Universo Escolar
Cássia Ravena Mulin de Assis Medel Pedagoga e Escritora. Especialista em Supervisão Escolar e Orientação Educacional. Atua como Orientadora Pedagógica na E.M.Francisca Pinheiro Teixeira e Orientadora Educacional no C.E.Lameira de Andrade, Cantagalo-RJ. Autora do livro Projeto Político-Pedagógico, Construção e Implementação na Escola, Editora Autores Associados. Consultora Pedagógica e Palestrante. Contatos pelo ravenamedel@yahoo.com.br

Alfabetizar letrando - 08/02/2008
Ferramentas para a aprendizagem da leitura e escrita

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O professor deve fornecer ferramentas para o aluno construir o seu processo de aprendizagem da leitura e escrita.

Na etapa inicial, isto é, na Educação Infantil, a escola tem obrigação de ajudar o aluno a se apropriar da escrita alfabética e informatizar o seu uso.

Para realizar essa tarefa, o professor não deve deixar o aluno se esforçar sozinho para entender “por que coisas que se fala parecido tendem a ser escritas de modo parecido o professor deve ajudar o aluno a refletir sobre palavras retiradas de textos lidos (além de outras que são significativas para o aluno)”. 

É essencial praticar a leitura e a escrita no cotidiano escolar “trabalhar com palavras”, propiciar aos alunos refletir sobre elas, montá-las e desmontá-las.

Nessas ocasiões, mesmo ainda sem saber ler convencionalmente, os alunos poderão se apoderar de algumas estratégias de leitura: estratégias de antecipação, de checagem de hipóteses, de comparação, entre outras ( utilizadas por um cidadão letrado.

Explorando e também produzindo textos observados pelo professor ou por outro aluno já “alfabetizado”), os alunos estarão desenvolvendo conhecimentos sobre a linguagem que se utiliza nos textos que percorrem a sociedade letrada.

Com base nos estudos e pesquisas de hoje em dia, “Alfabetizar letrando” requer: Democratizar a vivência de práticas de uso da leitura e da escrita e ajudar o aluno a, ativamente, reconstruir essa invenção social que é a escrita alfabética.

Se a escrita alfabética é uma invenção cultural, seguindo as idéias de Vygotsky, os professores, como membros mais experientes da cultura devem auxiliar os alunos a prestar atenção/analisar/refletir sobre os pedaços sonoros e escritos das palavras. 

Isso, é claro, não seria, de forma alguma, usar métodos fônicos ou treinar a “produção de fonemas” num mundo sem textos e sem práticas de leitura.

A partir de 1983, através de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, o professor começou a repensar a sua prática cotidiana em sala de aula. Nos dias de hoje, sabemos que um indivíduo plenamente alfabetizado é “aquele capaz de atuar com êxito nas mais diversas situações de uso da língua escrita. 

Dessa forma, não basta apenas ter o domínio do código alfabético, isto é, saber codificar e decodificar um texto: é necessário conhecer a diversidade de textos que percorrem a sociedade, suas funções e as ações necessárias para interpretá-los e produzi-los.” 

O processo de alfabetização ocorre durante toda a escolaridade e tem início antes mesmo da criança ingressar na escola. Implica em tomar como ponto de partida, o texto, pois este é revestido de função social e não mais as palavras ou sílabas sem sentido. 

O professor deve buscar um vocabulário que tenha realmente significado para a classe, isto é, que seja retirado das suas experiências. Atualmente, a cartilha não é o recurso mais favorável à aprendizagem da leitura e da escrita, principalmente, porque não tem qualquer significado para o aluno e apresenta textos desconexos, apenas garantindo a “memorização das famílias silábicas.”

Para Teberosky, deve ser considerada no processo de alfabetização, a diferenciação entre a escrita e a linguagem.

Segundo a referida autora, a escrita deve ser entendida como um sistema de notação, que no caso da língua portuguesa é alfabetização (conhecer as letras, sua organização, sinais de pontuação, letra maiúscula, ortografia, etc.). 

A linguagem escrita é definida como as formas de discurso, as condições e situações de uso nas quais a escrita possa ser utilizada (cartas, bilhetes, notícias, relatos científicos, etc.)

Inicialmente, o professor precisa tomar por base o texto e não mais as palavras-chaves. O texto deve ser o elemento fundamental para inserir a criança no universo letrado’.

Além da escrita espontânea, pode ser considerado também o trabalho com modelos, que possibilitam ‘as crianças comparem suas hipóteses com o convencional. 

