Dicas de Navegação
João Luís de Almeida Machado é consultor em Educação e Inovação, Doutor e Mestre em Educação, historiador, pesquisador e escritor.

O Beato e o Traidor -
A Saga de Antônio, o Conselheiro

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Página Especial da Web Criada pelo jornal
"O Estado de São Paulo"

www.estado.estadao.com.br/edicao/especial/canudos/canulist.html

Corpo-de-Antonio-Conselheiro
Antônio Conselheiro morreu em setembro de 1897, poucos dias antes do final da Guerra de Canudos. Alguns estudiosos dizem que foi vitima de estilhaços de granadas lançadas contra o vilarejo, outros, que morreu em virtude de uma simples diarréia.

Antônio era seu nome. Conselheiro era sua sina.

Homem de palavras medidas, selecionadas a partir de preceitos recolhidos da Bíblia, Antônio fez sucesso entre seus conterrâneos nordestinos. Levou consigo milhares de sertanejos pelas estradas poeirentas do interior do Brasil em sua região Nordeste em busca de uma terra que lhes fora prometida por Deus.

Acreditava literalmente naquilo que dizia e fazia. Era coerente. Fazia suas pregações de teor moralista e exigia de sua trupe que vivenciassem esses ditames, entre os quais o respeito pelas mulheres alheias e a não utilização de bebidas alcoólicas. Jazia em Antônio uma história de infortúnios pessoais, entre os quais a traição de sua companheira e a falência nos negócios.

Desiludido, optou pela fé e pela peregrinação. Semeou discórdia em virtude de seu pensamento singelo que condenava a República pela aprovação do Casamento Civil e pela expulsão de D. Pedro II.

Era a salvação para alguns milhares de pessoas que pouca ou nenhuma esperança tinham no futuro que lhes parecia adiante, submetidos às regras vis do coronelismo e da conseqüente miséria advindas da exploração a que eram submetidos, trabalhando muito e ganhando pouco. Jamais conseguindo guardar para poder possuir alguns míseros bodes ou cabras que pudessem garantir alguma melhoria.

Era o "cão" para muitos brasileiros que viviam nas grandes cidades e que, alimentados pelas informações divulgadas através da imprensa, enxergavam um velho insano, anti-republicano, corroído pelo fanatismo religioso, possuidor de grande lábia e que, havia iludido o povo simples do Nordeste a segui-lo em busca da realização de sonhos impossíveis, como a posse da terra e a sobrevivência digna e independente das garras dos coronéis.

Sua imagem o condenava perante o público urbano, que acompanhava à distância o embate entre as tropas da República e os sertanejos canudenses. Suas vestes puídas, seus cabelos e barba malcuidados, a pele queimada pelo sol intenso que brilha naquela região, as mãos calejadas e marcadas de quem trabalhava arduamente em construções e reformas, as sandálias de couro cru como única proteção para os pés e a Bíblia (além de mais 2 ou 3 livros de cabeceira) eram os acompanhantes desse tal Conselheiro.

Para completar, várias histórias eram contadas para tornar ainda mais maldita a imagem desse homem que se imaginava como um "messias", como um profeta ou como um enviado em missão divina.

Afinal de contas, quem era esse Antônio?

imagem-do-arraia- do-Belo-Monte
O arraial do Belo Monte chegou a ser a cidade de
Maior população do interior da Bahia no final do século
XIX, atingindo no curto espaço de 4 anos entre 25 e 30 mil
Habitantes e tendo aproximadamente 5 mil construções erigidas.


Na Internet...

Pensando em responder com maior clareza esse questionamento, o jornal "O Estado de São Paulo" criou em 1997 um site especial em virtude dos 100 anos do fim dos conflitos da "Guerra de Canudos".

É imprescindível lembrar que o "Estadão" tem ligação direta e, de certa forma afetiva, com o conflito do Belo Monte. De sua redação foi selecionado e enviado para a Bahia, como repórter de campo ou correspondente de guerra um dos notáveis da cultura nacional a partir de então, o ex-militar e jornalista, Euclides da Cunha.

Do encontro entre Euclides e Canudos surgiu uma das obras mais importantes e celebradas (com inteira justiça) da produção nacional, o clássico "Os Sertões".

