A melhor escola do mundo... - 26/02/2008
Creia nisso, pode ser a sua...
A “melhor escola do mundo” foi descrita em artigo publicado pela Revista Veja (edição do dia 20/02/2008).
Essa matéria apresentou as particularidades do sistema de ensino da Finlândia, país nórdico europeu que até 30 anos atrás possuía educação equivalente a do Brasil.
E com base em que critérios foi possível definir que o sistema educacional finlandês pode ser considerado atualmente como o melhor do planeta?
Partiu-se do mais básico entre todos os elementos de análise disponíveis: os resultados internacionais obtidos pelos alunos daquela nação no PISA (Programa de Avaliação Internacional de estudantes), comparativamente ao de todos os outros participantes (milhares de estudantes representando 57 nações no total, desenvolvidas ou emergentes) para que, pautando-se nos resultados obtidos nas provas de matemática, ciências e leitura – se constatasse a superioridade finlandesa.
Os finlandeses ficaram em primeiríssimo lugar em Ciências e Matemática e conquistaram a “medalha de prata” em Leitura.
Só para que possamos comparar, o Brasil ficou em 48º lugar em leitura (sua melhor colocação), 52º em ciências e 53º em matemática. Estamos equiparados a nações emergentes africanas e da América Central!
Vale destacar que a distância no que se refere aos resultados obtidos entre os primeiros colocados e os últimos (situação que caracteriza a Finlândia e o Brasil nessas avaliações) é bastante acentuada, portanto a vitória dos finlandeses nessa corrida educacional se dá com praticamente uma volta na frente dos brasileiros!
E qual foi a fórmula mágica utilizada no sistema educacional finlandês para que seus estudantes obtivessem tanto destaque no PISA? O que lhes garantiu a qualidade de ensino tão sonhada por tantos países e educadores?
Provavelmente alguma tecnologia tão distante de nossa realidade que só a teremos por volta de 2020...
Quem sabe livros didáticos revolucionários em seu
método e abordagem que realizem verdadeira lavagem cerebral
nos alunos e os transformem em gênios... Talvez os
professores de lá sejam superdotados intelectualmente e
não seja compatível uma
comparação com os docentes tupiniquins...
Se você realmente chegou a pensar em alguma possibilidade fantástica, típica dos filmes de ficção científica ou de fantasia, fique tranqüilo, não há nenhuma revolução tecnológica em curso na Finlândia. Eles não inventaram a pílula do pleno conhecimento e nem, tampouco, começaram a inserir chips com enciclopédias completas na cabeça dos estudantes de lá...
As mudanças implementadas nas escolas locais, realizadas ao longo das últimas três décadas - e que coincidem com o surgimento de uma nova, dinâmica e próspera economia na Finlândia (que ocasionaram, por exemplo, o surgimento e consolidação da Nókia como uma das mais importantes empresas de alta tecnologia do mundo) – são bastante simples e reveladoras de que o pote, no final do arco-íris, é acessível a qualquer nação... Vamos então a elas:
- Em primeiro lugar, o investimento em educação por parte do governo local é bastante alto, girando em aplicações equivalentes a 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil já atingimos um montante de 3,9% do PIB e estamos avançando em direção a políticas públicas que garantam mais dinheiro para nossas escolas. Nosso problema reside no fato de que mesmo aumentando progressivamente os investimentos em educação, convivemos com uma corrupção endêmica que não permite a chegada dos recursos investidos nas escolas de forma integral...
- Outra particularidade do sistema de ensino finlandês é a valorização dos profissionais da educação. Enquanto naquele país o salário médio dos professores é de quase 32 mil dólares anuais, no Brasil os educadores recebem o equivalente a 12 mil dólares por ano. É necessário salientar, porém, que os rendimentos anuais de um professor brasileiro são 56% mais elevados do que a renda brasileira. Na Finlândia os professores ganham 12% a mais do que a média nacional. Salários e condições de trabalho melhores ajudam, mas não garantem qualidade superior de ensino conforme pesquisas recentes comprovam. Além disso, para garantir maiores rendimentos, os professores devem comprovar a eficiência do seu trabalho através das avaliações nacionais e internacionais, da assiduidade e pontualidade, dos cursos novos de atualização de conhecimentos,...
