Aprender com as Diferenças
Fábio Adiron  Consultor e Professor de Marketing. Fundador e Presidente da Associação Mais 1. Membro da Comissão Executiva do Fórum Permanente de Educação Inclusiva. Moderador do Grupo de Discussão sobre Síndrome de Down do Yahoo Grupos.

Um Convite para Jantar - 11/02/2008
Texto inspirado por uma metáfora de Jo McGowan Chopra

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Volte um pouco no tempo, uns vinte anos, por exemplo. Se você fosse receber amigos para jantar e eles lhe dissessem que eram vegetarianos você ia ficar sem saber o que fazer para eles comerem. 

Se você fosse o vegetariano, provavelmente seria considerado um chato e acabaria recebendo poucos convites para jantar. 

Num país de cultura carnívora como o nosso você estaria excluído.

O que isso tem a ver com as pessoas com deficiência? 

Quando falamos que a inclusão de pessoas com deficiência representa um progresso para todos, que é uma prova de desenvolvimento assim como ter água potável nas casas ou um bom sistema de saúde, mudamos as referências para esse debate.

Apelar para o senso de ética ou de bondade é um erro. Seria ótimo se isso levasse as crianças para dentro da escola, ou os adultos para trabalhos decentes. 

Seria bom se os prédios, livros e sites fossem acessíveis, porque isso é a coisa certa a se fazer, mas não está acontecendo.

Então o negócio é apelar para os próprios interesses das pessoas sem deficiência. 

Nos últimos anos entramos em contato com as mais variadas culinárias, mesmo em cidades menores encontramos restaurantes japoneses, chineses, vegetarianos. 

E não é porque ganhamos imigrantes desses países ou porque eles têm direito a sua própria dieta, mas porque as outras pessoas descobriram que a comida é saborosa e vale a pena comprar.

Nós também precisamos promover a inclusão dessa forma: de uma maneira que as pessoas a queiram. 

Por que aquele executivo malhado vai se preocupar com rampas ou elevadores?

Ele ama escadas, adora fazer um "step", o que ele ganha com rampas e elevadores ? Mas um dia ele chega cheio de pastas, carregando o notebook, cópias de uma apresentação...e eis o elevador.

De noite se quiser passear no shopping com o filho pequeno, usa o carrinho e sobe a rampa. Ah, se ele têm pais, avós idosos e um dia será um deles.

Por que pais com filhos ditos "normais" vão se preocupar se a escola aceita ou não crianças com deficiência? 

Bem, pelo menos pelo fato de que os seus próprios filhos terão uma educação melhor. 

Um professor que é capaz de ensinar uma pessoa com algum tipo de dificuldade certamente é um professor mais criativo e melhor qualificado em estratégias pedagógicas.

Por que um cidadão saudável, produtivo e com um bom emprego vai se preocupar com a contratação de pessoas com deficiência? 

Pessoas desempregadas, com ou sem deficiência, são um dreno na economia do país, as pessoas que têm emprego acabam pagando mais impostos para sustentar uma gama de benefícios os que não têm emprego. 

Dinheiro que poderia ser investido em benefício de todos e não só de alguns.

Isso assusta os empregadores? 

Não deveria, fala-se tanto em congressos de recursos humanos que horários flexíveis e trabalho em casa geram mais satisfação e conseqüentemente aumentam a produtividade...

A inclusão faz sentido em vários aspectos. Precisamos parar de apelar para a caridade das pessoas. 

Vamos reforçar e apelar para o egoísmo delas, e que elas possam aproveitar com gosto esses novos sabores.

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