Aprender com as Diferenças
 

Mamãe é Down - 05/06/2009
Maria Gabriela, mulher de Fábio e mãe da pequena Valentina

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Há no mundo cerca de 30 casos documentados de mulheres com a síndrome que deram à luz. Uma delas é Maria Gabriela, mulher de Fábio e mãe da pequena Valentina

Solange Azevedo (texto) e Rogério Albuquerque (fotos), de Socorro (SP).

Tio, a barriga da Gabriela está dando socos. "Foi assim, no meio de um bate-papo inocente, que o estudante Fábio Marchete de Moraes, de 28 anos, deixou escapar que ele e a mulher brincavam de "examinar" o ventre dela. Fábio não imaginava que as pancadinhas partiam de uma criança em gestação. Maria Gabriela Andrade Demate, a dona da barriga, também de 28 anos, não fazia idéia de que estava grávida. Embora estivessem juntos havia três anos, dividindo o mesmo teto e a mesma cama, Fábio e Gabriela acreditavam que o sexo entre eles fosse proibido. Seus pais nunca tinham dito, de maneira explícita, que permitiam esse tipo de intimidade. Gabriela tem síndrome de Down. Fábio é deficiente intelectual.

Foi por desconfiar do abdome saliente de Gabriela que o amigo de Fábio procurou a mãe da jovem. "Os dois vêm a minha choperia quase todos os dias e me chamam de tio", diz Vlademir Cypriano. "Eles me contam coisas que não falam para mais ninguém." Um teste de farmácia, comprado às pressas, não foi suficiente para eliminar a suspeita. "Mesmo vendo as duas listrinhas do exame, não acreditava que a minha filha estivesse grávida", afirma Laurinda Ferreira de Andrade. "Levei Gabriela a três ginecologistas e nenhum deu certeza de que ela pudesse ter um bebê. Percebi que estava ficando mais gordinha. Mas achei que fosse por comer demais". A gestação avançada, descoberta aos seis meses, gerou pânico e encheu a família de dúvidas. Até o nascimento prematuro de Valentina, transcorreram cerca de 60 dias. "Foram os mais longos da minha vida", diz Laurinda. "Minha filha não tinha feito o pré-natal desde o início, como é recomendado. Por causa da síndrome de Down, ela poderia ter problemas cardíacos. A gravidez era de risco".

Apesar de o processo de inclusão dos deficientes na sociedade estar distante da perfeição, Gabriela representa uma geração que tem desbravado caminhos. Quando ela nasceu, em 1980, não era comum avistar crianças Downs nos arredores de Socorro – município paulista de 33 mil habitantes fincado na divisa com Minas Gerais, onde Gabriela cresceu – nem pelas ruas de grande parte das cidades brasileiras. "Na hora do parto, perguntei ao médico: "Doutor, a minha filha é perfeita?", diz Laurinda. "Ele me respondeu: "O que é ser perfeita? É ter braços? Pernas? Então ela é perfeita".

Embora desconfiassem do diagnóstico, nenhum profissional do hospital revelou à família a deficiência de Gabriela. Afirmaram apenas que ela tinha algum "problema genético". Ao deixar a maternidade, Laurinda procurou ajuda. "Foi um choque descobrir que a minha filha era Down. O médico me contou da pior forma possível. Disse que ela ia ter um monte de doenças, ter problemas cardíacos e ia morrer. Até que uma amiga me alertou que eu teria de escolher entre fechá-la dentro de casa ou abri-la para o mundo. Vesti a Gabriela com a melhor roupa e saí."

A desinformação – que em parte se deve aos próprios profissionais de saúde – perpetua um mito que a ciência já derrubou. É raro, mas mulheres Downs podem engravidar. "No mundo todo, há apenas cerca de 30 casos documentados de mulheres Downs que tiveram filhos", diz Siegfried M. Pueschel, geneticista do Rhode Island Hospital, nos Estados Unidos, um dos maiores estudiosos da síndrome.

Os homens são quase sempre estéreis. Na literatura médica, há só três casos descritos de pais Downs. Com as mulheres é diferente. "Um terço delas é fértil. Um terço ovula irregularmente. E um terço não ovula", afirma o geneticista Juan Llerena Junior, do Instituto Fernandes Figueira, uma unidade da Fiocruz. "Hoje, os jovens que têm a síndrome estão mais expostos à vida social e ao sexo. Muitos deles trabalham, têm amigos, saem para se divertir. Antes não era assim. Eles ficavam mais reclusos", diz Pueschel.

