Você consegue pensar em outras razões pelas quais crianças com necessidades especiais devem frequentar escolas comuns? - 17/06/2008
Can you think of other reasons why children with special needs should attend ordinary schools?
Extraído de documento da UNESCO, tirado da Internet, parte de documentos para orientação de professores com o nome: UNDERSTANDING AND RESPONDING TO CHILDREN´S NEEDS IN INCLUSIVE CLASSROOMS (Comprendendo e respondendo às necessidades de crianças em salas de aula inclusivas)
Traduzido do inglês e digitado em São Paulo por Maria Amélia Vampré Xavier, da Rede de Informações sobre Deficiências e Projeto Futuridade, Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, Fenapaes, Brasília (Diretoria para Assuntos Internacionais), Carpe Diem, SP, Sorri Brasil, SP, Rebrates, SP, Inclusion InterAmericana e Inclusion International em 13 de setembro, 2009.
Algumas pessoas amigas algumas vezes nos fazem perguntas se somos contra ou a favor da educação inclusiva, considerando que somos integrante da Diretoria Executiva da Federação Nacional das APAEs, já que alguns defensores inflexíveis da inclusão educacional acham que pertencer ao movimento apaeano é ser radicalmente contra a educação inclusiva, o que não é verdadeiro salvo no caso de pessoas muito radicais, que não prestam atenção ao que se passa em redor.
É verdade que existem no movimento apaeano correntes de pensamentos opostos a esse respeito, mas isso é salutar, as pessoas vão lendo, estudando, e frequentemente mudando sua opinião neste ou naquele setor específico. A verdade é que as escolas das APAEs durante meio século representaram o que mais se adequava a nossas famílias, e vivemos aqueles anos já longínquos, com muito amor no coração e muita vontade de ver nossos filhos se desenvolverem mais e melhor.
Mas o que de importante aconteceu nas escolas das APAEs foi que sempre representaram um lugar a que as famílias, angustiadas e cheias de medo, recorriam para começar a estimular os bebezinhos que nasciam nos excelentes setores de Estimulação Precoce que temos por todo o Brasil. Nossas famílias, as apaeanas, sempre foram muito pobres, não tinham como têm alguns pais modernos o dinheiro necessário para levar os filhos ao psicólogo, ao terapeuta ocupacional, ao psiquiatra, ao neurologista. Não ganhavam o suficiente para manter a família: como gastar dinheiro com a criancinha que era mais lento, parado, sem muita reação, se o essencial era alimentar toda a família?
O que acontece, e muitos professores têm nos relatado isso, quando uma criança com deficiência é matriculada numa escola comum, como deveria mesmo ser se obtivesse a ajuda necessária, se precisar de um psicólogo, um outro profissional para ajudá-la, essa ajuda dada através de serviços públicos variados tem uma demora de um, dois, mais anos. Claro que filhos de pessoas de classes abonadas, com o dinheiro pronto para despesas adicionais, podem e têm suas necessidades extras atendidas, são bem-encaminhadas a escolas inclusivas nas quais contam com todos os recursos adicionais que precisam obter.
Não é nossa intenção confrontar famílias ricas com famílias pobres; todos nós sabemos, em nossa vida pessoal, que a questão de ter dinheiro é crucial, não havendo fartura dele não há tratamento odontológico, nem tratamento psicológico, muito menos a presença de um Cuidador, bem-informado, que acompanhe a criança algumas horas por semana, contribuindo decisivamente para seu progresso como indivíduo...
Portanto, vamos todos caminhando no sentido do progresso, para o que contribuirá e muito a presença de pais e profissionais brasileiros na próxima e grande reunião de Salamanca, sobre educação inclusiva, em outubro 2009.
Todos iremos sair ganhando com essa bela iniciativa!
Vamos ler com atenção o que a UNESCO nos diz sobre razões - e dificuldades – para a matrícula de nossos filhos com deficiências na escola boa para todos!
Plena Participação e Igualdade
A principal razão para que seja promovida a freqüência de crianças com deficiências em escolas comuns, ou mesmo crianças vindas de ambientes muito desprivilegiados são aumentar suas oportunidades de aprender através da interação com os outros e para promover sua participação na vida da comunidade.
Muitas vezes estas crianças são excluídas da sociedade. Elas podem estar escondidas em casa se tiverem aparência diferente, em razão de medo e superstição. Ou a pobreza força as famílias a viver em favelas da cidade com poucas amenidades... Frequentemente as necessidades dessas crianças não são reconhecidas e o pensamento geral é que têm pouco que contribuir para a comunidade. Porém, esta exclusão reduz as oportunidades das crianças de aprender, crescer e se desenvolver. Elas estão duplamente em desvantagem!Frequentar a escola local é a principal maneira de garantir que todas as crianças estão incluídas na sociedade.
As crianças não aprendem, simplesmente, só nas escolas. Elas aprendem com suas famílias, através de contato com colegas e amigos, e através da participação em todas as atividades variadas que ocorrem em comunidades.
Porém, a frequência à escola ajuda a promover também estas outras formas de aprendizado.
Os professores têm uma responsabilidade específica para garantir que todas as crianças participem integralmente da sociedade e que tenham igualdade de oportunidade em educação.
Através de educação para todos deveria ser possível capacitar todos os seres humanos – incluindo deficientes – a desenvolver seu potencial máximo, contribuir para a sociedade e, acima de tudo, se enriquecer com sua diferença e não serem desvalorizados. No nosso mundo, constituído de diferenças de todos os tipos, não são os deficientes, mas a sociedade como um todo que precisa de educação especial a fim de se tornar uma sociedade genuína para todos.
Federico Mayor – Ex-diretor-geral da UNESCO
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