo mais importante do que a ela .E assim , nasce a esperança de que esses alunos possam ser no futuro cidadãos melhores do que fomos ou somos, menos preconceituosos, profissionais que possam pensar num desenho universal , em acessibilidade quando forem oferecer um serviço ou produto , e aí não vamos precisar falar sobre educação ou sociedade inclusivas .

Essa é a idéia, esse é o desejo. Marize (coordenadora pedagógica), você que me conhece desde o Castelinho ( primeira escola da Laura) , deve lembrar de quando eu cheguei , o meu objetivo sempre foi esse , de que a deficiência da Laura fosse considerada apenas quando necessário , que o foco fosse sobre ela como criança , e não sobre a sua deficiência e que sobretudo ela tivesse as mesmas oportunidades para o aprendizado e que sobre ela tivéssemos as mesmas expectativas .

No dia da formatura ( conclusão da educação infantil ) quando a vi cantando inglês com seus colegas, pensei comigo : "que bom , conseguimos realizar essa etapa com sucesso."

Para isso a participação de voces foi fundamental , o investimento que a escola fez comprando a máquina braile foi uma demonstração de compromisso com a proposta da inclusão, bem como o interesse de realizar modificações na biblioteca para dar a Laura autonomia e prazer em frequentá-la .
 
A Dheina ( professora de informática ) tem sido muito importante em um aspecto essencial no desenvolvimento escolar da Laura , que é a sua iniciação na ferramenta que mais utilizará na vida ..., dá pra perceber o seu empenho também , e mais do que isso, seu entusiasmo, seu otimismo .
 
E são essas as palavras de ordem na sala com a professora Cláudia, ela foi sempre otimista , sempre pró-ativa , sempre entusiasmada , e sobre ela , posso dizer que fez o seu melhor, e isso resultou em conquistas surpreendentes e inesperadas ,como a Laura escrevendo o nome em tinta e se relacionando com prazer com desenhos .
 
Precisava que soubessem disso. Parabéns por terem essa equipe trabalhando com vocês.
E espero que possamos em 2010 continuarmos essa parceria , escola e família juntas , tão importante em qualquer situação , não é verdade ?

Um grande abraço para vocês, muito obrigada por tudo !
 
Rosangela Gera.