- A especialização e o aprofundamento nos estudos é também marca registrada do sucesso obtido nas escolas finlandesas. Naquele país o mestrado é considerado pré-requisito obrigatório para que um profissional do ensino entre em sala de aula no ensino fundamental. Portanto, os índices nacionais finlandeses revelam que 100% dos professores das turmas de 1º a 9º anos do ensino fundamental têm o mestrado concluído! No Brasil calcula-se que esse índice chegue a 2% do total de professores que atendem a essa mesma faixa etária... Se não bastasse isso, os educadores brasileiros lêem muito pouco e não estão habituados a ir ao cinema, freqüentar teatros, visitar exposições, navegar regularmente por portais especializados e de notícias, ler jornais e revistas,...
- Entre a Finlândia e o Brasil há também uma significativa diferença no que se refere à carga horária dos alunos nas escolas. Enquanto lá as crianças e adolescentes têm quase mil horas de aula anuais (para ser mais exato são 995 horas), no Brasil a exigência legal é de 800 horas (ou 200 dias letivos de 4 horas de aula). Essa questão não se refere só a quantidade de horas que um aluno tem ou deixa de ter, mas também se refere a forma como esses encontros são utilizados... Nesse sentido cabe preocupar-se com o planejamento, os materiais utilizados, as técnicas e métodos de trabalho empregados, as tarefas e avaliações, leituras paralelas ao curso,... Num país como o nosso, em que na maioria das vezes os planos de ensino são copiados de um ano para o outro, somente se alterando algumas datas, sem a revisão das ações, estratégias, recursos e trabalhos aplicados, cabe maior atenção a forma como as horas de aula estão sendo usadas e, é claro, uma planificação para o aumento gradual das cargas anuais de trabalho escolar...
- Outra preocupação é a quantidade de alunos por sala de aula. Enquanto os finlandeses têm, em média, 16 alunos por turma, no Brasil a média é de 23... Mas sabemos muito bem que em muitas escolas públicas nacionais há salas com 35, 40 ou até mais alunos, situação que torna muito difícil o trabalho do professor...
- Currículos variados e flexíveis também colaboram para que as escolas da Finlândia sejam melhores e mais interessantes para os alunos. Lá é obrigatório aprender duas línguas estrangeiras e há aulas de ecologia, ética, música, artes,...
- O que se ensina em todas as escolas públicas segue o mesmo padrão em todo o país. Isso evita discrepâncias e diferenças muito acentuadas nos resultados de diferentes regiões.
- As escolas da Finlândia são constantemente visitadas por coordenadores e supervisores de ensino e, a partir dessas visitas, avaliadas quanto ao seu desempenho. Existem metas a serem atingidas e a obtenção (ou não) dos resultados esperados é atribuição de todos os membros do corpo docente. Os resultados são compartilhados pela direção com os professores e há um rigoroso exame por parte dos docentes quanto aos motivos que levaram a escola a estar em boa ou má colocação no ranking escolar nacional. Os professores se consideram (e são considerados pela população) como responsáveis pela qualidade de ensino do país e não fogem dessa importante atribuição tentando atribuir a outros os motivos do fracasso escolar de seus alunos...
-
Há aulas de reforço escolar para os estudantes
que tem rendimento inferior as médias esperadas
nacionalmente. A preocupação existe no sentido de
dar alternativas reais de melhoria e recuperação
para que a auto-estima do aluno não seja prejudicada e para
que, dessa forma, ele não fique atrasado em
relação aos demais.
