A Semana - Opiniões
Cássia Ravena Mulin de Assis Medel Pedagoga e Escritora. Especialista em Supervisão Escolar e Orientação Educacional. Atua como Orientadora Pedagógica na E.M.Francisca Pinheiro Teixeira e Orientadora Educacional no C.E.Lameira de Andrade, Cantagalo-RJ. Autora do livro Projeto Político-Pedagógico, Construção e Implementação na Escola, Editora Autores Associados. Consultora Pedagógica e Palestrante. Contatos pelo ravenamedel@yahoo.com.br

A avaliação da aprendizagem nos dias de hoje - 06/05/2008
Por uma avaliação mais abrangente e enriquecedora

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Nos dias de hoje, a avaliação da aprendizagem não é algo meramente técnico. Envolve auto-estima, respeito à vivência e cultura própria do indivíduo, filosofia de vida, sentimentos e posicionamento político. 

Embora essas dimensões não sejam perceptíveis a todos os professores, observa-se, por exemplo, que um professor que usa o erro do aluno como ponto inicial para compreender o raciocínio desse educando e rever sua prática docente, e, se necessário, reformulá-la, possui uma posição bem diversa daquele que apenas atribui zero àquela questão e continua dando suas aulas da mesma maneira. 

Do mesmo modo, o educador que faz uso de instrumentos de avaliação diversos para, ao longo de um período, acompanhar o ensino-aprendizagem, é diferente daquele que se restringe a dar uma prova ao final do período.

Segundo Canen (2001), Gandin (1995) e Luckesi (1996), a avaliação é um julgamento sobre uma realidade concreta ou sobre uma prática, à luz de critérios claros, estabelecidos prévia ou concomitantemente, para tomada de decisão. Desse modo, três elementos se fazem presentes no ato de avaliar: a realidade ou prática julgada, os padrões de referência, que dão origem aos critérios de julgamento, e o juízo de valor.

Através desses elementos, constata-se que a avaliação não é um processo apenas técnico. O educador deve refletir acerca de algumas questões: Quem julga? Por que e para que se julga? Quais os aspectos da realidade que devem ser julgados? Deve-se partir de que critérios? Esses critérios se baseiam em quê? A partir dos resultados do julgamento, quais são os tipos de decisões tomadas?

Como foi dito, a avaliação não é um processo apenas técnico, é um procedimento que inclui opções, escolhas, ideologias, crenças, percepções, posições políticas, vieses e representações, que informam os critérios através dos quais será julgada uma realidade.

A avaliação do aproveitamento de alunos, por exemplo, pode basear-se em critérios reduzidos, apenas à memorização de conteúdos, ou pode basear-se em critérios que visem o crescimento pessoal dos alunos, no que diz respeito as suas atitudes, liderança, conscientização crítica e cidadã. Esses critérios se originam de opiniões acerca do que se entende por educação, e vão direcionar o julgamento de valor acerca do desempenho daqueles alunos.

O Projeto Político-Pedagógico da escola deve ser elaborado coletivamente, e expor a visão acerca da missão da unidade escolar, direcionando os critérios através dos quais as práticas docentes que estão sendo desenvolvidas, sejam avaliadas. 

A avaliação da aprendizagem não é um julgamento de valor apenas acerca do aluno, mas também acerca da prática docente, que tem como resultado o desempenho do aluno. Segundo Paulo Freire, a avaliação não é um ato pelo qual A avalia B, mas sim um processo pelo qual A e B avaliam uma prática educativa.

Quando um professor dá uma explicação sobre um conteúdo e, no entanto, nos instrumentos de avaliação que ele elabora, propõe exercícios que abordam aspectos e habilidades referentes à matéria que não foram trabalhados, o aluno sente-se “perdido”, sem ter um caminho a seguir, uma reflexão que possa fazer acerca daquela matéria.

O educador deve ter uma posição de não neutralidade envolvida na escolha dos critérios para o julgamento de valor e na escolha daquilo que se deseja julgar, a avaliação, como dissemos anteriormente, envolve mais do que uma simples contemplação. 

Ela requer tomada de decisão. Conforme Luckesi (1996), sendo o juízo satisfatório ou insatisfatório, temos sempre três possibilidades de tomada de decisão: continuar na situação em que nos encontramos, introduzir mudanças para que o objeto ou situação se modifique para melhor ou suprimir a situação ou objeto.

Infelizmente, algumas tomadas de decisão partindo de critérios que limitam o processo educativo a aulas expositivas, de linguagem pouco clara para os educandos, e, que restringem a avaliação a apenas um momento final, partindo de um único instrumento, homogêneo, tendem a optar pela “supressão” do educando direta ou indiretamente, através de sua reprovação.

Desse modo, o educador de hoje, deve repensar acerca dos seus critérios de avaliação, acerca da necessidade de construir políticas e práticas que considerem essa diversidade e que estejam comprometidas com o sucesso e não o fracasso escolar. Para isso, faz-se necessário um retorno as formas pelas quais a avaliação foi planejada.

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1 COMENTÁRIOS

1 Erika Buenno - São José dos Campos
Olá, essas palavras remete-nos a uma sensata reflexão que certamente nos conduzirá a novas perpectivas. Abraços!
09/05/2008 15:14:24


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