A superação de Ricardo

"Nas estatísticas, a presença de Ricardo Oliveira da Silva, 19, na sétima série do ensino fundamental contribui para a alta defasagem escolar - repetência - no país. No mundo real, é a história de um vencedor. Vítima de amiotrofia espinhal (doença neurológica que causa a atrofia da medula espinhal e fraqueza muscular), Ricardo foi condecorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem (26/02/08), no Teatro Municipal do Rio, com sua segunda medalha de ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas, ocorrida no ano passado, um galardão destinado aos 300 melhores do país, numa disputa que envolveu 17,5 milhões de estudantes." (Fonte: Folha de São Paulo)

Enquanto Ricardo nos dá uma verdadeira lição de vida, superando as dificuldades e os problemas físicos que o impedem de freqüentar a escola normalmente como qualquer outro estudante, há inúmeros (milhares) de alunos que deixam de aproveitar a oportunidade que têm de estudar. Ricardo vai à escola num carrinho de mão, sendo levado pelas forças do braço de seu pai, já que o transporte público de seu município alega não ter condições de entrar nas estradas rurais que levam a sua casa. Só daí já temos uma preciosa indicação de como o estudo e os valores para a vida se consolidam... Amor de pai faz diferença, e muita... Mesmo com toda a humildade e dificuldade que possa ser percebida no lar simples dessa família, a importância do estudo e a valorização dos filhos é ponto de honra para os pais de Ricardo.

Tanto é assim que foi a mãe dele que o alfabetizou, mesmo tendo estudado até a 7ª série do ensino fundamental... Amor de mãe é diferencial... Só isso para explicar como com tantas pedras no caminho, esses brasileiros de pé no chão, agricultores de subsistência, conseguiram tornar possível o sonho do menino Ricardo...

Não basta, porém, a imensa vontade da família, mais precisamente dos pais para que o estudo e a aprendizagem se efetivem... A Ricardo coube a tarefa de se debruçar sobre os livros, de fazer os exercícios que a ele eram direcionados, de se esforçar nas tarefas e avaliações... E ele fez tudo com afinco, dedicação, coragem e vontade de se superar... Não para ganhar prêmios e reconhecimento... Não para encontrar o presidente da república em uma solenidade elegante organizada por um grande banco... E sim para aprender, conhecer, crescer, prosperar e ter reais chances na vida... Um verdadeiro campeão da matemática e, principalmente, da vida... Parabéns!

As lições de Ben

O curso do professor Tal Ben-Shahar, psicólogo israelense de 37 anos, é o mais popular da melhor e mais prestigiada universidade dos Estados Unidos, a famosíssima Harvard. E que curso é ministrado por Ben-Shahar? Alguma nova modalidade de estudos sobre economia, vinculando isso a psicologia? Afinal de contas a área de negócios, administração e finanças é talvez a mais famosa e reputada entre todos os excelentes cursos de graduação ofertados por Harvard...

Diferentemente do que a maior parte das pessoas pode pensar, no entanto, a disciplina lecionada pelo jovem professor de ascendência israelense é Psicologia Positiva, curso que tem mais de 1400 alunos por semestre se matriculando e assistindo duas aulas de 90 minutos cada por semana...

E o que ensina o mestre a seus pupilos em suas aulas? Ben-Shahar trabalha um conceito fundamental que foi esquecido por gerações de workaholics determinados a enriquecer a qualquer custo... O essencial é a felicidade, independente da perspectiva que cada um tenha, o principal é irmos atrás de nossos sonhos.

A revista Época Negócios (edição de dezembro de 2007) traz reportagem falando sobre as aulas de Ben-Shahar e destaca, entre outros pontos, 6 idéias fundamentais trabalhadas pelo professor para que seus alunos consigam se sentir mais felizes e realizados... Acompanhe abaixo o mapa da mina:

1.Aceite suas emoções. Permita-se ser humano. Não rejeite seus sentimentos, sejam eles positivos ou negativos.

2. A felicidade se revela no ponto de encontro entre relevância e prazer, ou seja, devemos fazer o que gostamos e nos envolver com coisas e ações que para nós sejam significativas.

3. Felicidade é, acima de tudo, estado de espírito elevado.

4.Temos que simplificar nossas vidas, o importante não é a quantidade, é a qualidade do que realizamos.

5. Para a mente estar bem, o corpo tem que estar bem. Faça exercícios físicos para o corpo e a mente regularmente.

6. Expresse gratidão sempre que possível, aprenda a dizer obrigado sempre que tiver oportunidade.

As vocações que brotam em São José...