Pensando nisso tudo, concluo acreditando que realmente é
possível também no Brasil, a despeito das
diferenças que existam entre os dois países,
atingir a tão sonhada educação de
qualidade. Tudo começa e termina na sala de aula. O
professor é a peça chave do processo. A
gestão escolar é o elemento primordial para que
tudo aconteça devidamente. O que temos que fazer
então é trabalhar e colocar essas
idéias em prática... Mãos à
obra...
1 adézima alves - nova serrana
O salário não tem nada a ver com os resultados da educação.Ano que vem vamos para a pior com certeza.Estão todos pirados!!!Você passa nos corredores da escola e vê que todos piraram.Alunos com cinco anos na educação infantil ficam trancados dentro da sala ,pois devese aprender o alfabeto. Se forem para o primeiro ano do ensino fundamental e sem saber os professores piram.Grande parte dos pais entregaram os alunos para a escola educar.O recreio é um Deus nos acuda.Salvese quem puder um recreio que era para ser de vinte minutos...Deixa pra lá...Baixo salário não tem nada a ver com essa ordinária de eduicação .Todos piraram por causa das avaliações externas .
06/12/2012 20:40:41
2 Renata Ataner - são paulo
Lendo os comentários postados fiquei surpresa com a declaração do Sr. Elias. Ele entrou no curso apenas por tratarse de um curso com maioria feminina. Após arrumar sua esposa ele deixou de estudar. Então, não entendo como a avaliação dele pode ser tão indignada com a postura acadêmica se a dele própria tratou o curso como uma agência de matrimônio!
28/10/2011 14:20:57
3 Elizabeth Mattas - Campo Grande MS
O Mestrado. Ah, o Mestrado.
As Universidades Federais deveriam ampliar a oferta desses cursos, principalmente, aos professores da rede pública de ensino, já que um Mestrado numa Instituição Privada é oneroso ao bolso do professor.
14/01/2011 11:24:48
4 eli - CURITIBAPR
AH,COM 16 ALUNOS EM SALA, EU DARIA A MELHOR AULA DO MUNDO TAMBÉM!!
QUEM ENCHE AS SALAS DE AULA??SÃO AS LEIS ABSURDAS E A FALTA DE PRESSÃO DOS PAIS PARA QUE ISSO MUDE.
28/05/2009 18:31:27
5 Klenze - Teixeira de Freitas BA
Boa noite, matéria interessante....eu tenho sempre dito ao meu filho que quem faz a escola é o aluno e não viceversa. Isso implica que quando se é bom aluno oé em qualquer instituição. Concordo plenamente que não há uma fórmula mágica como pensam alguns para um salto evolutivo na educação. Estamos ficando para trás porque o brasileiro não tem o hábito de ler isso acontece com a grande maioria. A cola na pesquisa escolar existe devido a facilidade no metodo avaliativo...se os alunos fossem obrigados a fundamentar a tal pesquisa em debates e dentro do que pesquisaram, impor suas idéias à respeito, se importariam mais. O aluno tem que entender que o que realmente conta é o saber. Quanto a questão salarial é imprescindivel que com salários melhores os professores podem e devem frequentar teatros, cinemas, comprar um bom livro. Eu ainda acho que a educação de qualidade resumese em: leitura e estudo mestres e alunos, melhores condições aos mestres para a possível realização sem que fiquemos na expectativa até 2020 esperando pelo milagre na educação. Afinal, sabemos que as verbas destinadas à educação disvirtuamse do seu propósito ao bolso de alguns que se julgam mais favorecidos. É necessário que haja conscientização da nação que não se constrói um país de primeiro mundo em um salto evolutivo com bases fundadas em promessas milagrosas. É necessário AÇÂO! E podemos começar a agir dentro de casa, façamos com que os nossos filhos leem, pesquisem, discutem, questionem, fundamentem...enfim haja. É no agir que diferenciamos nos uns dos outros.
