Mecenato Virtual -
Enciclopédia de Artes Visuais
Instituto Cultural Itaú
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?CFID
Um dos mais preciosos beneficios prestados a humanidade, e acredito que a grande maioria das pessoas há de convir comigo, foram os legados artísticos deixados através dos tempos. Não estou me preocupando em julgar a qualidade das obras, os períodos específicos, a produção de certos artistas (pintores ou escultores) mas, ressalto a necessidade da arte, os estímulos que nos são passados por uma estátua ou por um quadro, as cores e formas e sua capacidade de nos fazer voar e voar, cada vez mais alto, como se estivéssemos rumando para o Monte Olimpo, ao encontro de Zeus. A arte tem esse enorme potencial e, infelizmente, tem pouquíssimo espaço nas escolas do Brasil. O importante é aprender o português e a matemática, é disso que se precisa no cotidiano. É lógico que esses saberes são essenciais, ninguém lhes nega a importância, pelo contrário, linguagens imprescindíveis não apenas para o dia-a-dia, as letras e os números nos auxiliam na explicação do universo humano, de seu imaginário. O que não podemos deixar de fazer é abrir espaços para que a Arte e outras formas de comunicar nossas experiências nesse mundo, para que pinturas, desenhos, esculturas e outras formas de expressão possam ter, também, seu valor reconhecido. Por isso, voltamos a visitar nas nossas dicas de navegação um espaço dedicado a apresentação de obras de arte e seus realizadores, a Enciclopédia de Artes Visuais do Instituto Cultural Itaú (me parece que o mecenato, tão caro e fundamental para o Renascimento Cultural, ainda vive!).
O referido endereço tem uma apresentação simples mas elegante, básica mas clássica (como pede o figurino daquilo que se insere no gosto tanto de críticos como do povo). Temos abaixo do logotipo que identifica a Enciclopédia os Índices onde encontramos espaço dedicado as biografias, ao contexto (a história, os fatos relevantes dos períodos de composição das obras e como isso influenciou o trabalho dos artistas), as obras referenciais e alguns ensaios. Além disso, há um mecanismo de Procura para que o visitante consiga encontrar mais rapidamente o que busca.
Ao lado desses índices são apresentados links que nos ligam diretamente a séries de importantes artistas (como por exemplo Debret, Frans Post, Iberê Camargo, Hélio Oiticica, Athaíde, Lygia Clark, Brecheret, Pedro Américo e muitos outros), de variados períodos da história da arte brasileira, representativos da produção colonial ao período republicano. Além dos artistas, há atalhos que nos levam aos movimentos mais marcantes da arte nacional (Missão Francesa, Modernismo, Barroco, Arte Contemporânea, Neofiguração, Tropicália, Abstracionismo, Artistas Viajantes,...); indistintamente, procura-se cobrir toda a riqueza e variedade da produção artística tupiniquim, o que permite a pessoa que navegar pela enciclopédia, conhecer e identificar as tendências, os períodos e os maiores nomes da arte brasileira. Senti falta apenas de um espaço dedicado a produção indígena, muito voltada para a funcionalidade e para as necessidades diárias mas que, apresenta toda uma vitalidade, cor e originalidade muito específica e rica. Talvez essa minha cobrança seja um eco da Mostra do Redescobrimento Brasil 500 Anos e da abertura dada aos nossos primeiros habitantes naquela exposição. Vale pensar como dica para os organizadores do espaço virtual da Enciclopédia!
A título de experimentação, entrei nos links de biografias e pude constatar que o site da Enciclopédia apresenta uma enorme lista de artistas biografados. Como o tempo disponível para a análise do endereço não é tão longo assim, escolhi um dos biografados e acessei o texto sobre ele, no caso, Jean Baptiste Debret. Trata-se de um expoente da famosa Missão Francesa, que aportou no Brasil Joanino (1808-1822) e nos legou uma impressionante coleção de pinturas e desenhos sobre o cotidiano de nosso país. A apresentação dos dados sobre Debret, que segue um modelo presente nos demais artistas retratados no site, dispõem de informações biográficas, cronologia, crítica, referências, links e o contexto histórico em que viveu o francês. Além disso, algumas de suas obras são colocadas em destaque em figuras pequenas, disponibilizadas a direita da tela (elas podem ser ampliadas, aproveite esse recurso). Considero de grande valor o setor de Crítica, onde há textos de especialistas abordando o artista e sua obra, outro quesito importante são as Referências que nos indicam obras que nos facilitam uma pesquisa de aprofundamento sobre o tema (artista/obra). Outra grande dica a ser aproveitada refere-se a uma indicação de outros artistas (do mesmo período, influenciados pelo biografado,...) e a contextualização (como já disse, para melhor entender o artista e a obra, temos que visualizar o período de vida do mesmo!). Para confirmar essas informações visitei também a página dedicada ao escultor Victor Brecheret. O que pude ver é que a Enciclopédia cumpre verdadeiro ritual e padroniza a apresentação de todos os seus biografados, o que é muito bom!
O belo trabalho feito em relação aos artistas reaparece na parte sobre Contextos. Nela são apresentados os movimentos e suas características, localizando-os historicamente e dando ao visitante a possibilidade de conhecer os expoentes de cada escola, linha ou tendência artística surgidas no Brasil. Entrei na página dedicada ao Abstracionismo e, notei que, além das informações mencionadas (artistas, características do movimento,...), há uma midiateca (com novos textos e trabalhos sobre o assunto), canais de conexão a outros movimentos e épocas relacionadas e ensaios produzidos para explicar o fenômeno. Tudo material de qualidade superior, aproveitável para pesquisas e aprofundamento. Pude conferir que o mesmo modelo se aplica a todos os outros pois visitei as páginas sobre Fotografia, a 1ª Bienal Internacional de São Paulo e o Impressionismo. Pequenas variações ocorrem de uma página para a outra no tocante a quantidade de textos, referências bibliográficas, ensaios e recursos da midiateca. Pode ser que você não encontre tanto material sobre o que precisa mas, sempre encontrará uma base, uma introdução!
Os links para Ensaios apresentam todos os artigos escritos a respeito dos temas trabalhados nas páginas sobre movimentos e artistas. Como são ensaios, aprofundam o exame sobre os temas e nos permitem novas reflexões. Foram produzidos por especialistas e estudiosos dos assuntos pesquisados, o que os torna valiosos para os visitantes.
Só não pude entender por que é apresentado um atalho para as obras referenciais se quando acessamos esse link a resposta passa a ser “nenhum registro encontrado”. Creio que deveria ser disponibilizada uma lista com os títulos das obras digitalizadas para que pudéssemos visualizá-las a partir desse caminho.
De qualquer forma, a despeito dessa pequena falha, o espaço virtual dedicado pelo Itaú a Enciclopédia de Artes Visuais é referência obrigatória para estudiosos e amantes das artes. Passeio obrigatório para quem quer conhecer a arte brasileira, seus expoentes, suas escolas artísticas e suas maiores obras.
Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.