"Muito se fala das descobertas de reservas brasileiras de petróleo, mantidas numa profundidade ainda não explorada no país. Mas pouco se sabe que para explorações tão profundas e fazer o óleo jorrar são necessárias sondas fabricadas com materiais resistentes, alguns deles usados na aviação - é por isso que a Petrobras resolveu montar um núcleo em São José dos Campos (SP) para aproveitar os conhecimentos locais aeronáuticos. Mas o que interessa aqui não é energia nem aeronáutica, mas como uma cidade aprende a fazer jorrar dinheiro com educação, uma lição especialmente valiosa neste ano eleitoral. Por trás da busca de Petrobras por novos materiais para suas sondas, está uma iniciativa tomada pela cidade São José dos Campos: montar, com os recursos próprios, um parque tecnológico, inicialmente com uma vocação aeronáutica, devido à presença da Embraer e dos engenheiros do ITA. A busca de parceiros atraiu marcas como Vale e Microsoft, em meio a uma série de instituições federais e estaduais de financiamento, ensino e venda de produtos. Uma delas é a Universidade Federal de São Paulo que, na semana passada, anunciou sua decisão de montar naquele parque uma área dedicada à biotecnologia." (Fonte: Folha de São Paulo)

Exemplos como o de São José dos Campos começam a aparecer e devem servir como incentivo para que outras localidades brasileiras se interessem em investir em educação de qualidade. E isso não apenas a partir da formação do profissional, técnica ou universitária, ou seja, como dizem popularmente "o buraco é mais embaixo" e os ganhos só serão possíveis se a qualidade for garantida desde a base, começando ainda na educação infantil e avançando pelos anos de ensino fundamental e médio...

É claro que quando falamos em qualidade estamos nos referindo não apenas ao investimento de altas somas nas salas de aula, com a construção ou reforma das unidades escolares já existentes... É preciso aperfeiçoar o trabalho docente, equipar as escolas com bibliotecas e laboratórios, estruturar e motivar o uso de salas de informática, disponibilizar acesso a jornais e revistas, reorganizar os currículos, reestruturar os planos e projetos político-pedagógicos, criar projetos de apoio entre a cultura e a educação,...

O dinheiro necessário e a vontade política para que isso aconteça são, indubitavelmente peças-chave para que tudo isso aconteça, como em São José dos Campos. Porém, a criação de bases de apoio e participação nas comunidades é de suma importância, em especial a adesão dos educadores, para que isso realmente aconteça...

Aprender no balanço do mar

"A primeira parada na volta ao mundo foi Porto Belo, a 60 quilômetros de Florianópolis, bem perto de casa. Meu pai entendeu que uma viagem era conhecer o mundo. Outra era trocar uma casa de 380 metros por um barco de 45. Tínhamos de reaprender a conviver.”

"Antes de chegar a qualquer lugar, a gente estudava a cultura local. Até hoje, esse é um dos meus principais valores. Nos negócios, não necessariamente os dois lados têm a mesma visão".
"Você está no mar, são 3 da manhã e está chovendo. Se é o seu turno, você tem de estar pronto para assumir. Alguém está lá fora há quatro horas. Essa disciplina de seguir o combinado é importantíssima para mim."

As frases acima foram proferidas por Pierre Schürmann, membro da famosa família catarinense de velejadores que deu a volta ao mundo há algum tempo atrás e que hoje é presidente de uma companhia chamada ExperienceMedia, em entrevista para a revista Época Negócios (edição de Fevereiro de 2008). Destaco esses pensamentos com o objetivo de chamar a atenção para algumas lições e valores adquiridos pelos Schürmann em sua célebre viagem, a saber:

- Primeiramente a necessidade de "reaprender a conviver" recorrente em nossas vidas sempre que passamos a viver, atuar, dividir espaços e nos relacionar com outras pessoas, povos, lugares, culturas, contextos, histórias de vida,... Não podemos nos anular, esquecer quem somos, abandonar nossas próprias experiências e raízes, mas devemos demonstrar respeito e vontade de aprender o que os outros podem nos ensinar nesses novos espaços que passamos a ocupar...

- Nesse sentido a segunda afirmação é de vital importância, ou seja, sempre que se reposicionar em sua vida (em qualquer instância da mesma, seja ela profissional, pessoal, emocional,...) tenha o cuidado de conhecer de antemão os novos rumos e destinos que está tomando em sua vida. Estude, pesquise, conheça e, dessa forma, entre bem orientado em sua nova etapa de vida, sempre sabendo que apesar de toda a informação que tiver em mãos, surpresas e acontecimentos inesperados podem e irão acontecer...

- Para finalizar, seja disciplinado, aprenda com a milenar sabedoria dos mares (e dos orientais) que nos mostra que temos que ter foco, objetivo e que, para chegar nisso, devemos ser persistentes, perenes, guerreiros em busca de nossas metas... Para isso, estipule com clareza quais são os seus projetos de vida, lute por eles, não desista dos mesmos, acredite sempre e, acima de tudo, saiba que é possível se você for muito disciplinado nessa caminhada.