Trechos de filmes ou Projeção na Íntegra? - 16/02/2009
O pacote inteiro ou só uma bolachinha? Eis a questão...
Essa é uma questão bastante frequente nos encontros com professores, ou seja, se devemos passar o filme inteiro ou se devemos selecionar apenas alguns trechos específicos... Trata-se, inclusive, de dúvida pertinente e que merece uma ponderação especial, por isso iremos dedicar essas linhas a responder a partir da experiência e das leituras que já pudemos fazer a respeito do assunto.
Há autores que defendem que se passarmos apenas trechos estaremos agindo como professores de literatura que recomendam aos seus alunos que leiam somente alguns dos capítulos dos livros a eles indicados... Pensam assim porque creem que estaria ocorrendo uma mutilação da obra fílmica e que isso constituiria uma perda significativa para quem o assiste. Para essas pessoas o ideal é que seja o filme uma produção de 60 ou 300 minutos, devemos apresentar tudo para nossos alunos ou público-alvo.
Nem todos esses estudiosos estão na sala de aula, em especial, na lida com alunos do ensino fundamental ou da educação infantil... Por isso, sua percepção não está dimensionada nos conformes de uma realidade corrida, com público muito heterogêneo, onde há cronogramas e conteúdos a serem cumpridos,...
Não estou com isso descartando a utilização integral dos filmes, apenas dizendo que na maioria esmagadora das situações de trabalho nas escolas, com aulas de 45 ou 50 minutos, fica bem difícil passar o filme na íntegra. No entanto, há casos e casos... Somente para exemplificar, realizei um trabalho com alunos de ensino fundamental, para a matéria de filosofia, em que apresentei as ideias e pedi a leitura do livro "A Revolução dos Bichos", clássico de George Orwell.
Depois de aulas, atividades, debates e tarefas e antes das avaliações - levei e apresentei para esse grupo de alunos o filme baseado no livro, uma produção para a televisão disponível em vídeo e DVD no Brasil. Passei na íntegra, pois tinha a intenção de mostrar a todos eles as diferenças entre o texto e o filme.
Na maior parte das situações, no entanto, tenho privilegiado a utilização de trechos curtos e estimulado os estudantes a assistirem o filme inteiro em suas casas, na companhia dos colegas. Normalmente os alunos acabam se interessando pela produção e assistindo (nem todos, é claro).
O uso de trechos de filmes pode ser demonstrado, por exemplo, a partir de algumas aulas em que trabalhei com filmes como “A Lista de Schindler” e “O Resgate do Soldado Ryan”, ambos de Steven Spielberg. Estes filmes abordam a Segunda Guerra Mundial [1939-1945] em momentos específicos daquele histórico conflito, no caso, dando ênfase a tragédia dos campos de concentração [Schindler] e ao desembarque do Dia D [Resgate].
Selecionei trechos específicos, como a invasão da Normandia, logo no princípio de “O Resgate do Soldado Ryan” ou ainda a expulsão dos judeus do Gueto em “A Lista de Schindler” como amostragens mais do que eloquentes daquilo que estávamos ou havíamos trabalhado em sala de aula com os estudantes através de textos, explanações, exercícios, tarefas... Com um adendo, tanto o primeiro quanto o segundo filme foram explorados também como objetos de análise, enriquecimento, compreensão, aprofundamento e avaliação dos conteúdos relativos a 2ª Guerra através de atividades como trabalhos em grupos, tarefas ou mesmo avaliações...
Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.