Três minutos - 15/09/2008
Porta Curtas Petrobras - Direção de Ana Luíza Azevedo
Em 3 minutos é possível deixar um ovo cozido. Também dá para completar uma prova de atletismo equivalente a 800 metros. É esse o tempo aproximado para se completar duas voltas em alguns dos autódromos em que se disputam corridas de Fórmula 1. E é nesse tempo que através do telefone público, usando uma ficha, temos que comunicar uma mensagem a alguém.
Para quem, como eu, o telefone é apenas um meio de troca de idéias ou informações a distância com outras pessoas, três minutos parece uma eternidade e, raramente são utilizados integralmente. Cento e oitenta segundos para pessoas que gostam de prolongar a conversa equivalem, no entanto, a uma gota no oceano ou a um grão de areia numa praia de dimensões médias. Conheço pessoas que não possuem nenhum poder de síntese quando se trata de conversar... Invariavelmente são mulheres... E antes que se apressem a me considerar preconceituoso, vou me valer do que a ciência tem afirmado, ou seja, que as mulheres falam, em média, 3 ou 4 vezes mais que os homens...
De qualquer forma, seja pouco ou muito, esse é o tempo que a protagonista do curta-metragem da diretora Ana Luiza Azevedo tem para tomar uma decisão que irá mudar toda a sua vida... E é nesse ponto que nos perguntamos, será possível decidir, num espaço de tempo tão curto, os rumos de uma existência?
Demoramos anos e anos para construir nossas vidas pessoais e profissionais. Cada detalhe e momento de uma formação ou de um relacionamento pessoal, por exemplo, são marcantes e decisivos para que as coisas dêem certo ou errado. Construímos aos poucos o futuro e, muitas vezes nem nos damos conta disso. Algumas decisões são tomadas, porém, em poucos minutos. E muitas delas são decisivas para o nosso amanhã...
É o caso do estudante que vai se inscrever para o vestibular e não está certo ainda da opção profissional que deve fazer. Essa situação também pode ser percebida quando a pessoa tem que escolher entre o emprego em que está confortável e comodamente estabelecido, e um novo desafio profissional. Isso também pode ser verificado em situações nas quais alguém tem que optar pela pessoa com a qual pretende namorar ou casar...
A produção de Ana Luíza Azevedo nos coloca num desses momentos e, de forma bastante poética, transforma imagens aparentemente dissociadas num caleidoscópio que ao ser girado, permite a nossa interpretação e compreensão real do que está sendo ali vivenciado. O que será que nós faríamos se estivéssemos na pele da protagonista e tivéssemos apenas três minutos para comunicar uma decisão tão forte e marcante? Iríamos adiante ou retrocederíamos? Que tal usar 3 minutos para compreender esses dilemas e ver o que você faria assistindo ao filme?
Por João Luís de Almeida Machado que não gosta de falar por longo tempo no telefone e para quem decisões tomadas em 3 minutos não levam a boas coisas...
Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.