30/08/2008 20:04:34
6 Elizete Nery Lima - CoroatáMaranhão
Infelizmente a questão salarial ainda é uma vilã na nossa prática pedagógica. Não deveria, sem hipocrisia nenhuma, a questão salarial não deveria dar as coordenadas às nossas ações. Somos mal remunerados, é verdade, mas cada vez que agimos de má fé porque ganhamos mal. o nosso aluno perde, nós perdemos, toda a sociedade e isso vai se tornando uma bola de neve imensa.... Achei a reportagem muito boa. É sempre bom refletir sobre essas questões e tomar uma atitude. Valeu!!!!!!!!
22/07/2008 14:27:46
7 José Martins - BH
A questão do salário é tão séria que a maioria das professoras, digo no feminino pois mais 80 destes profissionais da educação são mulheres. Pois bem, a maioria têm dupla e/ou tripla jornada de trabalho e consequentemente estão adoecendo. Como vamos garantir qualidade no ensino se aquelas/es que estão na ponta do processo estão doentes? Outra coisa é sobre o financiamento. Não dá para pensar em melhoria na educação com estas políticas de fundo, que na verdade são privatizantes. É preciso elevar o gasto com a educação e saúde definindo um percentual do PIB. Digamos 10 para alavancar a triste realidade brasileira. Na minha opinião é isto.
07/05/2008 20:04:55
8 Elias Dantas Teixeira - São Paulo
Minha formação é técnica, mas resolvi fazer o curso de pedagogia por trabalhar em departamento de treinamento. A faculdade era particular, existiam cerca de 80 alunos na sala, sendo que apenas 4 eram homens. Inicialmente pensei que seria uma turma diferente de outras que conheci em minha vida, ou seja, por se tratar de futuros professores imaginei que teriam uma postura diferente de “alunos normais”, mas isso não ocorreu. Desinteresse pela matéria, ações para facilitar a aprovação (atenuar o ritmo do aprendizado) e colas, eram freqüentes e vergonhosas. Nada disso é novidade, pois fatos como estes existem em outros cursos de formação profissional (se não em todos), mas não na freqüência e intensidade deste caso específico.
Assim como a questão do ovo e da galinha, não sei quem nasceu primeiro, se foram os salários baixos ou os professores incompetentes. No caso da primeira questão foi o ovo e no da segunda, bons salários devem resolver. Acredito que a pessoa que deixa de fazer um bom trabalho, por receber pouco para isto, na verdade não possui competência para realizá-lo, pois trata-se apenas de alguém “encostado” em um lugar qualquer, apenas “esperando a vida passar”. Existem várias pessoas deste tipo em todas as profissões, mas como a de professor é uma das mais mal remuneradas, deve existir maior quantidade nesta. De qualquer forma, acredito que uma remuneração melhor resolverá este problema, pois isso amplia a possibilidade de novas pessoas (melhores) entrarem nesta profissão.
Com a remuneração atual, a tendência é que se formem dois extremos: ou ótimos profissionais (idealistas, que possuem condições materiais para isso) ou aqueles que não conseguiram se colocar em outras profissões. Existem os que defendem o “amor” à profissão, mas amar de barriga vazia é algo que se esquece logo após a adolescência.
07/03/2008 13:17:07
9 Silvana - Paraíba do Sul - RJ
Muito bom.
Nos leva a refletir sobre a prática pedagógica
04/03/2008 23:08:16
10 Sílvio Alexandre Mello de Oliveira - Porto Alegre
Boa tarde!
O texto é bom, mas por favor, parem de falar que salário não tem relação com a qualidade da educação no Brasil, repito, no Brasil. Aqui, sim, os baixos salários tem relação direta com a má qualidade da educação. Baixo salário significa não ir ao cinema(quanto custa uma entrada de cinema???), não comprar um livro, não pagar um curso de pós graduação!
26/02/2008 15:41:16
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