Juno - 18/09/2008
Os dilemas da Gravidez na Adolescência
Gravidez precoce. Atividade sexual na adolescência. Dois temas polêmicos e bastante espinhosos para se trabalhar no âmbito escolar. Deve-se frisar, no entanto, que são situações que se configuram aqui, lá, acolá... Ou seja, não existe país, região, cidade ou escola onde algum caso relativo a essas situações não tenha sido verificado. Fechar os olhos ao fato é, certamente, o que não devemos fazer.
E como lidar com isso? Certamente o caminho inicial passa pelo acesso a informação, ou seja, trabalhar a questão em casa e na escola com naturalidade, serenidade e, em especial, critério. Partir do princípio que os jovens estão iniciando sua vida sexual de forma precoce, estimulados pelos meios de comunicação e pelo farto acesso a informação, entendendo-os como sexualmente ativos já aos 15 ou 16 anos [quando não antes disso, como já verificado] também faz parte do caminho a ser trilhado nessa orientação a ser dada pelos pais e professores.
Isso quer dizer que devemos aceitar essa situação e que não há como redirecionar essa prática sexual precoce, tentando fazer com que esta situação se estabeleça quando for atingida a juventude, numa faixa etária acima dos 18 anos [no mínimo]?
Não é isso o que estou dizendo... A educação a ser dada quanto a sexualidade, tanto pela família [que tem que necessariamente assumir o compromisso de falar sobre sexo com os filhos e não deixar que os mesmos aprendam nas ruas] quanto pela escola, deve informar sobre o que é, conseqüências, responsabilidades, precauções, questões relativas a saúde e, também, trabalhar com os pré-adolescentes e adolescentes no sentido de orientá-los a iniciar sua vida sexual quando atingirem uma idade e maturidade maiores.
Devemos estar conscientes quanto ao fato de que ações como estas podem ajudar a resolver situações delicadas como a gravidez precoce e, mesmo, abortos praticados por meninas que ainda mal atingiram a puberdade. Apesar disso, temos que ter ciência que isso não elimina por completo o problema, atenua e remedia, evita a propagação e auxilia no futuro desse público-alvo. [Uma gravidez precoce, como sabemos, pode impedir a continuidade dos estudos, levar o adolescente ao mercado de trabalho também de forma antecipada, causar dificuldades financeiras no âmbito familiar...].
Nesse sentido, “Juno” é uma obra cinematográfica singular e importante que trabalha essa temática e que, com certeza, pode facilitar o diálogo dos pais com os adolescentes sobre sexualidade e indicar caminhos e ações para projetos a serem desenvolvidos nas escolas.
Seu principal trunfo é não trabalhar a situação como um drama ou dilema existencial para a adolescente e a família e, ao não dar contornos tão complexos e complicados a sexualidade e a gravidez precoce, propõe uma leitura mais leve, natural e não-agressiva dos fatos. Essa suavidade é, inclusive, temperada com um pouco de humor e, com isso, o que deveria ser um filme “difícil de engolir” por sua temática, torna-se uma obra que figura entre as melhores produções do cinema independente nos últimos anos.
Creio, porém, que a apresentação desse filme [classificado no Brasil como adequado para crianças com 10 anos] deva ser feita sempre com acompanhamento familiar ou educacional, para que casos como alguns registrados pela mídia, que dão conta de grupos de meninas adolescentes norte-americanas, de diferentes estados ou regiões [como noticiado em relação a 17 adolescentes de Massachussetts, com idade máxima de 16 anos], que resolveram engravidar e assumir a condição de mães solteiras, não se repitam... Ou seja, para que os ensinamentos e possibilidades surgidos com essa produção [Juno], não se tornem feitiços contra os feiticeiros...
O filme
“Juno”, direção do diretor Jason Reitman é um filme surpreendente. E a afirmação que faço refere-se a praticamente todos os seus quesitos. A começar pela temática, bastante difícil, a sexualidade adolescente, aflorando a flor da pele pela explosão dos hormônios que ocorre entre os 13 e os 17 anos. Se não bastasse isso, há também a questão da gravidez na adolescência, abertamente trabalhada, mostrando bem como é a cabeça de uma garota de 16 anos que espera um bebê sem ter nenhuma vontade de ser mãe… Temas tabus, trabalhados de forma pouco convencional, com diálogos francos e abertos, a partir do ponto de vista das garotas, sem apelar para o humor grosseiro ou para a estupidificação.
