Tive
a oportunidade de realizar alguns levantamentos junto a grupos de
alunos com os quais trabalhei acerca dos caminhos por eles percorridos
para a organização de seus estudos. Desenvolvi
este trabalho como parte inicial dos trabalhos em disciplinas como
Metodologia de Pesquisa e também em Projetos.
Sempre
tive a preocupação de realizar esta pesquisa
prévia antes mesmo de introduzir estes estudantes a qualquer
tipo de referencial teórico que pudesse orientar sua
reflexão. As respostas são, portanto, fruto da
experiência anterior de grupos de alunos oriundos de
realidades diversas quanto a municípios em que residiram,
escolas nas quais estudaram e, certamente, bases familiares, culturais,
econômicas e sociais.
O
que chama a atenção a primeira vista é
que, enquanto grupo, as respostas são bastante coerentes e
demonstram que os estudantes têm bastante clareza quanto aos
caminhos que podem levá-los a resultados de maior qualidade
quanto aos seus estudos.
Como
as respostas compõem um quadro montado a várias
mãos, as soluções no conjunto
não eram utilizadas por todos os estudantes e, a
própria execução deste
exercício em grupo foi elemento importante para que todos
eles viessem a repensar a forma como desenvolviam seus estudos
até aquele momento.
É
certo que há uma distância grande entre aquilo que
foi pensado coletivamente e acordado como sendo algo de valor para
todos enquanto caminho a ser seguido no que se refere aos estudos e a
realidade vivida por cada um dos estudantes. Neste ponto nos deparamos
com a velha dicotomia, os pólos que devem se atrair, mas que
muitas vezes se repelem, ou seja, a relação entre
teoria e prática...
Vamos,
no entanto, conhecer as respostas dos estudantes e verificar sua
pertinência para daí em diante repensar estes
procedimentos.
- Caderno
separado por matérias
[Textos dados são guardados e separados por disciplina]
– prática comum entre os estudantes, revela a
preocupação com a
organização dos saberes por áreas.
Traz a tona questões importantes quanto a necessidade de
trabalhos multidisciplinares ou interdisciplinares como elementos que
podem orientar o trabalho educacional a aproximar as diferentes
áreas do conhecimento humano.
- Copiar
os dados apresentados em aulas através de
transparências ou anotados na lousa
– o que antigamente era praticamente lei caiu em desuso para
muitos estudantes, mas a cópia das
informações apresentadas pelos professores
é considerada atividade necessária pela
esmagadora maioria dos estudantes.
- Anotações
pessoais dos dados trabalhados em aulas
– Além daquilo que eventualmente é
trabalhado e anotado pelo professor em sala de aula, alguns alunos
adotam a prática de “traduzir” e
“interpretar” os conhecimentos discutidos nas
disciplinas para um linguajar mais compreensível.
- Empréstimo
de livros para reforçar os conhecimentos sobre os
conteúdos –
leituras adicionais são consideradas pontos de apoio
imprescindível para a compreensão e
aprofundamento pela maioria dos estudantes ainda que esta
prática não seja tão regular entre
eles.
- Estudo
diário e antecipado em relação a
provas e trabalhos previstos
– esta ação é praticamente
uma unanimidade entre os alunos, ao menos enquanto teoria, pois na
prática, isso ainda não acontece...
- Agendamento
dos compromissos escolares e Horário marcado para os estudos
– Todos estão cientes da necessidade de manter
como hábitos de trabalho e estudo o agendamento dos
compromissos e também a definição de
horários e locais mais adequados ao estudo. A regularidade
não é, no entanto, ainda uma realidade quanto a
isto.
- Fazer
pesquisas complementares na Internet
– A compreensão de que a web é uma
ferramenta importante e que a mesma veio para ficar em definitivo
é total entre os estudantes. Deve-se, porém,
realizar trabalhos que orientem o aluno a utilizar com sabedoria este
recurso, condenando a simples ação de copiar e
colar e propondo que sejam traçados paralelos entre o que a
Internet provê com aquilo que vem de outras fontes [aulas,
livros, jornais, revistas, músicas, filmes...].
- Prestar
atenção nas aulas; Tirar eventuais
dúvidas em aula com o professor
– Para que isto aconteça é de
fundamental importância que as aulas sejam mais instigantes,
interessantes, provocativas e participativas para os alunos.
É patente entre os estudantes que as aulas expositivas
tradicionais não conseguem mais interessá-los e
que aos professores compete o compromisso de renovar sua
prática pedagógica.
- Complementar
os dados sobre as matérias dadas com novas pesquisas
[Utilização de mais de uma fonte
bibliográfica para ampliar os conhecimentos] –
Esta ação, compreendida como reforço
que permite aos alunos não se limitar somente ao que foi
dito em sala de aula ou ao que está escrito em seus
materiais didáticos depende muito de
orientação e estímulo dos docentes,
orientadores educacionais e coordenadores pedagógicos.
- Estudar
em locais calmos, silenciosos, arejados e iluminados
– Os estudantes têm total clareza quanto a isto,
mas como parte de gerações multitaskers
[multitarefas], já se adaptaram para o exercício
do estudo em locais não tão silenciosos [em que
eles mesmos ligam aparelhos de som, por exemplo]. O ideal é
que não sejam atrapalhados e que os locais de estudo sejam
arejados e bem iluminados, sem interrupções por
conta de telefones ou pessoas.
- Assistir
a filmes com temas relacionados aos assuntos em estudo
– As atuais gerações de estudantes
são eminentemente visuais e o acesso a mídias que
utilizam imagens, sons, efeitos visuais e outros recursos é
muito grande. Utilizar esta realidade a favor dos estudos é
outra medida considerada pelos alunos como sendo bastante
enriquecedora. Para tanto sugerimos projetos pedagógicos
embasados em literatura especializada, como aquele que desenvolvemos na
coluna Cinema na Educação.
- Anotar
os livros utilizados no curso em agendas ou arquivos
– O percurso bibliográfico dos estudos realizados
pode ser valioso mapa para estudos futuros e isto alguns alunos
já estão percebendo. Dica de grande valor.
- Reunir-se
em pequenos grupos para debater os temas estudados
– Recorrer aos colegas de classe quando há
dúvidas pode ser um elemento facilitador grandioso nos
estudos. Algumas vezes os dados apresentados pelos professores ou
contidos nos livros de referência não
estão claros para alguns estudantes e a
“tradução” e
“interpretação” dos mesmos
pelos colegas facilita muito a compreensão dos referidos
conteúdos e saberes.