Aprender com as Diferenças
Luís Campos - Blind Joker Salvador - Bahia – Brasil

Homenagem a José Álvares de Azevedo - 25/08/2009
Patrono da Educação dos Cegos no Brasil

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Dia oito de abril
lá no Rio de Janeiro,
no ano de trinta e quatro
nasceu esse brasileiro,
traz o Braille pro Brasil
tornando-se um pioneiro.

E por seu pai ter dinheiro,
nada a ele faltava,
embora nascesse cego,
o menino aprontava
por ser muito inteligente,
ele a todos conquistava.

Como aqui não estudava,
aos dez anos foi levado
para estudar na França (1),
como fora indicado
por um amigo do pai,
que de lá tinha chegado.

Após alfabetizado,
o Álvares retornou (2),
contava dezesseis anos
e com um sonho voltou:
ensinar braille aos cegos,
foi o que ele pensou.

Tudo se concretizou
na Capital do Império,
Pedro II atendeu
aquele jovem tão sério,
que trazia novidades
de um outro hemisfério.

Exerceu o magistério,
cegos alfabetizando,
escreveu muitos artigos
na imprensa, publicando
sobre o Sistema Braille
que estava ensinando.

A bandeira desfraldando
nosso jovem professor
pra fundar um instituto (3),
com muita gente contou,
assim, em cinquenta e quatro
seu sonho concretizou.

Quando se inaugurou (4)
o Instituto querido,
a tristeza foi geral
por ele haver morrido (5),
em dezessete de março
deu-se o acontecido.

Não deve ser esquecido
este grande benfeitor,
o famoso Louis Braille
até foi seu professor,
o Álvares, no Brasil
do Braille foi precursor.

Foi um multiplicador,
um grande idealista
pela causa da cegueira,
mostrou-se um altruísta
do Braille, missionário
como nobre humanista.

E aqui o repentista
faz uma reflexão:
o cego é consciente,
não precisa de gestão.
sabe gerir sua vida
como todo cidadão.

Não há outra condição,
exigimos seu respeito,
já é hora desse povo
nos tratar sem preconceito,
não queremos assistência,
apenas nossos direitos.

Se é justo nosso pleito,
então vamos exigir,
dizendo ao governante
para seu dever cumprir,
lutemos com muita garra
pras mazelas corrigir.

Só não podemos fingir
que tudo está certinho,
façamos acontecer,
tracemos nosso caminho
busque sua Entidade
para não lutar sozinho.

Sem fazermos burburinho,
devemos reivindicar,
ao Congresso brasileiro
muitas cartas enviar,
lembrando que a "Carta Magna",
eles devem respeitar.

Meu cordel quero findar
e deixar o meu recado:
seja cego, não omisso
se quiser ser respeitado,
pois todo deficiente
deve lutar lado a lado!

Fim.

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