O site produzido pelo "Estadão" tem qualidades indiscutíveis, principalmente no que tange ao interesse em resgatar informações e atualizar o grande público que navega pela internet em relação a esse evento único da história nacional, onde os bravos sertanejos lutaram até o apagar das luzes, até o exaurir completo de suas forças contra pelotões numerosos e bem armados.

A qualidade dos redatores e colunistas que colaboraram com seus escritos para a produção do material garantiu o surgimento de textos diversificados que destacam pormenores e parcelas da história desconhecidos da grande maioria dos brasileiros. Além disso, há de se destacar a qualidade dos textos, escritos de forma ágil e vibrante que cativam o leitor. Indicações de livros e reportagens sobre o filme "A Guerra de Canudos" de Sérgio Resende complementam o material.

imagem-de-pessoas-andando-e-canhao-de-guerra
A imagem a esquerda nos mostra soldados de um dos destacamentos das tropas republicanas que participaram da "vitoriosa" campanha contra os "monarquistas" de Antônio Conselheiro. Entre as armas utilizadas para conseguir bater os sertanejos de Canudos estava a "matadeira", um canhão de grande calibre usado como elemento surpresa para aterrorizar os oponentes e força-los a se entregar. "A matadeira" virou filme, num curta-metragem do cineasta Jorge Furtado (o mesmo de Ilha das Flores) e há referências ao filme no site da Casa de Cinema
(www.casacinepoa.com.br/port/filmes/matadeir.htm).

Deve-se destacar que, como anexos foram disponibilizados textos produzidos por Euclides da Cunha, uma relação de obras sobre o assunto e alguns links que podem ser acessados pelos internautas que pretenderem aprofundar-se no tema.

Como ressalvas, que são poucas, vale destacar que o site trabalha fundamentalmente com textos, disponibilizando poucas imagens. Outro senão refere-se a mobilidade entre os textos, que poderia ser facilitada. Nada, no entanto, que prejudique a qualidade dos trabalhos, mas que, no entanto, poderiam colaborar para torná-lo mais atraente e estimulante para os visitantes.

Navegue por nossa memória, vale a pena, visite o site e descubra um pouco mais sobre Antônio e sua guerra.

Avaliação deste Artigo: 3 estrelas
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5 COMENTÁRIOS

1 Boris Fagundes - OsascoSP
Vejo em Antonio Conselheiro um revolucionário,tirando a religiosidade em questão,que aliás não vem ao caso.Tratase de um homem que fez com que milhares de miseráveis,escravos de latifundiarioscoronéis malditos.Se transformasse em herois anonimos.Defensores de suas famílias,de suas casas de sua honra.parabéns a antonio conselheiro e maldito seja o sistema que ainda escravisa,e oprime os mais fracos e humildes que querem apenas viver em paz.
06/12/2012 09:58:49


2 sìntia maria carvalho da silva - senador pompeuce
è uma tristeza lutar por uma coisa e nâo conseguir
20/06/2011 09:38:25


3 Márcia - Monte Santo - BA
Muito proveitoso. Antônio Conselheiro marcou a história da nossa cidade e do nosso Brasil... Conheço várias partes dessa história de dor, luta, trabalho e sofrimento. Construiram uma cidade com o suor do rosto do povo, trabalhando e lutanto por uma vida melhor. Onde não encontravam mais onde trabalhar ou ficar, eles se dirigiam ao arraial, ou seja a cidade de "Belo Monte", pois ali crescia o número de pessoas sem ter moradia, comida e trabalho digno. Cada dia aquela comunidade crescia... Graças a um homem q acreditava que tudo podia ser diferente. O medo da mudança, de perder o poder, sempre faz com que os "homens do poder" tomem decisões desse tipo. Desde o Cristo, até os dias de hoje acontece da mesma forma. Ele talvez não fosse um Messias, mas para o seu povo ele era um grande homem; mesmo considerado lunático, maluco. Imagine se não fosse! Obrigada por trazer para nós mais informações a cerca de tão grandioso assunto. Como nos diz Euclides da Cunha: " O Sertanejo é Antes de Tudo um Forte".
22/11/2007 12:28:22


4 sssaaaaa - ddddd
odieiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
28/05/2007 10:11:01


5 márcia jaísa - embú das artes
bom eu gostei muito de saber da historia de conselheiro.por isso quero pasar essa informação para outras pessoas ,por tanto gostaria muito de saber por que- quando eu endico esse artigo para um amigo nunca chega até ele essas informações. obrigada márcia jaísa
04/04/2007 01:42:03


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