Através de listas de palavras de um mesmo campo da semântica (brinquedos, jogos prediletos, comidas preferidas, personagens de livros e gibis, nomes dos alunos da classe, frutas, etc.) das parlendas e de outros textos, as crianças, hoje, podem ampliar suas concepções e progredir na aquisição da base alfabética, como na compreensão de outros aspectos (a grafia correta das palavras, o uso de sinais gráficos, etc.).

Simultaneamente, os diversos tipos de texto necessitam aparecer como objeto de análise, propiciando aos alunos diferenciá-los, conhecer melhor suas funções e características particulares. Para que isso ocorra, é essencial que saibam interpretá-los e escrevê-los. 

A expressão pessoal (bilhetes, cartas, diários, receitas culinárias, etc.) deve fazer parte do trabalho do professor, no entanto, esta deve vir acompanhada pela escrita de outros textos, inclusive com o apoio de modelos.

Cabe à escola, desde a Educação Infantil, alimentar a reflexão sobre as palavras, observando, por exemplo, que há palavras maiores que outras, que algumas palavras rimam, que determinadas palavras tem “pedaços” iniciais semelhantes, que aqueles “pedaços” semelhantes se escrevem muitas vezes com as mesmas letras, etc.

Não se trata de apresentar fonemas para que os alunos memorizem isoladamente os grafemas que correspondem a eles na nossa língua. Como o aprendizado do sistema de escrita alfabética é, acima de tudo, conceitual, o que é preciso é que os alunos possam manipular/montar/desmontar palavras: observando suas propriedades; quantidade e ordem de letras, letras que se repetem, pedaços de palavras que se repetem, e que tem som idêntico. 

O professor deve estimular o desenvolvimento das habilidades dos alunos de reflexão sobre as relações entre partes faladas e partes escritas, no interior das palavras.

O uso das palavras estáveis como os nomes próprios e de certos tipos de letra, como a letra de imprensa ou letra script, tem uma explicação. 

Quanto às palavras que se tornam “estáveis”, o fato de o aluno ter memorizado sua configuração, possibilita-lhe refletir sobre as relações parte-todo tentando desvendar o mistério daquelas relações; por que a palavra inicia com determinada letra e continua com aquelas outras naquela ordem? Por que falamos tantos (pedaços) sílabas e tem mais letras quando escrevemos? 

Quanto ao uso das letras de imprensa ou script, o fato de terem um traçado mais simplificado, e de cada letra aparecer mais separada das demais, possibilitando ao aluno saber onde começa e termina cada letra, permite ao aluno investir no trabalho cognitivo, fazer uma reflexão necessária à reconstrução do objeto de conhecimento, isto é, o sistema alfabético.

O professor deve garantir que as práticas escolares ajudem o aluno a refletir enquanto aprende e a descobrir os prazeres e ganhos que se pode experimentar quando a aprendizagem do sistema de escrita é vivenciado como um meio para, independentemente, exercer a leitura e a escrita dos cidadãos letrados.

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20 COMENTÁRIOS

1 Edinalva silva - Patos pb
Esse texto foi ótimo para eu apresentar um seminário, ficou bem esclarecido...Obrigado.
20/08/2013 22:16:30


2 dalvacinete bento - brasília
esse textos esclareceu minha dúvida.Bem resumido aprendi,mais um pouco sobre o assunto. obrigada
24/09/2012 21:46:44


3 Edileusa - São Geraldo do Araguaia
Isso tudo que foi escrito todos nós educadores já sabemos, o que deve ser feito é fornecer materiais que subsidiem tais profissionais, não basta só ter ideias/ferramentas mas por tudo isso em prática e para isso os professores precisam de formação continuada e muito tempo para preparar suas atividades, coisas que na maioria dos municípios não tem. Querem tirar sangue dos educadores para melhorar a qualidade da educação. assim não dá!!!!!
18/09/2012 19:48:46


4 maria nazaré pinheiro - sobradinho bahia
Estou no processo de implantação, aqui no município, do pacto da educação onde o processo é alfabetizar letrando e esse texto me deu suporte pra fazer a formação com os professores, obrigada.
18/08/2011 19:05:26


5 Elaine Cristina Ferraz da Silva - Lençóis Paulista
Esse texto mostra claramente que o processo de aprendizado é complexo, o professor sempre deve agir como aquela que nortea as ideias da criança, sempre auxiliando em cada fase.
25/05/2009 09:14:08


6 Giovana -
O professor deve fornecer ferramentas para o aluno construir o seu processo de aprendizagem da leitura e escrita. Acreito que depois da leitura dessa frase não é necessário dizer mais nada.
18/05/2009 09:46:32


