Carpe Diem
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

Viva a amizade! - 01/08/2008
João Luís Almeida Machado

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"Caymmi é vanguarda. De uns tempos para cá, cultivar a preguiça virou moda. Uma onda de preguiçosos assumidos assola o mundo - só no ano passado, foi lançada mais de uma dezena de livros sérios sugerindo desde a vadiagem propriamente dita ao boicote ao trabalho duro. As razões parecem óbvias. Cada vez mais gente chega à conclusão de que uma agenda lotada de tarefas a cumprir num curto espaço de tempo não é mais um motivo de status, e sim uma fonte de frustrações pessoais, além de uma porta escancarada para uma série de males, que vão da estafa aos ataques cardíacos." (Ai, que pregui. Artigo de Mariana Sgarioni, publicado pela Revista Vida Simples, Edição 41, Maio de 2006).

A vida que levamos está nos matando. Corremos riscos no trânsito. Deixamos os nossos corações a ponto de explodir a qualquer momento. Não nos preocupamos mais com as outras pessoas, apenas com as obrigações e compromissos. Não curtimos nem mesmo os doces prazeres da vida, aqueles que tanto prezamos, como por exemplo, assistir a um bom filme, escutar música com tranqüilidade ou mesmo deitar numa rede e ler um livro agradável e interessante. Viramos escravos de uma produtividade que tem que ser cada vez maior...

Percebo isso em vários espaços, especialmente em locais de trabalho. Em inúmeras oportunidades todos parecem tão absorvidos pelo que estão fazendo que nem se dão conta dos demais. As telas dos computadores estão a nos direcionar com tal força os olhares e as energias, que não há, sequer, tempo para os cordiais cumprimentos. Com tantos afazeres, nem podemos pensar, refletir, aprofundar o nosso modo de ver as coisas, de entender o mundo...
Nem mesmo a velocidade que nos traga a cada momento é motivo de pensamento, o que nos leva cada vez mais para o olho do furacão. A malemolência do baiano faz-se necessária, o ócio produtivo dos gregos antigos é uma fórmula que não pode ser esquecida jamais...

Não quero chegar ao fim dos meus dias com a impressão de que vivi apenas para bater cartão, cumprir horários, fazer relatórios ou corrigir provas. As estatísticas e o trabalho são partes importantes de nossas vidas, mas estamos nos esquecendo do que realmente é primordial, ou seja, a relação que criamos com o mundo ao nosso redor e que pode nos levar a felicidade ou a melancolia, ao êxtase ou ao fracasso, as vitórias ou as fragorosas derrotas...

E onde estão as vitórias e as derrotas? Na forma como lidamos com as pessoas, dando ou não a cada uma delas o devido respeito, companheirismo, amizade, risos, atenção, palavras,... Apesar de estar rodeado de pessoas, às vezes percebo que muitos se sentem tão sós e percebo com clareza as mensagens do filme "Crash", que alardeiam a idéia de que estamos apenas esbarrando um nos outros, sem realmente nos perceber, sem nos fazer sentir, sem realmente viver como deveríamos...

Todo o homem é diferente de mim e único no Universo; não sou eu, por conseguinte, quem tem de refletir por ele, não sou eu quem sabe o que é melhor para ele, não sou quem tem de lhe traçar o caminho; com ele só tenho o direito, que é ao mesmo tempo um dever: o de ajudar a ser ele próprio; como o dever essencial que tenho comigo é o de ser o que sou, por muito incômodo que tal seja, e tem sido, para mim mesmo e para os outros. (Agostinho da Silva, filósofo português)

Você tem uma mesa entulhada de materiais diversos e se sente à vontade dessa forma? Ou seus armários estão impecavelmente organizados de forma a que qualquer pessoa consiga, em qualquer momento, encontrar exatamente aquilo que procura? Faltam lápis ou canetas, papel ou grampeador, tesoura ou cola quando você mais está precisando? Como é, enfim, o seu local de trabalho?

Não só quanto à ordem das coisas, mas também no que se refere aos objetos dispostos ao seu redor... Fotos de família, plantas, livros, pilhas de papéis, caixas ou arquivos... Tudo isso de certa forma indica quem você é, como é a sua vida, de que modo você orienta suas ações,...

Isso quer dizer que existe uma forma correta de agir, de se organizar, de estruturar seu ambiente de trabalho?

Não diria isso. Penso que há formas e formas... Cada qual de acordo com a personalidade e o jeito de cada pessoa. Julgamos e apreciamos o que vemos a partir de nossos próprios olhos, como pessoas que foram influenciadas por familiares, amigos, professores, ambientes que freqüentamos, viagens que fizemos, filmes que assistimos,...

Por isso mesmo o que lhes digo quanto a isso é que cada pessoa deve encontrar o seu caminho, a sua forma de organizar o seu ambiente de trabalho, o seu modo de orientar as suas ações nos espaços pessoais e profissionais que ocupa. Preocupar-se com a opinião alheia só irá lhe causar problemas se você é feliz do jeito que é... Portanto, curta o seu jeito, preserve as suas práticas, oriente-se a partir de seus parâmetros ao invés de ficar procurando fórmulas prontas que irão sacrificar sua liberdade e individualidade...

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