O elenco então merece palmas, da protagonista Ellen Page, que já havia mostrado talento no suspense “MeninaMá.com”, como a independente garota Juno, descolada, antenada em rock dos anos 1970/80, fã de filmes de terror de Dario Argento e, como toda adolescente, dona da razão; passando pela bela Jennifer Garner, aparentemente bem casada e que tem dificuldades para engravidar; por Michael Cera, como o adolescente meio nerd, bom na escola, nos esportes, na guitarra e que se envolve intimamente com Juno de forma mais do que casual (apesar da evidente paixão que nutre pela garota); passando ainda pelos pais de Juno ou pelo indeciso Mark (protagonizado por Jason Bateman), o marido quase perfeito da personagem de Jeniffer Garner…
Filme de baixo orçamento (7,5 milhões de dólares, uma bagatela para os padrões do cinemão norte-americano), com roteiro pra lá de inteligente, interpretações de primeira, tema diferenciado (para dizer o mínimo), “Juno” é uma experiência cinematográfica inovadora por nos fazer acreditar que aquilo que vemos realmente está acontecendo e não que esses personagens ou a história sejam inverossímeis…
Parece alguma coisa que pode acontecer na vida de qualquer um dos espectadores, na casa do vizinho, na vizinhança ou com alguém da família. É ver para crer!
Para Refletir
1. A sexualidade é um tema espinhoso para os pais e a escola. Trata-se de uma questão que deveria ser encarada com maior naturalidade e, ao se trabalhar o tema com adolescentes, não se deve, para começo de conversa, encará-los como ignorantes quanto ao assunto. Abertura e diálogo são encaminhamentos que demonstram para esse público o respeito e a atenção que eles merecem. Além disso, as orientações e informações não devem se restringir aos estudantes e, sim, estender-se também para as famílias.
2. O trabalho sobre sexualidade não deve se ater as disciplinas da área de ciências. É importante que, em paralelo, através de textos e materiais específicos para adolescentes, outras áreas do conhecimento contemplem o assunto. Por exemplo, dados estatísticos sobre gravidez precoce e suas conseqüências para os adolescentes podem ser apresentados em matemática, textos literários acerca da questão seriam usados em aulas de português ou redação...
3. Para dar maior seriedade e credibilidade ao debate sobre sexualidade e gravidez é sempre importante reforçar o trabalho na escola com a visita de especialistas como médicos, psicólogos ou sociólogos [por exemplo], que possam falar cientificamente, trazendo dados e informações de quem trabalha diretamente com essas situações no cotidiano.
4. O filme “Juno” nos apresenta a uma situação diferenciada daquela que vivemos em terras brasileiras até mesmo pela situação sócio-econômica da protagonista e, principalmente, em virtude da adoção de seu bebê por um jovem casal. Buscar informações sobre a realidade da gravidez precoce no Brasil, ampliar o debate e incluir questões que se avizinham, como o aborto ou a adoção de crianças, são premências quando o filme for apresentado na escola.
Ficha Técnica
JUNO
País/Ano de produção: EUA/Canadá/Hungria, 2007
Duração/Gênero: 96 min., Comédia/Drama
Indicação Etária:10 anos
Direção de Jason Reitman
Roteiro de Diablo Cody
Elenco: Ellen Page, Michael Cera, Jennifer Garner, Jason Bateman, Allison Janney, J.K. Simmons, Olivia Thirlby, Eillen Pedde, Rain Wilson, Daniel Clark.
Links
http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=18876
http://www.adorocinema.com/filmes/juno/juno.asp
http://www.cinemaemcena.com.br/ficha_filme.aspx?id_filme=4920&aba=detalhe
1 rony e lele.. - contagem
nos gostamos mtu de saber desse assunto obrigado..