7 Maria Irene Ramalho Mozer - Cuiabá/MT
Adorei lêr toda essa matéria, isso nos deixa muito feliz de saber que agora estamos tendo uma visão de mundo realmente importante, pois a criança está sendo vista com carinho, atenção, direitos dentro da educação. Sou estudante de pedagogia, termino no proximo ano, parei de estudar para cuidar de meus filhos e alfabetizar em casa e o mesmo estou fazendo com minhas netas, mas os estudos de pedagogia hoje está tendo uma nova visão para os mestres e as crianças só tem a ganhar pois, hoje precisamos saber qual é o grau de conhecimento das crianças primeiramente antes de iniciarmos a alfabetização e assim fazer um trabalho minucioso com elas, sem descriminação ou simplesmente deixando de lado. Na minha época era assim, não tinhamos esses direitos, vou terminar minha pedagogia com 50 anos, mas vou comcluir aquilo que sempre fiz com meus filhos e netos e vou poder fazer com as outras crianças que estão ai vindo para o nosso futuro. Abraços Irene, aguardo respostas... Serei se Deus quizer uma Pedagoga que sempre fui e serei com o amor que tenho em ser ...
25/04/2009 14:45:04


8 Gesmares Costa Almeida Souza - Gandu Bahia
Estou concluindo o curso de Pedagogia pela FACEFaculdade de Ciencias Educacionaise fiquei maravilhada com a sua pesquisa. É realmente necessário repensar nossa prática em sala de aula, haja vista que está nas nossas mãos permitir o avanço das nossas crianças no tão sonhado mundo letrado e, isso só será possível quando entendermos que é através da leitura diversificada que a criança desenvolvese.
30/10/2008 18:13:41


9 simone lacerda dos santos - ubatuba
achei seu site super interessante, até porque estou me formando em Pedagogia agora no fim deste ano pela Unitau, adorei sua palestra em Ubatuba e gostaria de receber materiais pela net sobre educaçao, principalmente ALFABETIZAÇAO. Desde já meu muito obrigado!
23/09/2008 14:32:51


10 roberta veras saldanha - jucurutu
é um enorme desafio para op Acho sinceramente que este é o caminho da nossa educação, educar antes de mais nada objetivando a paz, existem valores que estão sendo esquecidos de serem repassados as crianças e seus familiares. O desafio é grande, mediante uma profissão que é alvo de descaso das autoridades, uma profissão desprestigiada, sem o seu devido valor. Educadores se desdobram para tentar cumprir o seu papel dignamente e aí? ´´E preciso repensar na educação com mais carinho, amor, a além de tudo que é o unico caminho de transformação humana.... Acho que é este o caminho, educar objetivando a paz, objetivando a reflexão, o pensar
23/07/2008 08:38:19


11 Margarete Santana - Entre Rios
E`fácil para quem está fora do cotidiano escolar dar conselhos e determinar modos de fazer, mas só um professor sabe os desafios diários que enfrenta principalmente na escola pública, claro cabe a nós essa facilitação mas não somos os únicos responsáveis. Onde está a familia?
01/04/2008 18:42:53


12 Dinora Pereira Ribeiro - Cachoeira Paulista
O professor é mediador entre o conhecimento e o aluno. É importantíssimo que ele estimule a reflexão das idéias e que isto esteja ligado a realidade do aluno. Muito proveitoso é o ato de ouvir história, se familiarizar com cartazes, observando os vários tipos de escrita, mesmo não estando alfabetizado, ele está inserido no mundo letrado. Isso facilitará sua inserção na hora de aprender a escrita alfabética. Segundo as teóricas Emília Ferreiro e Ana Teberosky, o aluno precisa ler o mundo, não basta só o conhecimento das letras, é preciso ir além, conhecer os diversos tipos de textos, dar sentido a aprendizagem. Por isso a escola tem um papel muito importante em alimentar na criança o desejo de aprender, estimulando o desenvolvimento das habilidades dos alunos, não pela memorização de letras e palavras, mas fazer a reflexão a reconstrução do objeto do conhecimento do sistema alfabético.
26/03/2008 20:06:20


13 Sandra Regina Ribeiro Leite - Lorena
A escola é um lugar ideal para que ocorra o aprendizado do aluno, no entanto é necessário que seus profissionais estejam aptos para que este processo de ensino-aprendizagem ocorra de forma satisfatória. Acredito, assim como a autora, que para que haja um aprendizado significativo ao aluno, o professor precisa agir como facilitador entre a aprendizagem e o aluno. Para isto é necessário que o professor seja criativo e ao escolher os conteúdos a serem ensinados, tenha a preocupação em que estes conteúdos estejam de acordo com o contexto do aluno e que também lhes sejam significativos. É importante também que em cada proposta educativa haja possibilidade de fazer o aluno pensar, refletir, comparar, para que assim ele também seja autor do seu próprio conhecimento.
26/03/2008 20:04:49


