A Semana - Opiniões
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Como organizo meus estudos - 28/01/2009
A visão dos alunos

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Tive a oportunidade de realizar alguns levantamentos junto a grupos de alunos com os quais trabalhei acerca dos caminhos por eles percorridos para a organização de seus estudos. Desenvolvi este trabalho como parte inicial dos trabalhos em disciplinas como Metodologia de Pesquisa e também em Projetos.


Sempre tive a preocupação de realizar esta pesquisa prévia antes mesmo de introduzir estes estudantes a qualquer tipo de referencial teórico que pudesse orientar sua reflexão. As respostas são, portanto, fruto da experiência anterior de grupos de alunos oriundos de realidades diversas quanto a municípios em que residiram, escolas nas quais estudaram e, certamente, bases familiares, culturais, econômicas e sociais.

O que chama a atenção a primeira vista é que, enquanto grupo, as respostas são bastante coerentes e demonstram que os estudantes têm bastante clareza quanto aos caminhos que podem levá-los a resultados de maior qualidade quanto aos seus estudos. 

Como as respostas compõem um quadro montado a várias mãos, as soluções no conjunto não eram utilizadas por todos os estudantes e, a própria execução deste exercício em grupo foi elemento importante para que todos eles viessem a repensar a forma como desenvolviam seus estudos até aquele momento.

É certo que há uma distância grande entre aquilo que foi pensado coletivamente e acordado como sendo algo de valor para todos enquanto caminho a ser seguido no que se refere aos estudos e a realidade vivida por cada um dos estudantes. Neste ponto nos deparamos com a velha dicotomia, os pólos que devem se atrair, mas que muitas vezes se repelem, ou seja, a relação entre teoria e prática...

Vamos, no entanto, conhecer as respostas dos estudantes e verificar sua pertinência para daí em diante repensar estes procedimentos.

  1. Caderno separado por matérias [Textos dados são guardados e separados por disciplina] – prática comum entre os estudantes, revela a preocupação com a organização dos saberes por áreas. Traz a tona questões importantes quanto a necessidade de trabalhos multidisciplinares ou interdisciplinares como elementos que podem orientar o trabalho educacional a aproximar as diferentes áreas do conhecimento humano.

  1. Copiar os dados apresentados em aulas através de transparências ou anotados na lousa – o que antigamente era praticamente lei caiu em desuso para muitos estudantes, mas a cópia das informações apresentadas pelos professores é considerada atividade necessária pela esmagadora maioria dos estudantes.

  1. Anotações pessoais dos dados trabalhados em aulas – Além daquilo que eventualmente é trabalhado e anotado pelo professor em sala de aula, alguns alunos adotam a prática de “traduzir” e “interpretar” os conhecimentos discutidos nas disciplinas para um linguajar mais compreensível.

  1. Empréstimo de livros para reforçar os conhecimentos sobre os conteúdos – leituras adicionais são consideradas pontos de apoio imprescindível para a compreensão e aprofundamento pela maioria dos estudantes ainda que esta prática não seja tão regular entre eles.

  1. Estudo diário e antecipado em relação a provas e trabalhos previstos – esta ação é praticamente uma unanimidade entre os alunos, ao menos enquanto teoria, pois na prática, isso ainda não acontece...

  1. Agendamento dos compromissos escolares e Horário marcado para os estudos – Todos estão cientes da necessidade de manter como hábitos de trabalho e estudo o agendamento dos compromissos e também a definição de horários e locais mais adequados ao estudo. A regularidade não é, no entanto, ainda uma realidade quanto a isto.

  1. Fazer pesquisas complementares na Internet – A compreensão de que a web é uma ferramenta importante e que a mesma veio para ficar em definitivo é total entre os estudantes. Deve-se, porém, realizar trabalhos que orientem o aluno a utilizar com sabedoria este recurso, condenando a simples ação de copiar e colar e propondo que sejam traçados paralelos entre o que a Internet provê com aquilo que vem de outras fontes [aulas, livros, jornais, revistas, músicas, filmes...].

  1. Prestar atenção nas aulas; Tirar eventuais dúvidas em aula com o professor – Para que isto aconteça é de fundamental importância que as aulas sejam mais instigantes, interessantes, provocativas e participativas para os alunos. É patente entre os estudantes que as aulas expositivas tradicionais não conseguem mais interessá-los e que aos professores compete o compromisso de renovar sua prática pedagógica.

  1. Complementar os dados sobre as matérias dadas com novas pesquisas [Utilização de mais de uma fonte bibliográfica para ampliar os conhecimentos] – Esta ação, compreendida como reforço que permite aos alunos não se limitar somente ao que foi dito em sala de aula ou ao que está escrito em seus materiais didáticos depende muito de orientação e estímulo dos docentes, orientadores educacionais e coordenadores pedagógicos.

  1. Estudar em locais calmos, silenciosos, arejados e iluminados – Os estudantes têm total clareza quanto a isto, mas como parte de gerações multitaskers [multitarefas], já se adaptaram para o exercício do estudo em locais não tão silenciosos [em que eles mesmos ligam aparelhos de som, por exemplo]. O ideal é que não sejam atrapalhados e que os locais de estudo sejam arejados e bem iluminados, sem interrupções por conta de telefones ou pessoas.

  1. Assistir a filmes com temas relacionados aos assuntos em estudo – As atuais gerações de estudantes são eminentemente visuais e o acesso a mídias que utilizam imagens, sons, efeitos visuais e outros recursos é muito grande. Utilizar esta realidade a favor dos estudos é outra medida considerada pelos alunos como sendo bastante enriquecedora. Para tanto sugerimos projetos pedagógicos embasados em literatura especializada, como aquele que desenvolvemos na coluna Cinema na Educação.

  1. Anotar os livros utilizados no curso em agendas ou arquivos – O percurso bibliográfico dos estudos realizados pode ser valioso mapa para estudos futuros e isto alguns alunos já estão percebendo. Dica de grande valor.

  1. Reunir-se em pequenos grupos para debater os temas estudados – Recorrer aos colegas de classe quando há dúvidas pode ser um elemento facilitador grandioso nos estudos. Algumas vezes os dados apresentados pelos professores ou contidos nos livros de referência não estão claros para alguns estudantes e a “tradução” e “interpretação” dos mesmos pelos colegas facilita muito a compreensão dos referidos conteúdos e saberes.

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