A postura positiva de Laurinda, mãe de Gabriela, foi determinante no desenvolvimento da filha. Gabriela deu os primeiros passos sozinha aos 2 anos e 8 meses. Na infância, tinha medo de água e de andar de bicicleta. Afogava-se na piscina, mas pulava de novo até aprender a nadar. Ao andar de bicicleta, caía. Ralava as pernas. Subia de volta e pedalava. Apesar dos hematomas que ganhava nas aulas de judô, lutou para chegar à quarta faixa. Gabriela resistiu aos golpes – e revidou –, a ponto de pendurar uma medalha no peito. Dançou balé. Foi rainha de bateria de escola de samba e tocou tamborim numa ala dominada por homens. Gabriela fica indignada por não dirigir. "Se todo mundo pode, por que eu não posso?", diz. Em Socorro, cidade do interior paulista onde vive, ela é mais popular que o prefeito. Todo mundo conhece um pouco de sua história.

Fonte: Revista Época: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI11982-15228,00-MAMAE+E+DOWN.html

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16 COMENTÁRIOS

1 Isa Gomes - SP
Quero noticias... por favor... como estão vocês?
25/11/2012 11:53:08


2 VERA - capao bonito
AMEI A HISTORIA DELES TENHO UM FILHO COM DAW ELE TEM 5 ANOS O AMO MUITOO MUITAS FELICIDADES PARA O CASAL QUE DEUS ILUMINE SEMPRE ELES
11/10/2012 22:04:24


3 Maria Elizabete da Silva - Ipatinga
Essa história é simplismente linda, parabéns ao casal e que Deus abençõe sempre os três, também tenho um sobrinho assim e eu o amo muito, inteligente e carinhoso. Beijo a todas as mães que tem um filho ou filha especial, é por isso que ganhamos destaque em 08/03, por que também somos especiais!
08/03/2012 14:37:54


4 Neli Mara da Silva Chavão - Niterói RJ
QUE MARAVILHA, PRINCIPALMENTE PARA MIM, QUE SOU MÃE DE UMA LINDA MENINA DE 13 ANOS DOWN, SEMPRE DIGO QUE SER DIFERENTE É MAIS DO QUE NORMAL. TANTAS COISAS APRENDEMOS, QUANTOS MOMENTOS FELIZES PASSAMOS AO LADO DE UM SERZINHO COMO ESTE. SÓ QUEM TEM SABE O PRIVILÉGIO QUE É CONVIVER COM UM DOWN, NO INICIO AS PREOCUPAÇÕES SÃO MUITAS, MAS COM O DECORRER DO TEMPO, EM QUE VAMOS FAZENDO OS EXAMES EXIGIDOS PELOS MÉDICOS E OS RESULTADOS VÃO DESCARTANDO CERTOS PROBLEMAS, QUE AS VEZES PODEM VIM COM OS PEQUENINOS, UMA VEZ QUE SUAS IMUNIDADES SÃO BAIXAS. COMEÇAMOS A RELAXAR E CURTIR ESSAS PESSOINHAS TÃO ESPECIAS ENVIADAS POR DEUS. DIGO PRA MINHA LINDA ANA BEATRIZ QUEM SEM ELA MINHA VIDA NÃO TERIA SENTIDO ALGUM.SEMPRE FALO PRA ELA VOCÊ É O SOL QUE ME FAZ DESPERTAR TODAS AS MANHÃS, AS ESTRELAS CINTILANTES LÁ NO CÉU ME AVISANDO QUE A NOITINHA VEM CHEGANDO E A CHUVA QUE VEM REGAR AS FLORES NO JARDIM DO MEU CORAÇÃO SOMOS DUAS VIDAS UNIDAS EM UM SÓ AMOR E PARA SEMPRE. A TODOS OS PAIS, ASSIM COMO EU CURTAM CADA MOMENTO BEM JUNTINHO AOS SEUS FILHOS E OS AME VERDADEIRAMENTE ASSIM COMO ELES TAMBÉM NOS AMAM COM O AMOR MAIS PURO QUE PODERIA EXISTIR AQUI NA TERRA. DESPRENDIDO DE QUALQUER INTERESSE E MALDADE, POIS NESSES CORAÇÕES SÓ EXISTE AMOR. SEMPRE AGRADEÇO A DEUS POR ESSE MAIOR PRESENTE QUE EU PODERIA RECEBER. FILHA A MAMÃE TE AMA MUITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO. UM FELIZ NATAL A TODOS, QUE VENHA UM MUNDO MELHOR E QUE HAJA PAZ E AMOR ENTRE TODOS OS POVOS. AMEM!
02/12/2011 19:47:56