17/10/2011 12:01:05
2 Regiane - teófilo Otoni
Estou realizando uma pesquisa sobre a dinâmica da gestação na adolescência do ponto de vista nutricional e, foi possível concluir que não só a imaturidade psicológica mas, tmbém a biológica afetam o resultado da gestção em adolescentes, isso aliado aos fatores socioecnômicos e ambientais desfavoráveis podem gerar diversos problemas no âmbito familiar e social, sem mencionar a questão de saúde da mãe e do filho.
É necessário informação de forma dinâmica, própria para a idade.
13/11/2009 15:32:26
3 mario silverio - serio
apesar dos jovens terem muitas informaçoes sobre a aides mesmo assim eles continuam
tranzando sem camisinha, pois quanto mais falase em cuidados , menos os joven cuidam
se deveria voltar o tempo em que os pais e os professores tivesem o poder de usarem a
varra de vime. nao para baterem mas sim para dar o respeito no meu tempo de aula a jente respeitava os pais e os prof. porque a vime doia no lombo.
29/10/2009 22:47:52
4 Caio Cesar Mataes Dias - Cananéia
Juno é uma garota que esta grávida do bleek , mas o bleek não que cuidar do filho junto com a Juno ja pensa na adoção do seu filho quando a Juno a tarde procura alguem confiavel para doar o seu filho e por acaso a Juno encotrar a Su Shi falou que tinha um casal que estava a fim de encontrar uma criança para adotar...
04/09/2009 15:57:15
5 PAMELAC.R.SICARDI - CANANEIA
EU ACHEI O LILME JUNO MUITO LEGAL POIS NOS MOSTRA O DRAMA DA VIDA,COMO GRAVIDES NA ADOCENCIA,QUE NÃO SÓ NO EUAONDE SE PASSA O FILME MAS AQUI NO BRASIL TAM BEM É MUITO COMUM,EU TENHO 12 ANOS E SÓ PRETENDO TER UM BEBÊ COM 22 E VOU.
VOCÊ QUE ESTA LENDO ESTE COMENTARIO E AINDA NÃO VIU O FILME POR FAVOR QUANDO TIVER UMA OPORTUNIDADE VEJA E FASSA SEU COMENTARIO.
04/09/2009 15:56:00
6 samyhah luannah vieira da silva - cananeia são paulo
juno é uma adolecente que engravidou do namorado por causa que não usou camisinha,contou para a melhor amiga que aconselhou que ela falasse para os seus pais os pais dela falaram que ela tinha que se cuidar por que agora existia outra pessoa a lem dela,ela quis optar pela opção de dar o seu bebe mas eu acho que seria melho que ela cuidase do seu bebe e que não é só fazer tem que cuidar por que é uma criança um ser vivo que dar ,amor,carinho,dedicação e também educação para que ele viva neste mundo e que dar o seu filho não é a melho opção pois uma criança não é um brinquedo que você da com facilidade!!
03/09/2009 17:41:25
7 renata de sena oliveira - cananeia
eu achei o filme muito enteresante educativo pois ele nois mostra o que pode acontecer se os adolecentes nao tiverem responsabilidade e dar mais valor aos preservativos e aos remedios que ajudam a prevenir doenças sexoalmente trasmesivel e quem sabe uma possivel gravidez na adolecencia.enfelismente cresce o numero de adolescente gravidas em todo mundo muitas da vezes por falta de orientaçao na escola ou ate mesmo em casa pois e preciso ter um conversa aberta com os pais.adolecencia e uma porta que se abre para o mundo das descoberta e por essas e outras que acontecem coisas como a gravidez na adolecencia ou envolvimento de jovens no mundo das drogas.
03/09/2009 17:25:42
8 GABRIELA TAVARES - MIRACATU
Esse filme e completamente otimo nossos adolescentes coloca a mao na conciencia duas vezes antes de fazer alguma coisa que os vao prejudicar mais tarde...
Tenho 15 anos e depois de ler esses depoimentos e dar minha opiniao vou avisar minhas amigas e tomar muito cuidado pois com a vida nos nao se brinca
19/06/2009 15:04:26
9 /edilene Borges - Palmas Tocantins
Gostaria muito de passar esse filme na escola, onde posso adquirir?
23/03/2009 18:40:51
10 Souza - SJCampos
Este filme é realmente muito interessante. Possui enredo atual que pode ser explorado com nossos alunos.
18/09/2008 14:06:07
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