Os Infames da História: Pobres, Escravos e Deficientes no Brasil - 25/05/2009
Jorge Márcio Pereira de Andrade
Esta obra que conheço e reconheço sua importância, desde seu formato e gênese em Tese de Doutoramento, nos traz uma imprescindível reflexão sobre a História e a Historiografia das pessoas com deficiência, dos pobres (classe social ou espaço de exclusão e de criação de temor), e nossos degredados negros escravos, assim como os colonizadores criaram e nomearam os nossos indígenas nativos (os "in-dios" = Sem Deus), com todas as teorias de degenerescência e hereditariedades perversas (as chamadas "taras" ou "defeitos"), que tornavam o "Brasil, como todas as colônias europeias, (era) usado como depósito para indesejáveis e como lugar de degredo (...), endireitamento das propensões perigosas do espírito e a cura dos vícios do coração..." (Lília Ferreira Lobo), com as nascentes das bases "científicas" e históricas que favoreceram os futuros movimentos higienistas, eugenistas e das políticas de prevenção, controle biopolítico de corpos desviantes, a moda da Lei dos Pobres, editada na Inglaterra no terceiro terço do século XIX, que criou um conjunto de normas jurídicas para o controle médico sobre a população pobre.
Recomendo a leitura atenta e refinada deste trabalho que pode contribuir para a genealogia das instituições que vem sendo construídas, recriadas, edulcoradas em torno das pessoas com deficiência, assim como envolvendo a todos os que possam estar entre os conceituados (e pré-conceituados) como "populações, massas, indivíduos" em processo de vulneração, a exemplo dos "loucos de toda sorte", os "homossexuais e os travestis", "os sem-terra", "os menores infratores", "as mulheres prostituídas","os velhos aposentados", "os negros em seus neo-quilombos-favelas", "os indígenas em suas reservas" e os "miseráveis anômicos", vistos como sujeitos que "portam uma anomalia ou diferença , como ameaça ou risco de desordem social, contágio, violência, esgotamento de recursos", colocados como Minorias e ou Marginalizados, sendo todos e todas considerados em uma perspectiva de desfiliação social ou exclusão social, a serem panopticamente classificados, fiscalizados, biopoliticamente, na Sociedade do Controle e do sonho milionário BBB, em plena Idade Mídia e tempos de Hipercapitalismo em "crise".
A grande amiga e parceira do Núcleo de Psicanálise e Análise Institucional-RJ, assim como ativista de direitos humanos do Grupo Tortura Nunca Mais-RJ, o meu afetuoso e permanente abraço, com os parabéns por mais esta conquista em prol da afirmação de um outro mundo possível e por nos lembrar que a História e sua memória não devem ser apagadas.
Jorge Márcio Pereira de Andrade - DEFNET - Campinas-SP
Fonte: Rede Saci (http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=25341)
http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=1515
1 Sandra Cristina Andreciolli de Matos - Lençóis Paulista
Adorei este artigo, muito interessante nos faz pensar muito.
27/05/2009 13:25:29
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