5 renata - votuporanga
muito linda essa historia dela parabens...
27/11/2011 11:20:03


6 debora - caarapo
parabens a bebe e limda ,que deus comtinui abençoãndo vcs!!! felicidades
13/10/2011 11:24:21


7 dilma - usa
Parabens ao casal!. Valentina e fofissima!!! Que Deus continue abencoando essa familia
10/07/2011 17:50:28


8 Célia Maria da Silva Farias - Ouro Verde do OESTE Paraná
Fico muito emocionada quando vejo que ainda tem mais pessoas como eu, tenho um filho com sindrome de dovn ele é muito lindo é minha razão de viver tem seis anos hoje tive um gestação normal sem complicações não sabia que ele seria davn. Mas o meu desepero veio depois, quando ele nasceu prematuro de oito meses e eu quase o perdi implorei tanto a deus que não o tirasse ele de mim e deus ouviu as minhas preces porque quando ele nasceu o quadro de saúde dele era grave mas o médico nem se preocupou poi o mesmo pensou que era deus que poderia decidir entre a vida e a morte,achou que poderia decidir quem deveria viver e quem deveria morrer, e por meu filho ser dovn ele achou que ele deveria morrer e isso aconteceu quando ele negou atendimento pois meu filho teria que ter ido para uma U.T.I e ele não fez isso. Estou escrevendo um livro e vou publicalo se deus quiser. O titulo é, O MÉDICO QUE PENSOU QUE ERA DEUS.Hoje estou muito feliz trabalho em uma escola me formei este ano em Pedagogia vou fazer pós em Educação especial estou lutando, tudo por meu filho. Espero que um dia não haja mais preconceitos pois enquanto existir separação existirá o preconceito.
22/06/2011 22:26:51


9 Renato - Campinas SP
É lindo a história e confrontante para nós. Sempre achamos que precisamos de mais e mais para nos realizar, quando simplismente o dom da vida é necessário, independente de quem somos e de como somos.
01/03/2011 17:12:28


10 Ana Paula Sandis - tangará da serra MT
Que historia linda.. quase chorei na parte que diz: O médico me contou da pior forma possível. Disse que ela ia ter um monte de doenças, ter problemas cardíacos e ia morrer. Até que uma amiga me alertou que eu teria de escolher entre fechála dentro de casa ou abrila para o mundo. Vesti a Gabriela com a melhor roupa e saí. PARABENS PRA GRABIELA E PRA MAE DELA... MULHERES ABENÇOADAS.. ABRAÇOS
17/09/2010 13:21:24


11 valdiléia das graças alves - Juioz de fora
Adorei a reportagem, é muito bom saber que existem pessoas que superam suas dificuldades com sabedoria e amor. A senhora é um exemplo de mãe. Parabéms por ter uma filha tão esforçada e batalhadora. Sei que é dificil lhe dar com as dificuldades de incluir, pois sou estagiária e estou em uma escola da prefeitura que tem uma criança com sindrome de dow. Apaixonei, felicidades atodos!!!
02/09/2010 18:35:13


12 juliene mendes - brasilia
parabens sua familia e linda,e sua filha e uma verdadeira princesa muito fofa,
20/07/2010 15:45:43


13 Amanda - Cubatão/sp
São pequenos gestos na vida da pessoa que fazem toda diferença. Parabêns, que Deus continue abençoando vocês.
26/05/2010 15:08:27


14 wendy - ceilandia df
adorei a historia é linda parabens a bebe é uma linda é isso ai para esse casal de 0 a 10 eu dou nota 1000 muito fofos eles nao sao diferentes sao especiais
05/04/2010 11:27:56


15 isabel - joão pessoa
Adorei a história de gabriela,tenho uma filha que tem treze anos de idade,ela tem down Aos meus 17 anos de idade tive uma gravidez gemelar,foi uma gravidez tranquila,aos 8 meses tbm prematuras nasceram minhas 2 filhas,jessica e janaina,sendo jessica com sindrome de down e janaina não. Para mim foi um grande choque,mais hoje são bençãos de Deus. Parabéns pelo casal e pela bela valentina,beijos e felicidades.
19/03/2010 22:58:35


16 edna maria tavares - rio de janeiro
Parabens pelo belo casal felicidades para eles, inclusive para essa bb lindissima. Sejam bastante felizes.
01/10/2009 20:20:18


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