Aprender com as Diferenças
Fábio Adiron Consultor e Professor de Marketing. Fundador e Presidente da Associação Mais 1, de 2002 a 2005. Membro da Comissão Executiva do Fórum Permanente de Educação Inclusiva. Moderador do Grupo de Discussão sobre Síndrome de Down do Yahoo Grupos.

De filho para pai - 10/07/2008
Fábio Adiron

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Pai

Eu sei que você está em estado de choque. Mal eu acabei de nascer e vieram te contar que eu tenho um nome diferente daquele que você me deu. 

Eu ouvi o médico falando que eu sou Down. Não sei bem o que é isso, mas percebi que não é bom. Você e a mamãe choraram muito e ainda estão com cara de velório.

Eu estive me olhando e não encontrei nada que parecesse estranho. Não tenho antenas nem parafusos. Mas todo mundo que entra no quarto me olha com cara de espanto e, para vocês com cara de pena.

Tenho certeza que esse momento vai passar e vocês vão me tratar como qualquer outro filho, mas eu fiquei preocupado com algumas coisas que eu ouvi, por isso achei melhor te escrever antes que seja tarde.

Disseram que eu não vou conseguir fazer um monte de coisas. Como é que tem a coragem de falar isso?

Eu não tenho nem um dia de vida e já estão me condenando? Pai, não acredite em ninguém. Mas acredite em mim. Tenho certeza que, se você e a mamãe confiarem que eu vou fazer de tudo, vocês vão me ajudar em cada conquista.

Pai. Se eu demorar um pouco mais para fazer as coisas que as outras crianças fazem, não fique ansioso, isso só piora a situação. Brinque bastante comigo, deixe eu tentar fazer de tudo. Me dê a mão quando eu precisar, mas não me impeça de aprender e conseguir.

Também ouvi um doutor geneti-qualquer-coisa te dizer que você deve procurar umas entidades excepcionais, que eu vou precisar ir para uma escola especial. 

Pelo que eu entendi, são lugares onde pessoas que nasceram com alguma coisa diferente vão. Até parece bonito, mas isso quer dizer que não vão deixar eu brincar com crianças de todos os tipos? 

Que eu não vou poder aprender nada além de convivência social?

Gostei daquele casal que veio aqui com a menininha que também tem a tal da síndrome que eu tenho. Aquele que falou que ela vai numa escola escola. 

Você reparou que ela veio ler o meu nome na pulseira da maternidade? É verdade, ela não sabia o que queria dizer RN. Mas os pais dela explicaram direitinho.

Eu sei que, se você acreditar em mim, e me mandar para uma escola comum, você e a mamãe vão ter mais trabalho. 

Em compensação, eu vou ter a chance de ser um adulto de verdade no futuro e não um peso que vocês tenham de carregar para o resto da vida. Não é melhor dar trabalho agora no começo?

Dizem também que você terão de enfrentar pessoas mal educadas e preconceituosas. Mas você não me defenderiam de qualquer forma se eu não tivesse o que tenho?

Além do que, você sabe que filhos, normalmente, vivem além dos pais. Se vocês não pensarem nisso agora, o que acontecerá comigo quando vocês partirem?

Pai. Eu acredito e confio em você e na mamãe. Tudo que eu preciso é que vocês tenham essa mesma confiança em mim.

Beijos do seu mais novo filho.

Fonte: Xiita da Inclusão (http://xiitadainclusao.blogspot.com/search?updated-max=2009-10-21T22%3A23%3A00-02%3A00&max-results=10)

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2 COMENTÁRIOS

1 elias de souza junior - bh te mg
meu filho tem hoje 06 anos de idade e uma deleçao no cromossomo 22 tudo q faz ainda e um pouco lento tenho muita paciencia e fe em Deus q tudo vai dar certo. vejo muitos q infelismente discriminam ,mas amoo do fundo do coraçao e jamais desistirei o pai Elias de souza junior.
16/02/2013 04:34:30


2 Elaine Ferraz - Lençóis Paulista
Esse artigo nos mostra a realidade de muitos estabelecimentos de ensino e muitas vezes da própria sociedade em que vivemos.
27/05/2009 19:58:43


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