14 Luana Marina Hofmeister. - Lorena
O artigo demostra a importância da alfabetização,quanto a função do professor em auxiliar os alunos no processo de prestar atenção/analisar/refletir sobre o significado dos textos, através dos quais será inserido no mundo letrado e, consequentemente, alfabetizado. Um indivíduo para ser plenamente letrado,esse deve ser capaz de atuar com êxito nas mais diversas situações de uso da língua escrita.
26/03/2008 20:00:47


15 Eugênia - Cachoeira Paulista
O texto Alfabetizar tetrando, nos indica o caminho da reflexão em tudo que fazemos, partindo do todo para a parte, ou seja, aproveitamos o conhecimento prévio do educando para fazer um leitura de mundo e assim a interpretação do objeto que está no foco no estudo.
26/03/2008 19:52:47


16 Luana Marina Hofmeister. - Lorena
O artigo demostra a importância da alfabetização,quanto a funçaõ do professor em auxiliar os alunos no processo de prestar atenção/analisar/refletir sobre os sons sonoros e escritos das palavras. Um indivíduo para ser plenamente alfabetizado,esse deve ser capaz de atuar com êxito nas mais diversas situações de uso da língua escrita, para que isso ocorra o processo de alfabetização de crianças, deve ocorrer durante toda a sua escolariedade, tendo início antes dessa mesma ingressar no ambiente escolar.
26/03/2008 19:50:05


17 Clebiana Fernandes da Silva - Lorena
O texto é bem interessante, pois apresenta "novas" propostas de alfabetização e pelo que podemos analisar na realidade educacional de hoje, ainda não são bem entendidas principalmente pelos próprios educadores. Acredito que a alfabetização como diz o texto é um processo que abrange não só métodos tradicionais como cópia e memorização, mas abrange também todo conhecimento prévio da criança e suas habilidades. O artigo valoriza o manuseio de diversos gêneros textuais pela criança oferecendo-lhe assim um mundo letrado, onde a mesma terá contato com palavras e letras, sendo que o professor deve ser o orientador nesse caminho de letramento da criança. Acredito que essa nova tendência apresentada no texto, nos traz novos caminhos na busca de uma educação com mais qualidade.
26/03/2008 19:49:50


18 VALÉRIA ALVES DE OLIVEIRA SANTOS - GUARATINGUETA
Acredito que as novas proposta educacionais referentes a alfabetização são recursos de grande valia para nossos educandos já que nos ultimos anos estes vem apresentando uma defasagem alarmante.Porém me incomoda muito, observar as constantes criticas aos antigos métodos de alfabetização , acredito que o problema não esta unicamente no método mas sim em alguns educadores que tornaram-se obsoletos e repetitivos.Somos conscientes de que estamos participando de uma geração de mudanças rapidas e constantes e todos os recursos disponiveis devem ser aproveitados já que nem todos os educadores e instituições de ensino dispoem dos recursos das novas praticas pedagogicas. Estamos vivenciando um momento historico em que uma quantidade surpreendente de estimulos estão presentes em nosso dia a dia e muitas vezes não sabemos aproveita-los acho que o momento é de maior coscientização do que de discussão
26/03/2008 19:37:39


19 Gislene Coelho Costa - Guaratinguetá
O artigo demostra a importância do significado em tudo o que a criança faz na escola, não somente na área da alfabetização inicial mas em todo o percurso acadêmico. É claro que tudo o que nos surpreende, inquieta, inspira, fazendo parte do que vivemos ou nos interessamos vai ser registrado com maior eficiência pela nossa memória e, consequentemente apreendemos muito mais rápido e com qualidade. Porém, as atividades de fixação também constituem uma ferramenta segura para nos assegurarmos de que o aprendizado aconteceu, desde que sejam reflexivas e inteligentes. Sendo assim, penso que a junção do analítico e do sintético , começando o letramento pelo global, não " faz mal a ninguém".
26/03/2008 19:36:16


20 lUCIMARA fERREIRA sILVERIO - Piquete
O professor deve orientar e conduzir o aluno, desde sua iniciaçao na escola, ter a paciencia e a dedicaçao de orientar e conduzir a cada criança, ajudá-lo a refletir sobre seu potencial e todo seu desenvolvimento. Deve preparar uma aula estimulada e criativa para todos seus alunos, principalmente as de iniciaçoes básicas,para que a criança se interesse desde o inicio, para que goste da escola desde a infancia. O professor destas crianças devem tratá-los com muito carinho e amor. O professor deverá se capacitar para poder a cada dia cuidar de seus alunos, e sua formaçao deve ser constante, buscando se capacitar a cada dia.
26/03/2008 19:35:37


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